Rockin’ 1000 | A maior banda do mundo estreia no Brasil

Se você é rockeiro de carteirinha, com certeza conhece a maior banda de rock do mundo. Talvez, ao ler isso, você pense imediatamente nos Beatles, no Led Zeppelin, ou até mesmo no Pink Floyd; mas, hoje, nós estamos falando da Rockin’ 1000: a banda de rock que toca ao vivo com MIL MÚSICOS no palco simultaneamente – e que, no último sábado (01/10), fez seu primeiro show no Brasil.

O concerto aconteceu no Allianz Parque, em São Paulo, e quem esteve presente pode garantir: o evento entregou tudo e mais um pouco do que era possível de se esperar a partir da emoção que encontramos nos vídeos publicados no canal do Youtube do projeto, com o tempero adicionado pela performance brasileira. Segue o disclaimer: a Rockin’ 1000 não é composta por membros fixos; até porque, imagine conciliar, literalmente, mil agendas e mil orçamentos para viagens internacionais. A cada concerto marcado, são abertas inscrições para que músicos locais possam performar o setlist definido pela produção – esta, sim, composta por profissionais recorrentes. Para o show em São Paulo, as inscrições foram encerradas em 08 de setembro; e o resultado foi um conjunto de guitarristas, tecladistas, baixistas, bateristas e vocalistas composto por pessoas do mundo todo performando um setlist poderoso de clássicos do rock em volume máximo.

Foto: Wallacy Ferrari

Mas como fazer isso dar certo?

Qualquer pessoa que já teve um contato mais íntimo com o fazer musical sabe que, para uma apresentação ao vivo soar bem, mesmo com poucas pessoas, é necessário MUITO ensaio. Para sincronizar mil músicos, isso não poderia ser diferente; porém, tudo isso se dá em apenas dois dias. Dois dias EXAUSTIVOS, devo dizer; mas que valeram cada segundo. E, claro, nada é tão simples quanto parece. Aqui, me apresento: eu sou a Cadi, e tive a honra de ser uma das mil musicistas a performar no campo do Allianz Parque no último sábado. Agora, trago pra vocês a visão de como foram os dias e as semanas que antecederam essa experiência inigualável.

A estrutura do Rockin’ 1000 prevê muita dedicação de cada um dos músicos que se compromete a participar de cada concerto, e a produção se esforça para deixar isso bem claro. A partir do momento em que recebi confirmação da minha participação, as atualizações via e-mail e via app foram recorrentes. Aproximadamente um mês antes, eu e todos os músicos tivemos acesso ao setlist inicial do show e aos tutoriais para cada canção, cujos arranjos foram gravados em forma de ‘click tracks’ – e, para nós vocalistas, registrados em texto com marcações. Tudo isso para garantir que, nos dois dias que antecederam o show, cada um dos músicos já estivesse afiadíssimo em sua performance individual, e que os gurus de cada instrumento pudessem focar estritamente em ajustar a sincronia em conjunto.

Ensaio na sala dos vocais, guiado pela ‘click track’ e pelas gurus de voz, Augusta Trebeschi e Clara Trucchi. Vídeo: Silvio Vidoto

Nos dias 29 e 30/09, finalmente tivemos a oportunidade de estarmos presencialmente juntos. Na sala de ensaio, conheci musicistas e pessoas incríveis entre os meus pares, e pude testemunhar a força da natureza que são as nossas gurus, Augusta Trebeschi e Clara Trucchi; e, em conversa com colegas instrumentistas, os relatos foram similares, com citações admiradas e carinhosas aos incríveis Stefano Re e Claudio Cavallaro (guitarras); Biagio Esposito (baixos); e Lele Borghi (baterias). Essas pessoas, em pouco mais de 30 horas de ensaio, transformaram o que era apenas treino individual e caseiro de músicos em uma orquestra com nível inigualável de sincronia e harmonia, preparada para se apresentar a um público de mais de 30 mil pessoas. O que poderia parecer impossível ou insano tornou-se real: mil músicos, um só objetivo.

A música é paixão, e a paixão é o que move o mundo.

Augusta Trebeschi, Vocal Guru do Rockin’ 1000

Afinal, como surgiu o Rockin’ 1000?

A ‘maior banda do mundo’ nasceu de um movimento de fãs na Itália em 2015, organizado pelo produtor Fabio Zaffagnini através da plataforma Crowdfunding, com o objetivo de chamar a atenção da banda Foo Fighters e convencer os membros a fazer um show na pequena cidade de Cesena, localizada no centro-norte do território italiano. O projeto reuniu mil músicos, entre vocalistas, guitarristas, baixistas, bateristas e tecladistas, que performaram a canção ‘Learn to Fly’ em uma apresentação ao vivo, e o vídeo produzido rodou o mundo – chegando, também, ao Foo Fighters, que se apresentou em Cesena ainda em 2015.

Após a viralização, o Rockin’ 1000 se tornou um projeto recorrente, levando setlists que enaltecem os clássicos do rock a diversas partes do mundo. No show de São Paulo, o público pode experienciar uma imersão completa: foram duas horas embaladas pelas harmonias inconfundíveis de bandas como Queen, Red Hot Chilli Peppers, Guns ‘n’ Roses, Ramones, Steppenwolf, entre outras, além das já mencionadas aqui: Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd e, claro, Foo Fighters.

O Show no Allianz

A edição brasileira do Rockin’1000 contou com a direção dos renomados André Frateschi e Daniel Plentz, e foi apresentada por ninguém mais, ninguém menos que o nosso querido Papito Supla – que se juntou aos mil nos vocais durante o show. Foram duas horas de emoção pura ao som de clássicos como Born to Be Wild, Under Pressure, Come Together, Blitzkrieg Bop, entre tantos outros hinos que se uniram, aqui, a duas homenagens mais do que justas ao rock brasileiro, nas performances de A Minha Menina, acompanhada pela presença e performance do lendário Sérgio Dias, guitarrista original dos Mutantes, e de Metamorfose Ambulante (Raul Seixas).

Em seu discurso de abertura do show, o fundador do projeto, Fábio Zaffagnini, enfatizou a importância e o poder da coletividade. Cada um de nós jurou, antes de emitirmos a primeira nota, se manter fiel àquela coletividade. Ao fim, destruídos e realizados, estávamos todos unidos nos mesmos sentimentos: gratidão e felicidade, individual e coletiva. Essa coletividade, claro, não poderia excluir aqueles que nos orientaram durante todo esse processo. “A partir de amanhã, quando eu revisitar o que a gente fez aqui hoje, vou estar chorando por uma semana”, comenta Fábio. “É tudo muito intenso, e muito gostoso”.

Pela primeira vez fora da Europa, o concerto dos Mil também causou uma impressão singular na equipe e nos músicos que vieram do exterior. Stephan ‘Zwerg’ Begandt, vocalista alemão, conta: “A gente veio esperando ter trabalho, como é comum, mas na verdade tudo fluiu muito bem, e o pessoal estava todo muito bem preparado”. Ele, que participa de forma recorrente em shows do Rockin’1000, completa: “o público aqui é incrível”.

“Eu esperava que [o concerto] fosse intenso, sendo em um país onde as pessoas são tão calorosas e têm tanta paixão. A música é paixão, e a paixão é o que move o mundo”, conta Augusta, guru dos vocais. “E é importante dizer que todos vocês foram ‘bravissimi’!”.

Eu, toda repórter, entrevistando a maravilhosa Augusta Trebeschi. Foto: Marina Scopel

Para qualquer músico, profissional ou aspirante, a experiência do Rockin’ 1000 é incomparável: é a oportunidade de se apresentar, gratuitamente, em um palco digno dos maiores ídolos do rock; de fazer conexões com outros músicos alinhados com o seu estilo; e de trabalhar com uma produção experiente e com plenos recursos para realizar o show mais incrível da sua vida. Para o público, é de se esperar que seja transcendental: é o arrepio de estar no show do seu ídolo, cantando junto a milhares de fãs na plateia, potencializada pelas mil pessoas no palco. Do lado de cá, eu já espero ansiosa pela próxima edição, com moedinhas sendo contadas para custear a passagem que irá me levar pra onde quer que o próximo Rockin’ 1000 aconteça.

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