Um grupo de sobreviventes da Raiva mora afastado em uma pequena ilha na costa da Grã-Bretanha. Quando um deles deixa a ilha para ir em uma missão, ele descobre segredos, maravilhas e horrores que mutaram tanto os infectados quanto outros sobreviventes.
Extermínio: A Evolução faz um recorte da vida de sobreviventes da infecção que assolou a Grã-Bretanha há quase 30 anos atrás. Vivendo em uma comunidade insulana que tem sua única rota de acesso escondida pela variação da maré, Jamie (Aaron Taylor-Johnson) decide que é hora de seu filho Spike (Alfie Williams) conhecer as terras britânicas e encarar infectados para se preparar para o futuro. Para isso os dois precisam deixar em casa a matriarca da família, Isla (Jodie Comer), que está com um problema de saúde que desencadeia perda de memória e rompantes de raiva.
O início do filme nos reapresenta a esse mundo que passou por transformações biológicas e sociais profundas enquanto o resto do mundo seguiu em frente. Aqui somos apresentados a novas variantes de infectados, muito plausível de se acontecer após um vírus ficar décadas em circulação. Essas variantes possuem modificações tanto na aparência física quanto em seus hábitos de caça e ciclo de vida, algo que o roteirista Alex Garland (de “Ex Machina” e “Aniquilação”) se empenha em manter próximo da realidade.

Esse início de exploração serve como tutorial para Spike aprender sobre como lidar com diferentes tipos de infectados, seja lutando ou fugindo. Entre alguns desses momentos o garoto é confrontado por uma exigência de seu pai: executar um infectado que encontraram de mãos atadas e pendurado de cabeça para baixo por desconhecidos. Jamie diz que uma vez infectada a pessoa perde sua mente e sem isso elas perdem sua alma, palavras que geram conflito no garoto que deixou em casa sua mãe, enferma, que está lentamente perdendo sua mente. Existe diferença entre os dois? Será que sua mãe um dia ficaria tão agressiva quanto um dos infectados? Seria aceitável executar sua mãe tão friamente também?
Esse é somente um dos diversos questionamentos sobre a ira humana que a trama traz à tona. Só devemos temer a ira descontrolada dos infectados? E quanto à ira envasada dos não-infectados vivendo sob pressão em um mundo sem esperança de melhora? Aliás, faz sentido ter esperança? O resto do mundo dá a mínima? O diretor Danny Boyle e o roteirista Alex Garland aparentam uma maturidade maior sobre os temas de mortalidade e letalidade que abordaram mais de 20 anos atrás em Extermínio (2002) e conseguiram, em meio à brutalidade e sanguinolência, criar momentos tocantes que chegaram a arrancar algumas lágrimas minhas. Esse é com certeza o melhor capítulo da franquia até agora – que já tem duas continuações confirmadas – e eu mal posso esperar pelas bizarrices que estão por vir.