Muitas gerações após a morte de César, um jovem chimpanzé precisará embarcar numa jornada que o levará a questionar tudo o que sabia sobre o passado e a fazer escolhas que definirão um novo futuro.
Wes Ball (trilogia Maze Runner) comanda a direção do novo capítulo da franquia Planeta dos Macacos e não deixa cair a tocha passada por Matt Reeves. A nova história é a oportunidade perfeita para abrir o debate sobre como ideais são passados adiante através das gerações e as palavras acabam deturpadas no processo.
A história agora é sobre Noa (Owen Teague), o jovem membro de um clã que não descende do de César, composto somente por chimpanzés que adotaram a cultura da falcoaria. Quando o jovem atinge a maturidade, ele deve buscar ovos de águia dos ninhos mais altos para sua cerimônia de vínculo com a ave. Toda a escalada à procura dos ovos tem uma vibe bem Avatar (2009) e a sequência é de tirar o fôlego, tanto pelo visual lindo da cidade coberta por natureza quanto pelo uso certeiro da vertigem que se sente por estar pendurado em prédios altíssimos que estão caindo aos pedaços. Wes desde o primeiro Maze Runner mostrou que sabia usar a escala de arredores imensos e aqui isso se repete. A sensação é a de estar jogando Uncharted nos cenários de The Last Of Us: Parte 2.
Um ataque cruel por soldados primatas forasteiros colocará Noa em rota de colisão com um reinado que está sendo formado por outro chimpanzé autointitulado Proximus Caesar (“O próximo César”, interpretado por Kevin Durand) que deturpa a idéia de que “primatas unidos são fortes” em prol de sua busca pela aniquilação humana. Pense mais na complexidade de Thanos do que na simplicidade de Koba (vilão de Planeta dos Macacos: O Confronto). No caminho, ele conhece Raka (Peter Macon), um orangotango que dedica sua vida ao ensino das palavras do César original e busca entender a afeição que ele possuía pelos humanos. Nisso se junta a eles uma jovem humana que está sendo perseguida pelos soldados de Proximus. Ela é peça chave da história, portanto não vou entrar em detalhes, mas devo dizer que o roteiro cumpre muito bem seu papel de manter sua origem um mistério até sua revelação.
Apesar de possuir vínculos diretos com o passado, estamos no início de uma potencial nova trilogia que não perde em nada para a anterior. Por se passar num futuro bem distante, a sensação de um filme de fantasia é intensificada. Mais do que nunca senti a vontade de jogar como um jovem primata, entrando em comunhão com a natureza, defendendo seu clã e combatendo diferentes primatas como “chefes de fase” – Disney, nunca te pedi nada. Wes traz leveza sem perder a carga dramática da história de César. É realmente um filme de aventura e mistério. Quanto menos souber sobre o que acontece após a chegada de Noa à fortaleza de Proximus, melhor. Uma recomendação final: assista – antes ou depois – o Planeta dos Macacos original de 1968, pois estamos oficialmente a caminho deste futuro.