Depois de anos de tentativas frustradas, parece que finalmente a Marvel Studios acertou a fórmula em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos que não só entrega um filme competente como também nos apresenta a melhor versão do grupo até hoje nos cinemas. Sim, finalmente temos um Quarteto carismático, envolvente e, acima de tudo, funcional.
O filme é bom – e ainda estou refletindo se é apenas bom ou muito bom. Mas a verdade é que ele causa uma sensação agradável, com ritmo ágil e personagens que conquistam desde os primeiros minutos. É aquele tipo de experiência leve e divertida que justifica o ingresso.
O início do filme se destaca de forma especial. Os primeiros trinta minutos têm uma energia impressionante e quase tudo mostrado nos trailers acontece logo nesse trecho. A narrativa avança em ritmo acelerado, mas sem se perder – o que torna tudo mais envolvente. E por ter menos de duas horas, o filme passa rápido, sem enrolações.
O elenco principal é, sem dúvida, o ponto alto. Todos os quatro protagonistas funcionam muito bem juntos. Johnny Storm (Joseph Quinn) é o destaque surpresa: finalmente encontraram o equilíbrio certo entre humor e emoção. A relação dele com Ben Grimm (Ebon Moss Bachrach) é ótima, com uma química que lembra mesmo tios de verdade. Sue Storm (Vanessa Kirby) é uma líder natural, segura, inteligente e emocionalmente forte. Ela ganha espaço para mostrar sua importância e tem um momento de fala que, apesar de soar batido com uma mensagem sobre trabalho em equipe e união, funciona dentro da proposta. Reed Richards (Pedro Pascal) aparece com mais humanidade do que em versões anteriores, equilibrando sua genialidade com conflitos pessoais compreensíveis.
Os poderes dos heróis estão bem representados, a personagem da Surfista Prateada (Julia Garner) tem uma presença impactante e a nave do Galactus é visualmente deslumbrante. Já o próprio Galactus (Ralph Ineson) é o ponto fraco nesse quesito: aparece pouco e, quando surge, o CGI não acompanha a qualidade do restante. Apesar de tentarem disfarçar com camadas de efeitos, o resultado final ainda parece inacabado, destoando do restante do visual, que é caprichado.
Mas a direção de arte e o design de produção merecem destaque. O filme adota uma estética retrô inspirada nos anos 60, com uma identidade visual que lembra muito animações como Os Jetsons ou Os Incríveis — e não por acaso. Apesar de não se passar nos anos 60, o universo apresentado parece ter congelado a moda e o estilo da época, enquanto a ciência avançou de forma acelerada, principalmente por causa das invenções de Reed Richards. Isso cria uma ambientação única, com um charme retrô-futurista que dá personalidade ao longa e o diferencia do visual mais genérico de outros filmes de super-herói.
A trilha sonora, assinada por Michael Giacchino, tem a identidade do compositor leve, aventureira e emocional, lembrando trabalhos anteriores do compositor em animações da Pixar. A faixa First Steps, por exemplo, se destaca e aparece em vários momentos do filme, ajudando a criar a atmosfera certa.
Quanto às cenas pós-créditos, são duas. A primeira é interessante e vale a pena ver. A segunda é mais uma brincadeira e não acrescenta tanto. Se estiver com pressa, pode sair depois da primeira tranquilamente.
Contudo, é bom manter os pés no chão, mas é um dos destaques da atual fase da Marvel. Colocando lado a lado com os outros filmes recentes, fica claro que este é um dos melhores da Fase 5 – possivelmente atrás apenas de Guardiões da Galáxia Vol. 3.
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos entrega exatamente o que os fãs esperavam há anos. É divertido, emocionante, bem dirigido e com ótimos personagens. O filme entende o que torna esse grupo especial – o fato de serem uma família antes de serem heróis. E quando isso está no centro da história, tudo funciona.