Inspirada na vida e na obra do avô, Joaquim da Costa Ribeiro, pioneiro da física experimental no Brasil, a realizadora investiga os mistérios do termodielétrico, fenômeno natural descoberto por ele em 1944. Ela visita plantações de palmeiras, jazidas minerais e laboratórios, mesclando materiais de arquivo com paisagens atuais, enquanto narra para o espectador tudo o que encontra ao longo do percurso, convergindo os campos da arte e da ciência. Esse encontro enigmático, cheio de perguntas e dúvidas, mas também de curiosidade e poesia, resulta em uma reflexão sobre o surgimento de eletricidade a partir das mudanças de fase da vida.
Ana Costa Ribeiro entrega uma obra extremamente pessoal em seu documentário no qual, por meio de arquivos da família e de instituições de pesquisa, ela conhece seu avô. Através de cartas trocadas entre ele, filhos e esposa, Ana fica íntima de seu avô – o qual ela não conheceu em vida – e, também, vislumbra como foi a criação de seu pai.
Quando li sobre o documentário, fui imediatamente atraído. Cursei – sem completar – a faculdade de Biofísica no Rio de Janeiro e nunca havia ouvido falar em Joaquim da Costa Ribeiro. Além de ser um filme que coloca seu nome no mapa de conquistas acadêmicas brasileiras, é também um registro lindo de como eram as relações familiares à distância, com correspondências que mais parecem diários, com riqueza de detalhes tanto do que acontece ao redor quanto do que acontece por dentro.
Doutor Joaquim realizou experimentos científicos e teve experiências de vida invejáveis. Na abertura do filme, ouvimos suas palavras destinadas ao filho na voz de sua neta. Palavras sábias sobre como na vida não se deve somente valorizar o êxito. A experiência é o que devemos priorizar. É muito bonito ver alguém que compartilha valores pessoais com valores essenciais para a Ciência. Não existem resultados ruins. Existe o aprendizado que se obtém de qualquer resultado.