Lobisomem, dirigido por Leigh Whannell, traz uma nova abordagem ao mito do lobisomem ao explorar a dinâmica familiar e os medos que cercam a paternidade. A trama segue Blake (Christopher Abbott), um escritor desempregado e pai dedicado, que viaja com sua esposa Charlotte (Julia Garner) e sua filha Ginger (Matilda Firth) para sua antiga casa de infância em Oregon, após a morte de seu pai distante, Grady (Sam Jaeger). Durante a viagem, eles enfrentam uma criatura misteriosa que ataca o veículo da família, levando Blake a ser contaminado por uma maldição animalesca. Enquanto luta contra sua transformação física e emocional, o filme examina a possibilidade de Blake repetir os padrões abusivos de seu pai, equilibrando momentos de terror corporal e drama humano.
Whannell investe tempo na construção dos personagens e suas relações antes de mergulhar no horror, estabelecendo temas como masculinidade tóxica e a luta para romper ciclos familiares. Flashbacks mostram como Grady tentou endurecer Blake quando criança, transmitindo valores rígidos e perigosos que ainda ecoam em seu comportamento adulto. Apesar do ritmo rápido e de uma abordagem minimalista na narrativa, Lobisomem não se esquiva de suas raízes de terror, apresentando cenas impactantes e efeitos práticos impressionantes para as transformações do lobisomem, enquanto sons e visões distorcidos intensificam a experiência sensorial.
Embora o filme seja eficaz em criar suspense e atmosfera, carece do impacto emocional e da relevância social de O Homem Invisível, trabalho anterior de Whannell. A metáfora central – de que um pai superprotetor pode se tornar a maior ameaça para sua família – é interessante, mas não alcança todo o seu potencial dramático. Mesmo assim, a atuação de Christopher Abbott é notável, especialmente ao expressar a angústia e a fisicalidade da transformação. A jovem Matilda Firth também se destaca, equilibrando o medo e o amor por seu pai em um papel que traz momentos de ternura, frequentemente interrompidos por sustos intensos.
Com uma duração de 103 minutos e um ritmo ágil, Lobisomem funciona como um eficiente filme de terror que combina drama familiar com cenas e batalhas brutais. Apesar de suas limitações, o filme consegue ser um exemplo sólido de como reinventar um clássico de monstros, misturando elementos tradicionais do gênero com uma abordagem mais introspectiva e emocional. Whannell demonstra habilidade em equilibrar sustos e sentimento, tornando Lobisomem uma experiência tensa e visualmente marcante, mesmo que fique aquém de todo o seu potencial temático.