É muito bom ser fã de Terror nesse momento e vou explicar o porquê durante essa crítica. Por curiosidade, estamos no processo de transição da “Teoria dos 30 anos”, que nada mais é que um momento onde recuperamos ideias e estilos da cultura popular de 30 anos antes do qual estamos. E essa teoria ganhou muita visibilidade no momento em que os anos 80 foram influentes, principalmente na música, durante a pandemia de 2020. Portanto, agora, estamos entrando na fase de influência dos anos 90 para os anos 2000.
Por que estou falando disso? Porque assim como Sam Raimi fez em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Parker Finn enaltece o terror da década de 90 em Sorria. O enredo conta como a vida da Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon) muda, depois da morte brutal e traumática de uma paciente que ela presencia. A partir disso, ela começa a ter conturbações inexplicáveis no seu dia a dia, mas que de alguma forma, tem relação com a morte que presenciou. Atrás de respostas, Rose começa a buscar a origem de tudo isso e as coisas vão se tornando cada vez mais bizarras.
A composição das cenas e a fotografia são o principal ponto de partida que Finn usou para cativar o espectador. O formato clássico, com movimentos lentos de câmera e um dos mais geniais, com o público se tornando um espectador onisciente do filme. É notável, de que as cores são muito harmônicas, principalmente em cenários que retratam o hospital psiquiátrico, onde podemos reparar cores e elementos que trazem tranquilidade. Em contrapartida, o formato em que se foi gravado é proposital o desconforto que causa, assim como a presença de cenas viradas em 180º. Além disso, a trilha sonora impecável composta por Cristobal Tapia de Vir, soma para um clímax de insanidade proposto com silêncios ensurdecedores e notas altas propositais para o susto, que não é algo extremamente forçado.
O terror da trama está mergulhado no psicológico, que foi o tema em destaque. Assim como Raimi, já citado acima, Finn resolveu tratar de traumas nesse roteiro, mas não de forma segura e delicada, sim para causar náuseas e choque. Pode-se afirmar, que mesmo não sendo o grande espetáculo de horror de 2022, ganha pontos por esse quesito, sem conseguir decidir se são negativos ou positivos. Resumindo, as cenas não são para qualquer tipo de espectador, muitas delas parecem sair do lado mais profundo da web, me lembrando de produções do gênero como Centopeia Humana.
Por fim, se estiver disposto, assista! Para fãs das produções do estúdio A24, como Hereditário, então estamos falando de mais um filme surpreendente pela sua parte técnica. Com pouco desenvolvimento em sua história, porém ainda assim ganha pela atuação de seus principais personagens e seu jeitinho único de tirar suspiros de surpresa. O filme conta com a participação do nosso querido Trem-Bala de The Boys, Jessie Usher, que se torna um grande alívio cômico com seu carisma. Mas não se deixe enganar por isso, pois o ápice real é a maneira que Sosie Bacon consegue passar sua instabilidade aumentando em cada dia que passa. Confira o trailer arrepiante abaixo:
Sorria estreia nos cinemas nessa quinta-feira, dia 29 de Setembro, distribuído pela Paramount Pictures.