Rebel Ridge, dirigido por Jeremy Saulnier, é um thriller que combina ação e crítica social, explorando temas como corrupção sistêmica e a brutalidade policial nos Estados Unidos. O filme segue Terry Richmond (Aaron Pierre), um ex-fuzileiro naval que tenta salvar seu primo da prisão, enfrentando um sistema legal manipulado e forças corruptas. A trama é densa e multifacetada, misturando elementos de conspiração e vingança, enquanto destaca os desafios enfrentados por aqueles que tentam lutar contra um sistema opressor.
O filme, embora tenha um ritmo mais cadenciado que outros trabalhos de Saulnier, como Ruína Azul e Green Room, se destaca por suas explosões de violência cirurgicamente distribuídas. Ao contrário de seus filmes anteriores, Ridge evita derramamento de sangue exagerado e se concentra mais em construir tensão e retratar o sistema corrompido que permite injustiças. As cenas de violência, quando acontecem, são poderosas e pontuadas por um senso de realismo, aumentando o impacto emocional sobre o público.
Aaron Pierre entrega uma performance magnética como Terry, um homem que luta para equilibrar a raiva com sua determinação em agir dentro da lei. Ele é acompanhado por AnnaSophia Robb, que interpreta Summer, uma funcionária do sistema legal que o ajuda a navegar pelas complexidades e injustiças desse sistema. Juntos, eles formam uma dupla dinâmica, unida por sua frustração e desejo de justiça, enquanto enfrentam uma estrutura que protege os poderosos e oprime os mais vulneráveis.
A direção de Saulnier é precisa e eficaz, levando o espectador por uma jornada emocional e física, onde a opressão legal e social é explorada em profundidade. Ele aborda a militarização da polícia e o abuso de poder de forma sutil, mas impactante, oferecendo uma crítica clara ao estado atual da justiça nos EUA. O filme constrói cuidadosamente suas tensões antes de explodir em cenas de ação controladas, proporcionando ao público uma experiência envolvente e, ao mesmo tempo, reflexiva.
Apesar de seu potencial, Rebel Ridge foi lançado com pouco alarde pela Netflix, uma escolha que não faz jus ao seu conteúdo profundo e ao seu valor como obra cinematográfica. A falta de uma campanha de divulgação maior e a ausência em festivais de prestígio são lamentáveis, considerando a relevância do filme. Saulnier, que já demonstrou seu talento em explorar os extremos da violência e da moralidade em trabalhos anteriores, entrega aqui um thriller complexo e cativante, que merecia uma recepção mais grandiosa. Com certeza uma grata surpresa no ano dentro da plataforma.