Crítica | “The Car” e a melancólica orquestra de Alex Turner

É inegável que Arctic Monkeys nunca mais será a mesma banda inglesa em que fazia seus fãs estremecerem com seu rock explosivo. Sua mudança drástica é dita por Alex Turner, “Mas agora, a orquestra cercou à todos nós e eu não consigo, nem pela minha vida, lembrar como era”, que definitivamente não tem a menor pretensão de agradar ao público que anseia pelo retorno de uma banda mais agressiva musicalmente.

Com produção de James Ford e maravilhosos arranjos de Bridget Samuels e Tom Rowley, “The Car” nada mais é que uma continuação expansiva de Tranquility Base Hotel & Casino, porém com uma técnica instrumental mais complexa, quase tátil, mostrando que a banda evoluiu absurdamente de um álbum para outro. Seus arranjos sinfônicos nos deixam numa corda bamba entre admirar as técnicas usadas e o sentimento de monotonia em algumas faixas como a de título do álbum.

O corpo do disco é texturizado nas influências de funk e soul presentes em “I Ain’t Quite Where I Think I Am” e a orquestra progressiva em “Body Paint”. Ao mesmo tempo, consegue trazer a sensação de trilha sonora dramática de um sci-fi/espionagem (alô James Bond) em “Sculptures Of Anything Goes” ou até mesmo em “Mr Schwatz”.

Assim como na capa, feita por um clique do baterista Matt Helders, a parte lírica do álbum remete ao ar de solidão e uma reflexão dos dramas da vida adulta, fincando de vez seus pés na terra, bem distante das composições viajadas de TBHC. A sensação contida presente, remete a um processo meio que terapêutico para o vocalista que compôs todas as 10 faixas.

O álbum é rico em arranjos instrumentais fascinantes, porém há pouca entrega vocal por parte de Turner, seria uma crise de meia idade que estamos presenciando?

Nota: 3,5 de 5 (Bom)

Infelizmente não teremos a resposta, mas que, assim como seu antecessor, o novo disco dos ingleses de Sheffield pode até ser amargo por agora, mas daqui a alguns anos envelhecerá como vinho.

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