O documentário Super/Man: A História de Christopher Reeve, que está sendo exibido em festivais e chega aos cinemas brasileiros este mês, é uma verdadeira homenagem ao homem por trás da capa. Dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui e produzido pela HBO em parceria com a CNN, o filme é o primeiro documentário a receber oficialmente o selo da DC Studios. Com uma edição primorosa e vinhetas em CGI que abrilhantam a narrativa, a produção faz um mergulho profundo na vida de Christopher Reeve, não apenas como ator, mas também como ícone cultural e ser humano extraordinário.
Narrado principalmente pelos filhos de Reeve – Will, Matthew e Alexandra, – além de depoimentos de amigos próximos e atores que conviveram com ele, o documentário é uma montanha-russa emocional. Acompanhamos a ascensão de Reeve, desde antes de sua carreira cinematográfica iniciada Superman (1978), que o catapultou para o estrelato. Curiosamente, para muitos fãs, inclusive para mim, surpreende descobrir que Superman foi o primeiro trabalho de Reeve no cinema, algo quase impensável, dada a magnitude de sua atuação. Seu Superman não só definiu o personagem para as telonas, como até hoje permanece como o retrato mais convincente do herói.
O filme é recheado de imagens dos bastidores das filmagens de Superman e suas sequências, cenas de Reeve em ação e momentos íntimos com amigos e familiares. A montagem intercala essas filmagens com gravações do próprio Reeve, muitas delas após o trágico acidente de cavalo que o deixou tetraplégico. É um contraste doloroso, mas incrivelmente inspirador. Mesmo imobilizado, Reeve continuou sendo uma força, fundando a Fundanção Christopher & Dana Reeve, que hoje recebe o nome não só dele, mas de sua esposa também, dedicada a pesquisas de células-tronco, ao apoio a pessoas com paralisia e, hoje, a luta contra o câncer também. O documentário ressalta que muitas pessoas que hoje voltaram a andar devem isso à perseverança e dedicação de Reeve, que nunca deixou de lutar e de acreditar no avanço da ciência.
Um dos aspectos mais tocantes do filme é como ele aborda a responsabilidade que Reeve sentia ao interpretar Superman. Algumas pessoas realmente acreditavam que ele era o herói da vida real, enviando-lhe cartas, até mesmo a Igreja Católica, alertando-o sobre a responsabilidade moral de ser o Superman, que é o Jesus Cristo da cultura-pop. Reeve, em entrevistas que são mostradas no documentário, se divertia com isso, mas também via a seriedade da questão, lembrando a todos que ele era apenas um ator interpretando um personagem.
Entre os momentos de descontração, o documentário exibe gravações dele se aventurando em esportes como esqui, vela e cavalgada. Era um homem que vivia intensamente e isso só amplifica a tristeza do acidente que lhe tirou os movimentos. Um ponto muito interessante é a amizade de longa data com Robin Williams. A produção não foge de temas difíceis, inclusive sugerindo que a morte de Reeve impactou profundamente a saúde mental de Williams, que enfrentou seus próprios demônios até seu falecimento em 2014.
Emocionalmente devastador, o filme termina com uma nota de tristeza profunda, mostrando o declínio final de Reeve e sua morte em 2004, seguido de perto pela morte de sua esposa Dana Reeve em 2005, vítima de câncer de pulmão. A narração dos filhos, misturada com imagens íntimas da família, cria um impacto arrebatador. Confesso que chorei várias vezes ao longo da exibição e saí do cinema com o rosto inchado de tanto me emocionar. A perda de Reeve é sentida até hoje, e o documentário faz um trabalho excepcional ao manter seu legado vivo, lembrando a todos que ele foi, de certa forma, o verdadeiro Superman – não por suas habilidades fictícias, mas por sua resiliência e coragem. Eu só senti falta de não ter a cena dele em Smallville: As Aventuras de Superboy, onde ele faz uma participação especial como um doutor que vira amigo de Clark Kent (Tom Welling) e um guia também, pouco antes do falecimento do ator, mas que foi por onde eu o conheci na época.
Seja você fã do herói ou não, Super/Man: A História de Christopher Reeve é um filme imperdível. Ele deve chegar à Max nos próximos meses, mas, enquanto isso, vale a pena assisti-lo nos festivais e cinemas onde está sendo exibido. Prepare-se para se emocionar e lembrar de um dos maiores ícones do cinema, tanto na tela quanto na vida real.