Amazing Grace | Crítica

Em 1972 Aretha Franklin já era uma figura consolidada na indústria musical. Considerada até hoje a rainha do soul, a diva decidiu que havia algo faltando na sua carreira: a volta às suas origens. De família cristã e criada na igreja, Aretha pensa o lançamento de Amazing Grace, seu álbum gospel que seria gravado na Behtel Baptist Church ao vivo. Aos moldes do que Kanye West está fazendo hoje em 2019, Aretha mobilizou uma equipe enorme para realizar essa virada de chave do soul para o gospel.

Com isso, a Warner Bros. reúne uma equipe para documentar essa gravação visionária e um tanto quanto inusitada. Com a câmera nas mãos, Sidney Pollack não deixou de gravar um instante sequer desta empreitada de Aretha. No entanto, por mais que o álbum tenha sido lançado, devido a problemas técnicos, o documentário não viu luz do dia. Eis que em 2018, graças a um esforço coletivo, essas imagens são resgatas e podemos ver como foi todo o processo do nascimento desse projeto icônico.

Logo no momento inicial do documentário, somos introduzidos a história desta gravação e, ao anunciar Aretha Franklin, o reverendo Cleveland diz: “ela sabe cantar de tudo”. Ele não podia estar mais correto. Por mais simples que seja sua premissa, Amazing Grace possui um poder inenarrável em suas imagens.

Com a ajuda de Cleveland, a presença do Southern California Community Choir e convidados, Aretha ministra um culto diferenciado, composto única e exclusivamente por louvores. No entanto, essa atmosfera divina toma proporções maiores, pois, graças a potência da voz e da presença de Aretha, o culto a Jesus Cristo passa a ser um culto a uma das mulheres mais importantes da história da música. Isso fica evidente quando estamos ouvindo a música-título do filme e a câmera filma Franklin de costas, iluminada pelos holofotes do cenário como se fosse uma divindade. E assim se sucede todo o filme, guiados pela graciosa voz da rainha do soul percorremos esse relato transcendental e a cada reação aparentemente exagerada do público, nos comovemos igualmente.

A presença de Aretha é arrepiante, comovente e capaz de fazer qualquer pessoa, cristã ou não (esse crítico que vos fala, por exemplo, não é), se emocionar com o que é mostrado em cena. Não é à toa, portanto, que este disco figura até hoje como o álbum gospel mais vendido de todos os tempos. E graças a Deus pudemos presenciar em tela os dias que Franklin, com certeza, esteve mais próxima Dele.

Amazing Grace está presente na programação do Festival do Rio.

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