“We are so back!” foi a primeira coisa que consegui pensar ao terminar de assistir a MaXXXine, o terceiro filme da trilogia X, de Ti West. Saí da sala do cinema me sentindo extasiada e renovada. Com vontade de gritar aos quatro ventos que eu tinha acabado de assistir a MaXXXine.
Maxine Minx, brilhantemente vivenciada por Mia Goth, é uma aspirante a atriz e única sobrevivente da carnificina na fazenda, retratada em X – A Marca da Morte. Depois de fazer seu nome no ramo de filmes adultos, Minx almeja mais: mostrar ao mundo a estrela que é –não a que irá se tornar, mas a que já é. Rondando esse sonho, existe o Night Stalker, um assassino em série –da vida real, inclusive– que está a solta nas ruas de Los Angeles ceifando a vida de jovens mulheres. E assim, sabemos que estamos dentro de uma ode aos clássicos setentistas e oitentistas de horror.
O elenco do filme foi uma grata surpresa, entre agentes, policiais, detetives particulares e uma diretora durona, pude testemunhar o brilhantismo de Giancarlo Esposito, Elizabeth Debicki, Bobby Cannavale, Michelle Monaghan e Kevin Bacon. Ti West foi mostra que nesse ponto do que construiu artisticamente, ele é capaz de reunir um elenco que sustenta todo o enredo junto à Mia Goth.
Durante todo o filme era palpável a insegurança e a pressão sobre Maxine. Afinal, todo o seu futuro dependia de suas recém-conquistas. Entretanto, em cenas mais fortes, potentes e maravilhosamente sangrentas, Maxine brilha como se tivesse nascido para toda a adrenalina que a ronda enquanto ela pode ser a próxima vítima do Night Stalker.
Ti West abordou a paranóia anti satânica dos anos 80 com tanta mestria, que foi possível sentir nostalgia por um período que não vivi: religiosos enfurecidos em frente aos estúdios hollywoodianos, seus cartazes contendo inúmeras maneiras de enviar pessoas ao inferno, e pais e mães preocupados com o futuro maligno que a Califórnia reserva para seus filhos.
Mia Goth é um tesouro à parte: excelente bad-ass, e é impossível tirar os olhos dela, especialmente em cenas intensas de perdas irremediáveis. A neta da atriz brasileira Maria Gladys sabe o que tem a oferecer e faz uso disso sem pedir desculpas.
O plot twist é estranhamente imprevisível, embora você seja capaz de dizer “é óbvio que seria assim” logo após assistí-lo. Ao mesmo tempo que é explícito o modo como o fundamentalismo religioso é retratado, é interessante ver as nuances de como ele foi direcionado no decorrer das cenas finais.
E por último, mas não menos importante, precisamos falar sobre a trilha sonora! Nada, absolutamente nada, poderia me envolver tanto no filme quanto as músicas presentes no longa. De Laura Branigan a Kim Carnes, a música define o tom do filme. Sejam apenas os instrumentais ou não, você sabe que está vivenciando a década de 80 hollywoodiana.
MaXXXine foi uma grande junção de genialidade, sangue e purpurina. Misturados e apresentados de uma maneira intensa e divertida. Nem sempre na mesma medida, mas do modo certo na hora certa.