O filme, dirigido por Thea Sharrock, transporta o público para a cidade litorânea inglesa de Littlehampton, após a primeira guerra mundial. A trama gira em torno de Edith Swan (interpretada por Olivia Colman), uma mulher profundamente conservadora e local de Littlehampton, e Rose Gooding (interpretada por Jessie Buckley), uma migrante irlandesa turbulenta e vizinha de Edith.
Edith começa a receber cartas perversas e obscenas, que são hilariantes e perturbadoras. As cartas anônimas provocam um alvoroço nacional, e Rose é acusada injustamente. O julgamento de Rose ameaça sua guarda da filha. No entanto, as mulheres da cidade, lideradas pela policial Gladys Moss (interpretada por Anjana Vasan), decidem investigar o crime por conta própria. Elas suspeitam que algo está errado e que Rose pode não ser a culpada. A união das mulheres se torna crucial para desvendar esse mistério e combater a desinformação.
O filme aborda temas relevantes, como misoginia e machismo, através das cartas obscenas e da acusação injusta contra Rose. Além disso, explora a desinformação e suas consequências danosas. A hipocrisia do conservadorismo religioso também é questionada, especialmente na figura da personagem de Olivia Colman que entrega uma atuação bem divertida.
Os homens no filme em geral são caricatos e contam com falas absurdas escancarando os seus preconceitos como realmente são: frágeis, hipócritas, sem lógica. Menos o personagem de Malachi Kirby, Bill, par romântico de Rose que é cuidadoso, ajuda na criação de uma filha que não é dele, a defende contra os rumores maldosos. Porém, em nenhum momento é abordado com profundidade para sabermos o que o faz diferente de todos os outros homens apresentados no filme.
O filme conta com um excelente design de produção, não precisando fazer super e grandiosos cenários para nos levar até a época sugerida e suas implicações. E conta com uma montagem bem dinâmica que não deixa o filme cair no tédio nenhuma vez. O enredo é baseado em uma história real e mostra o que a sociedade esperava (e espera) de um comportamento ideal de uma mulher.
Elas são podadas sobre suas profissões, seu falar, sua expressão de ser, atividades para seu próprio prazer e diversão, tem uma religião sendo imposta o tempo todo que diz o que pode ser moral e amoral. E claro que a régua sobre a moralidade é sempre mais flexível pra quem tem pênis.
“Pequenas Cartas Obscenas” é uma obra que vai além da comédia e mistério, mergulhando nas complexidades sociais e emocionais de uma sociedade extremamente patriarcal. O filme estreia dia 25 de julho nos cinemas.