Dirigido por Peter Winther, com roteiro do próprio e Dakota Gorman, um jovem casal em crise no relacionamento decide tentar um recomeço se mudando para uma nova residência. Após essa mudança notam coisas estranhas acontecendo em suas vidas.
O início da película lhe dá bastante esperança de algo fora da comum. Sua construção no primeiro ato é bem focada na dinâmica do casal, a vida de cada um no particular e nos personagens de apoio. Essa construção é muito importante para posteriormente lhe dar a aflição de possíveis escolhas e rumos tomados pela obra.
De maneira direta, aviso sobre a decadência pós início do segundo ato. Durante o desenvolvimento da trama, os clichês chegam com força total, lhe tirando aquela sensação de imprevisibilidade e trazendo o famoso “sabia que isso ia acontecer”. Apesar da construção ser boa, você certamente já saberá os acontecimentos futuros.
O resultado disso é a falta de recompensa ao assistir o filme. Logo, ver até o final será mais um sentimento de querer saber se você acertou nas previsões ao se interessar por como irá terminar. Inacreditavelmente toda essa “saga” – assistir tudo – será ruim, mas refletindo sobre o momento final, a cena de encerramento, o filme pode lhe dar um final positivo.
Com um desenvolvimento mediano e um bom clima pré-susto, mesmo sendo previsíveis, Mudança Mortal tem algo bom, entregue de forma mais ou menos. Seguindo o padrão Netflix – precisamos de quantidade, de qualidade nem tanto – a adaptação enquadra-se no mar de produções com qualidade questionáveis da plataforma.
Nem mesmo o carisma dos atores principais Ashley Greene, Alice Cullen em A Saga Crepúsculo, e Shawn Ashmore, Homem de Gelo em X-Men, são suficientes para lhe manter focado. Eles não possuem erros em suas interpretações, mas o roteiro é tão esdrúxulo que nem isso bastará para você levar esse filme a sério. Curiosamente, isso é algo proposto pela própria película (“me levem a sério!”)
Um breve exemplo: barulhos acontecem na casa, a personagem nota a estranheza, a música muda e gradativamente vai aumentando. Um objeto muda de lugar e ela encontra-se sozinha. O senso de perigo surge, o desconforto domina, ela olha a porta de saída e caminha em sua direção. Você pensa “isso, saia da casa”. Ao chegar na porta ela a tranca e volta pro meio da sala olhando ao redor com medo.
Além dessa atitude não ter sentido, nota-se o esforço do roteiro em mantê-la naquele local só para algo posterior acontecer. Nesse momento, nesse breve momento, o filme lhe escapa. Ele se perde. Daí para frente é uma sucessão de escolhas erradas. A frase “por que você fez isso?” fica cada vez mais frequente na sua cabeça
Infelizmente algo proposto para lhe entreter vira uma tortura por conta das escolhas duvidosas dos personagens. Do meio do segundo ato para frente, acompanhar o longa se torna uma questão de resistência, pois já sabe-se o resultado das ações (clichês). Tirando isso, o que lhe mantém assistindo o longa? Nada. Talvez a curiosidade de como acabará… quem sabe.
Mudança Mortal é aquele tipo de filme que há boa premissa, boa introdução, mas depois não sabe mais como manejar todo esse material. Aparentemente o fato de ter sido inspirada em uma história real foi suficiente para Netflix animar-se com a produção desse filme, entretanto o resultado final não foi dos melhores.
Se você não busca tanta coesão e procura apenas um filminho para assistir, pode ser que o longa agrade e até mesmo seja bom. Com relação aos sustos, bom; eles são monótonos. Bem monótonos mesmo, mas sua construção é legal. Totalmente contraditório, ne? Eu sei.
Mudança Mortal encontra-se disponível no streaming da Netflix.