O filme The Batman foi o primeiro passo para o Batman Epic Crime Saga, que será composto por uma trilogia de filmes com alguns spin-offs. O primeiro desses é a minissérie voltada para Oswald Cobblepot, personagem que fez parte da narrativa do primeiro longa dirigido por Matt Reeves, idealizador deste universo.
Pinguim tem 8 episódios lançados semanalmente pelo serviço de streaming Max, além da transmissão simultânea no canal de TV a cabo HBO. O primeiro episódio foi exibido em 9 de setembro, e a series finale ocorreu em 10 de novembro.
O elenco conta com Colin Farrell como o personagem-título, Cristin Milioti (Sofia Falcone), Rhenzy Feliz (Victor Aguilar), Deirdre O’Connell (Francis Cobblepot) e Theo Rossi (Dr. Rush), além das participações de Clancy Brown (Salvatore Maroni) e Mark Strong, que interpreta Carmine Falcone, papel realizado por John Turturro em The Batman.
A história explora a ascensão de Oswald Cobblepot, o Pinguim, um funcionário de uma das maiores famílias mafiosas de Gotham City, envolvido no submundo do crime e da corrupção. Durante a série, conhecemos a vida de Oswald antes de ele se tornar um grande vilão, quando ainda era um “ninguém desfigurado” ajudando Carmine Falcone em seus trabalhos sujos. Mesmo que ainda não seja levado a sério como figura relevante no cenário criminoso da cidade, o Pinguim já demonstra um lado violento e impulsivo que ganha força à medida que ele vê oportunidades de chegar ao topo.
Considerando a quantidade imensa de séries que tive o prazer (ou não) de assistir, Pinguim se destaca amplamente por diversos fatores positivos, sendo o principal a qualidade de produção, que beira o cinematográfico.
Os aspectos técnicos, como direção, figurino e fotografia, são excelentes e mantêm a estética estabelecida em The Batman, transmitindo uma sensação de continuidade que impressiona, considerando a diferença de tempo entre o lançamento das duas produções. A série reconecta de forma sólida essa narrativa.
As atuações de Cristin Milioti e Colin Farrell são dignas de prêmio, impactantes ao ponto de expressarem as nuances de seus personagens de forma tão crível que é possível se questionar de que lado estaríamos nessa guerra. Ainda é possível destacar Deirdre O’Connell e Rhenzy Feliz, que atuam como personagens de apoio fundamentais para tornar o aspecto emocional dos protagonistas ainda mais complexo.
A história constrói a personalidade do protagonista com camadas emocionais e sociais, usando flashbacks da infância de Oswald enquanto desenvolve os acontecimentos no presente, explicando bem suas motivações e atitudes. Essa jornada acaba formando um Pinguim que usa suas habilidades sociais para conquistar a confiança de todos à sua volta até colocá-los em uma posição de que possa tirar proveito, inclusive utilizando um discurso populista, o famoso “homem do povo”, para conquistar a lealdade daqueles com origens semelhantes à sua, mesmo usando muitos deles como escudo para proteger sua própria vida.
Por outro lado, Sofia também tem uma construção que parte de seu sofrimento, como uma mulher em um ambiente familiar misógino e aprisionada no Arkham, um hospital psiquiátrico que ignora completamente o cuidado, respeito e humanização dos pacientes, servindo apenas como um local de tortura e humilhação física e psicológica.
Importante ressaltar que em nenhum momento a série busca romantizar os atos desses personagens. Pelo contrário, toda a obra mostra como muitos acabam se tornando produtos da violência em uma cidade com um sistema tão corrupto quanto Gotham que, convenhamos, poderia ser qualquer cidade do nosso país ou do mundo.
Talvez algumas pessoas considerem um ponto negativo a ausência de menções ao Batman ou até de sua própria presença. No entanto, acredito que um dos maiores acertos desta produção é não usar a figura do homem-morcego como isca para atrair espectadores, mencionando a todo momento que ele estaria observando tudo e prestes a intervir, algo que nunca aconteceria. Esta é uma história sobre o Pinguim, e não deixá-lo ser coadjuvante em sua própria narrativa mostra o quanto o universo do Cruzado Encapuzado tem a oferecer, indo além de seu personagem central.
Cada episódio da minissérie traz alguma surpresa ou reviravolta, tornando toda a experiência envolvente e instigante em relação ao destino dos personagens, mantendo a tensão até os momentos finais do episódio de encerramento.
Considero Pinguim a melhor série deste ano que teve tantas boas produções e novas temporadas. Isso só reforça a qualidade da produção e gera expectativa e curiosidade sobre qual será o próximo passo dentro deste excelente universo.