A história segue Teresa (Ana Luiza Rios), uma mulher que decide acolher uma criança abandonada, perto do lugar do seu passado que hoje é totalmente encoberto pelas águas. No decorrer da história, ela conhece Antônio (Matheus Nachtergaele), e juntos, embarcam em uma jornada pelas estradas, tendo como fio que os une a antiga cidade que hoje só existe no espaço da memória.
Com a direção de Petrus Cariry, o filme nos apresenta Antônio enquanto ele tenta conseguir uma carona para reencontrar um amigo que, ao que parece, teve sucesso nos negócios —com o famoso mercado de caranguejos. No entanto, encontra pelo caminho Teresa e o bebê sem nome. Antônio e Teresa, agora uma pequena e improvável família, têm uma nova missão: sobreviver e manter a criança viva.
Enquanto Antônio leva os dias cuidando do bebê numa casa ofertada por uma gentil moradora, Teresa é forçada a se arriscar em busca de trabalho e dinheiro. Sem apoio e opções, ela começa a fazer programas sexuais, conseguindo aos poucos condições muito precárias para alimentar a criança. A trajetória de Teresa é marcada por uma angústia profunda, ampliada pela violência que ela enfrenta para sustentar sua família. Teresa é o retrato de tantas outras mulheres que precisam recorrer a contextos degradantes para conseguir colocar o mínimo de comida na mesa. Sua cena, na beira da estrada, em pleno estado de raiva, pânico e horror é dilacerante. Você sente a dor de Teresa, ao mesmo tempo que se sente impotente sendo parte dessa máquina de moer gente.
“Mais Pesado é o Céu” transforma a própria estrada em um personagem. Sempre presente, sempre gritando sua existência enquanto personagem por vezes essencial e por vezes secundário. Mas a estrada permanece. Teresa e Antônio se encontram em um caminho que leva a um lugar que já não existe. Não sabemos a origem dos dois —e do bebê— ou qual será o destino de cada um deles, mas a vida sempre encontra um meio.
A direção de Petrus Cariry é dura, retratando um mundo pesado que se impõe sobre os ombros de Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios. “Mais Pesado é o Céu“, dirigido por Petrus Cariry, é um filme sobre fazer o que é preciso. É sobre relações de poder, desigualdades, desespero, mas também resistência. É um filme que mostra, a cada momento, que a vida continua, queira você ou não. Que o céu se mantém pesado sobre ombros, que a seca atormenta e limite as possibilidades de futuro, mas que a vida se impõe nessa trajetória.
As palavras de Antônio ao final do filme ganham um novo peso, e a catarse que chega é capaz de desalinhar todo coração que se manteve paciente com a dura jornada do casal e o Bebê Sem Nome. E enfim, percebemos que a história de Antônio, Teresa, e o Bebê Sem Nome continua. E não sabemos a qual estrada a vida os levará.