O filme A Pequena Sereia (2023) foi muito questionado na internet pela escolha da atriz Halle Bailey e a crítica não era exatamente por suas habilidades, era pela sua cor de pele, o clássico racismo. “Como pode uma sereia negra?”. Como pode um ser mitológico que nem existe não poder ter qualquer cor de pele? Pois é, eu sinto que esse filme teve que lidar com muita expectativa do público e por isso não conseguiu inovar muito.
Logo de início eu já estranhei o 3D esquisitíssimo, mas sinto que vai melhorando conforme o filme. O visual em geral é bem legal, tem momentos com muitas cores e isso me alegrou. Primeiro vamos falar da comparação com o desenho da Disney do qual esse foi adaptado…
Quem é muito fã do desenho da Disney não vai se decepcionar muito, o filme traz uma adaptação direta live-action de muitos momentos marcantes do desenho, músicas clássicas como “Under the Sea” e “Part of Your World” estão no filme. Como um filme musical, não espere algo diferente, TEM MUITA MÚSICA. A trilha sonora foi composta por Alan Menken, o mesmo compositor de “Desencantada” e “Aladdin” (2019). Eu gostei de várias adaptações e de algumas músicas novas. Clipes dos momentos em que tocam a música “Under the Sea” e “Kiss the Girl” são bem bonitos e valem o filme.
Não foi só a Ariel que mudou de visual. Questionaram o visual mais realista de Linguado, Sebastião e Sabidona (no desenho era Sabidão). Eu gostei do visual realista, fiquei com medo que isso fizesse perder a emoção como aconteceu em O Rei Leão (2019), mas conseguiram fazer os personagens manter a simpatia do desenho. Especialmente Sebastião que para mim é a estrela do filme, achei ele muito simpático e divertido. Melissa McCarthy entregou como Úrsula, mas acho que poderia ter mais personalidade. E o príncipe é aquilo né, nunca se espera muito de um homem branco jovem, mas ele é até bem simpático e um pouco mais interessante do que o desenho construía.
Enfim, Ariel que é interpretada por Halle Bailey e foi a personagem mais criticada antes do filme acontecer… é… uma ótima cantora com certeza e como a personagem fica muda boa parte do final, ela não precisou atuar tanto… então, OK. Uma pena a personagem continuar um pouco sem graça, mas gostei de como desenvolveram melhor a motivação dela para ela querer pernas e não é só pelo “macho”, mas ainda sim é também pelo “macho”…
O filme tem um foco legal na relação de pai e filha entre Ariel e Tritão (Javier Barden). Desde o começo mostra o fascínio de Ariel com o mundo humano, a coleção de objetos que recolhia de navios naufragados, o tanto que busca e procura saber sobre o mundo que nunca viu. Ela é corajosa e distraída, ou seja, o terror de todos os pais. Ele tenta controlar ela, mas não consegue. Um certo dia ela salva o príncipe de um outro naufrágio e ele fica encantado com a voz dela sem conseguir ver seu rosto no breve momento. Ariel foge e volta para o fundo do mar até que encontra Úrsula (Melissa McCarthy) e é praticamente enganada, mas finalmente tem a oportunidade de conhecer o mundo humano só que sem a voz que lhe foi roubada. Ariel é acolhida no castelo e faz amizade e se aproxima do príncipe Eric (Jonah Hauer-King). Aí começa o romance e os conflitos. O pai e as irmãs começam a procurar Ariel enquanto ela está vivendo um romance sem se preocupar com nada. Por falar nisso, as outras filhas de Tritão mal aparecem… E isso não choca ninguém.
Como eu disse, é certamente uma adaptação. Para quem gosta do desenho talvez curta a adaptação, para quem esperava algo diferente não vai encontrar, mas talvez se divirta como eu me diverti em alguns momentos. E apesar da minha crítica, esse filme é extremamente importante pela representação. Que sabor ter uma princesa que não é branca, aqueles vídeos de reações de crianças pretas assistindo o primeiro trailer fez meu dia várias vezes. Isso é importante demais. Obrigada, Halle.
Confira o trailer abaixo: