Fiquei uma semana para escrever a crítica de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald. Por quê? Bem, primeiro que o filme divide muita opinião. Segundo, que é tanta informação que eu não sei nem por onde começar.
Vou começar descrevendo o filme. Para quem não sabe – se é que alguém ainda não sabe – o filme se passa no universo Harry Pottercriado por J. K. Rowling e é roteirizado pela própria, servindo de sequência de Animais Fantásticos e onde Habitam que apresenta Newt Scamander – Stephen Hawking andando pra lá e pra cá Eddie Redmayne – e sua turma caçando pokémon aprontando altas confusões na Nova York de 1926.
(Atenção! Aqui começam os spoilers – revelações de enredo)
Agora, seis meses após a MACUSA prender o vilão Herbert Richard Gellert Grindelwald – mais conhecido como Johnny Depp, – ele deve ser transferido via Testrálio-POP para a Corte Internacional dos Bruxos, na Inglaterra. Uma decisão questionável de se pensar, logo que você tem um terrorista sob as mãos do ministério americano que tem pena de morte e já julgou a execução por muito menos, mas quem sou eu para questionar as Relações Internacionais dos bruxos, não é? – Lógico, se não, não teria filme. E numa sequência de outras decisões estúpidas onde ninguém verificou se existia a possibilidade de alguém ter trocado de rosto, visto que é uma magia tão comum nos filmes, o vilão troca com um guarda e se liberta, é claro, só para causar um show-off, uma chuva de bruxos no céu de Nova York.
Três meses depois dos eventos, o filme volta a aquela barriga de comédia romântica do primeiro, onde tem dois casais que fazem você se perguntar o óbvio – por que Eddie e Tina – Katherine Waterson – se gostam e por que ela tem ciúme deste com Leta Lestrange – Zoe Kravitz – que é amiga dele de infância, sendo que Tina mal o conhece e só o viu uma vez; por que a Harley Queenie – Alison Sudol – é tão loucamente apaixonada pelo Jacob Kowalski – Dan Fogler; – e por que ele, que é o único não-mágico do elenco, é o único gordo, sendo que ele é o único que se movimenta para pegar objetos que todos os bruxos usam magia para alcançar? Não era para o mundo bruxo ser uma nação de obesos? Daí, para alimentar a trama romântica dos dois casais, mas com tempo menor ainda de desenvolvimento, porque uma história de guerra precisa ser contada, Tina sofre por achar que Scamander estava noivo de Leta, porque viu no jornal, sendo que na verdade era seu irmão Theseus – Callum Turner – e Queenie, que pediu Jacob em casamento e este por alguns segundos relutou, decidiu controlá-lo com feitiço de amor, é lógico – quem nunca? No fundo, pensando bem, o filme é uma metáfora para relacionamento conjugal.
Tina, que agora deixou de ser uma aurora fofinha para ser uma aurora fofinha fazendo cara de mal, vai a Paris atrás do paradeiro de Aurélio Dumbledore Credence – Ezra Miller – que aparentemente está vivo e sendo caçado a fim de deter ou abusar de seu poder. Eddie é convidado para caçar Credence, e podendo aproveitar a oportunidade para ir atrás do jovem e protegê-lo, deseja recusar e dar a chance para um caçador de bruxos que claramente todo o Ministério odeia e que todo mundo sabe como é sádico e com intenções ruins, mas que ninguém desconfia que ele pode agir por interesse do antagonista – que é o de apagar pistas sobre o passado, necessariamente causando ainda mais trauma ao jovem. Então, numa corrida por amor, todo o elenco vai para Paris numa jornada pelo background do jovem obscurial, onde acaba desnecessariamente revelando mais sobre o passado de Leta – que aliás, gostei de ela lembrar bastante as ilustrações da Hermione negra, – que não acrescentará em nada a franquia, mas pelo menos nos serviu para nos lembrarmos de Hogwarts e vermos momentos em que o jovem Alvo Dumbledore – Jude Law – ainda era professor e, por algum motivo, o bruxo mais temido de todo o Reino Unido, que todos desconfiam ser aquele Mestre dos Magos que manda o protagonista em suas missões sem explicar muito, só para resolver problemas que ele mesmo criou, tal como fará no futuro com o jovem Harry Potter.
É aí que o filme entra numa sequência de ação, com cada vez menos participação das criaturas fantásticas e os personagens do primeiro filme, e cada vez mais importância para a trama mal-resolvida entre Dumbledore e Grindelwald, apesar do filme ainda se chamar Animais Fantásticos, justificando tudo no final por uma ação do Pelúcio, que foi o único que tomou uma decisão certa durante todo o roteiro. Mas é claro, as sequências são muito boas, com explosão, carro e mulherio magias de encher os olhos, e de encher a sala também – inclusive, recomendo muito assistir em 3-D IMAX do UCI, pois está muito bem trabalhado! O ritmo continua bom e gostoso de assistir, lembrando muito a sensação que tínhamos ao ver os últimos filmes de Harry Potter, é claro, pois ainda compartilha da direção de David Yates, e o roteiro da criadora J. K. Rowling, como eu disse no início, mas que não parece ter muita liberdade criativa, visto que o filme traz muitos e muitos furos, desobedecendo regras até mesmo do universo de criação da própria. Fica bem claro, que houve ação de produtores sobre o texto revisado, para amenizar algumas complexidades e justificar alguns interesses puramente cinemáticos e financeiros, a não ser na alusão histórica, que praticamente satiriza a tendência fascista em constante crescimento atualmente e seus líderes de movimento com os discursos populistas de Grindelwald.
O filme vai dividir bastante a opinião pública, como eu disse no começo. Aalguns vão amar, outros vão odiar – vai ser o Star Wars: Os Últimos Jedi do universo Harry Potter, – principalmente porque traz informação demais para um filme só, logo que é um filme de transição, mas com muitas teorias confirmadas, outras negadas, e novas sugeridas, além de uma história carregada de subtramas explicadas até demais para quem não permanecerá na franquia, e perder menos tempo trabalhando no que realmente importa para a sequência e para o filme como um todo. Caso, você consiga abstrair de toda confusão e fanservice ao universo já construído da saga, talvez você consiga aproveitar o filme e se divertir no cinema, para depois refletir melhor, é claro, pois, para o interesse do estúdio, a franquia Animais Fantásticos é um golpe caça-níquel – e nisso faz desde o início muito bem – que claramente vai levar tudo a ligar com o universo de Harry Potter terminando a saga na infância de Tom Riddle, principalmente pela ligação da personagem Nagini, que não tem outra função no filme a não ser esta.
O filme já está nos cinemas de todo o Brasil.