A segunda temporada de Loki não apenas trouxe à tona a complexidade do multiverso, mas também ofereceu um final explosivo que deixou os fãs perplexos. Vamos aprofundar-nos nos eventos finais, destacando os momentos cruciais e as implicações que moldarão (ou não) o futuro do Universo Cinematográfico da Marvel.
(Atenção, o texto a seguir contém possíveis spoilers para quem não assistiu a série)
Tom Hiddleston mais uma vez entregou uma performance magistral como Loki, mas a verdadeira surpresa foi a introdução de OB, interpretado brilhantemente por Ke Huy Quan. Sua ligação com as origens da AVT e suas complexas conexões com Victor Timely (Jonathan Majors) adicionaram uma camada fascinante à trama. A referência a Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e o sucesso de Quan no Oscar trouxeram uma dimensão extra ao personagem, tornando-o uma adição memorável. Jonathan Majors, que desempenhou papéis multifacetados como Aquele Que Permanece, Kang o Conquistador e Victor Timely, impressionou com sua versatilidade. No entanto, as recentes acusações contra o ator podem impactar os planos da Marvel para o vilão principal desta fase, levando a possíveis ajustes nas futuras produções.
Quanto a OB, acrescento o detalhe genial que é seu nome ser Ouroboros, uma referência a cobra mitológica que morde o próprio rabo. A brincadeira do nome não só é uma referência ao trabalho de OB ter sido inspirado no trabalho de Victor Timely que por sua vez se inspirou no de OB, mas o episódio final da série também ter o mesmo título do episódio inicial da série Glorioso Propósito, assim fechando o ciclo de Ouroboros que a série remete.
A segunda temporada aprofundou-se nas origens dos personagens da AVT, revelando Mobius T. Mobius (Owen Wilson) como um sonhador vendedor de jetski, fechando com os indícios em seus comentários na primeira temporad; Casey como um prisioneiro de Alcatraz, o que relaciona muito bem com as lendas sobre os testes com viagem no tempo na prisão, e OB como um escritor e cientista, muito provavelmente quem realmente criou a AVT, mas que foi tomada por Aquele Que Permanece, que apagou suas memórias; o mesmo para a revelação da transformação de Ravonna Renslayer de General dos exércitos D’Aquele Que Permanece para a líder da AVT, com suas memórias apagadas e a criação da Senhora Minutos como uma simples IA criada por Victor Timely ao total complexo sistema de segurança vivo da AVT edipamente apaixonada por seu criador.
No entanto, a única coisa que me deixa a impressão de que foi largado de lado é o mistério em torno da origem do evento nexus que gerou Sylvie (Sophia Di Martino). Aliás, é deixada a impressão de que a personagem não retornaria nesta temporada, por muitas vezes ela aparece completamente perdida na trama e que ficaria melhor mesmo se ela concluísse seu arco tendo uma vida pacata trabalhando como uma pessoa normal, sossegando após séculos sendo caçada, sem precisar retornar a trama complexa de salvar o Multiverso, mas a necessidade de trazer de volta a atriz como elenco fixo a incluiu de forma preguiçosa e desnecessária até o fim.
Ao contrário de um confronto épico, a temporada encerrou-se com uma resolução inteligente. Loki, ao se tornar o centro de toda a trama da Autoridade de Variação Temporal, assumiu a responsabilidade de doar sua vida para sustentar um multiverso em constante expansão. A decisão de proteger a vida, em vez de eliminá-la, trouxe uma reviravolta emocional e definiu o tipo de deus que Loki aspirava ser. A mudança na missão da AVT, de podar ramificações para proteger o multiverso, estabelece as bases para eventos futuros, como a aguardada saga das Guerras Secretas. Enquanto Loki promete intervir de forma multiversal no Universo Marvel, sua segunda temporada destaca-se por não depender de personagens externos. A série cria um mundo próprio, uma narrativa coesa e emocionante, distanciando-se de amarras e elevando-se como uma obra singular e impecável.
Além do enredo intrigante e performances estelares, a segunda temporada de Loki se destaca por sua qualidade visual e auditiva, elevando o patamar das produções recentes do MCU. A direção de arte e a fotografia são fascinantes, criando um mundo visualmente envolvente e dinâmico. Os cenários cósmicos e os efeitos especiais de alta qualidade contribuem para uma experiência imersiva. A trilha sonora, por sua vez, é um componente assombroso que permanece na mente dos espectadores muito tempo depois do término de cada episódio. A música não apenas acompanha a ação, mas também amplifica as emoções, tornando-se um elemento integral da experiência.
Os diretores Justin Benson & Aaron Moorhead merecem aplausos pela maneira como conduziram a série. Sua abordagem única à ficção científica, com foco em viagem no tempo, trouxe uma profundidade surpreendente à narrativa remetendo muito ao seriado recente de sucesso DARK, da Netflix. A notícia de que estarão envolvidos na próxima série Daredevil: Born Again é promissora, sugerindo que a qualidade excepcional que vimos em Loki será uma constante em futuros projetos.
Eric Martin, o brilhante roteirista por trás da temporada, merece todos os elogios. Sua habilidade em contar uma história sem deixar furos é notável, proporcionando uma narrativa coesa e cativante do início ao fim. O fato de ser um ávido fã de mitologia nórdica adiciona uma camada adicional de autenticidade à série. As referências sutis, como a cena em que Loki corta o cabelo de Sif na primeira temporada e as menções a Balder na segunda, e a alusão Yggrdasil no final, demonstram não apenas um conhecimento profundo da mitologia, mas também um respeito pela rica história dos personagens. Coisa que gostaríamos de ter visto mais nos filmes do Thor.
Em resumo, a segunda temporada de Loki não é apenas uma narrativa de ficção científica envolvente, é uma obra de arte cinematográfica que se destaca não apenas pela grandiosidade visual, mas também pela excelência na composição musical e narrativa. Com uma equipe talentosa e dedicada, Loki continua a estabelecer novos padrões para as produções do MCU, trazendo de volta uma esperança e até mesmo uma nostalgia sobre quando era legal de assistir algo realmente envolvente da Marvel Studios.