Por muito tempo, “Twister” foi o filme definitivo sobre tornados, um clássico
dos anos 90. Perdi a conta de quantas vezes aluguei na locadora perto da minha casa.
Quando anunciaram que iam fazer um novo, fiquei um pouco receoso até sair o trailer
que chamou minha atenção. No entanto, ao assistir, tive uma grata surpresa: é
divertido, tem bons personagens e possui excelentes cenas de ação.
No geral, “Twisters” tem basicamente o mesmo enredo de 1996, com algumas
mudanças, principalmente na parte do drama e na motivação da personagem
principal, Kate (interpretada por Daisy Edgar-Jones). Na abertura, ela e um grupo de
amigos tentam provar uma teoria de que alguns compostos químicos podem acabar
com um tornado, mas as coisas dão muito errado quando se deparam com um tornado
de categoria 5, o mais poderoso que existe. Esse trauma é o ponto de partida para o
filme, que se passa cinco anos depois desse acontecimento.
Ter Lee Isaac Chung, diretor do aclamado “Minari”, à frente foi um diferencial. O tom
dramático que ele adiciona à história dos personagens e o impacto desses eventos nas
pessoas afetadas agregaram muito valor à minha experiência ao assistir. Consegui me
conectar com a trama e os personagens à medida que avançava. Além disso, os belos
cenários rurais e a comunidade de Oklahoma, onde se passa, aumentam o impacto
das cenas de destruição para os espectadores.
Kate precisa lidar com seus traumas, assim como Javi (Anthony Ramos), um dos
sobreviventes de sua equipe do passado, que a chama para uma nova missão. No
entanto, mais adiante, seus objetivos entram em conflito por causa de Tyler Owens
(Glen Powell). Esperava que o personagem de Glen Powell fosse mais um antagonista, conforme
suas motivações são desenvolvidas, ele se torna um personagem mais complexo e
interessante. Gosto de como os papéis de Powell parecem semelhantes (como em
“Top Gun: Maverick” e “Assassino Por Acaso”), mas ele consegue dar interpretações
distintas em cada um deles que os tornam únicos.
As melhores partes são as cenas de ação. Todas são ótimas, destacando especialmente a
primeira sequência do incidente com Kate, você não espera o que vai acontecer e ela
vai escalando e te deixa na ponta da cadeira. A última cena que se passa em uma
cidade pequena é excelente também. Todo o orçamento de 200 milhões de dólares
está visível na tela, com uma fotografia impecável devido às muitas filmagens externas,
o que agregou muito valor à produção como um todo. A única falha talvez seja no desenvolvimento dos personagens secundários, já que o foco está realmente em Kate e Tyler. Até Javi é deixado de lado em certo ponto do filme. No entanto, isso não estraga a experiência. Na simplicidade Lee Isaac Chung entrega uma das melhores surpresas desse ano, é um filme que vale o ingresso do cinema; vá sem medo.