Eros é um documentário pensado por Rachel Daisy Ellis que visa abrir a intimidade das pessoas sobre um assunto muito comum e corriqueiro que são os motéis. A primeira vista pode soar como algo simples mas ao convidar pessoas reais para enviarem suas gravações com seus relatos dentro desse ambiente nos vemos imersos em uma experiência social que visa não só o sexo mas a intimidade, o amor, o companheirismo e tudo que vem amarrado junto a um “casal”.
Com seus vídeos, sete casais, um trisal e um homem aparentemente solitário se reúnem em um fragmento do que a psique sexual e emocional de uma nação quer dizer. Esse documentário é uma amalgama de vários pensamentos sobre os quais o motel é sempre um dos pilares da discussão. Seja de pessoas religiosas que tentam ter uma nova perspectiva sobre o ambiente, seja por pessoas que relatam que por serem lgbtqia+ encontram no motel um local “seguro” para manterem suas relações, seja por pessoas que gostam de um sexo mais violento ou com mais interações entre outros casais sentindo que dentro dessas 4 paredes eles podem se despir das amarras sociais e serem quem eles realmente gostam de ser.
Outro ponto de perspectiva interessante sobre esse documentário é entender como alguns motéis estão preparados para entregar para seu usuário exatamente aquilo que eles estão procurando, tendo motéis simples onde só tem uma cama, motéis mais luxuosos para se passar um bom tempo de qualidade pra além do sexo, motéis que contem aparelhagem para realização de BDSM, outros com sistema de quartos colados para pessoas que tem fetiche em olhar outros casais transando ou até mesmo trocarem de casal, mostrando que realmente você pode escolher um bom ambiente para realizar tudo aquilo que seu prazer te solicita.
No final é uma experiência única sobre a perspectiva de várias pessoas completamente diferentes e singulares sobre seus corpos, sua aceitação, seu entendimento de amor, seu entendimento de companheirismo e até sobre a importância de mulheres que trabalham com o sexo e o quanto as mesmas muitas vezes são as psicólogas de homens que não conseguem se abrir em outro ambiente. Embora alguns vídeos apresentem limitações técnicas — como áudio ou imagem comprometidos pela natureza amadora das gravações —, isso não interfere na experiência central do documentário: enxergar o ser humano em sua forma mais honesta, vulnerável e essencial, falando sobre si mesmo e sobre os outros com quem compartilha a vida, o desejo e o afeto.
