Meu estoque de lencinhos de papel acabou! Se você não dava nada pelo filme A Grande Fuga (The Great Escaper), drama dirigido por Oliver Parker, vou me esforçar nas próximas linhas para tentar mudar sua opinião.
Drama não é meu gênero favorito de filmes, mas esse tem todos os atributos para ser um filmaço. Começo falando sobre o enredo que é baseado no caso real de Bernard Jordan (Michael Caine), um veterano da Segunda Guerra Mundial, que foge da casa de repouso onde mora com sua esposa Irene Jordan (Glenda Jackson) para participar da comemoração do 70º aniversário do desembarque do Dia D na Normandia.
A história também é construída em cima de muitos flashbacks, trazendo algumas cenas do Dia D e o romance juvenil do casal, para situar o espectador e levar ao ápice dramático da narrativa.
Além disso, algo que eu, particularmente, gosto muito, e o filme abusa desse recurso com maestria, são as cenas tão bem escritas e dirigidas que não precisam nem de falas. A própria atuação e o jogo de ângulos e cores já traduz o sentimento e tudo o mais para quem assiste.
Os atores que, em sua maioria, já são (literalmente) veteranos entregam tudo em seus papéis. Você vê o personagem do filme em questão e não a sombra de outros no lugar dele. O que, até onde se sabe, é o último filme da carreira de Michael Caine se tornou uma despedida com chave de ouro. Excelente aposentadoria, Caine!
Glenda Jackson, John Standing, Danielle Vitalis, Victor Oshin e Wolf Kahler também se destacam pela atuação dramática – e até divertida em algumas cenas – trazendo veracidade àquilo que a história se propõe a narrar.
A mensagem do filme traduz sentimentos de quem viveu muito, perdeu muito e aproveitou cada momento de sua vida no pós-guerra, e que não esqueceu os horrores vividos. Horrores esses que atormentam e trazem lembranças difíceis à tona diversas vezes, além de serem responsáveis por comportamentos extremos nos personagens, como alcoolemia, violência, doenças e mágoas.
De segunda a sexta, esse é um filme sexta-feira à noite, para assistir comendo pipoca e brigadeiro no sofá, enrolado na coberta, com a caixinha de lenços do lado e abraçando uma pelúcia (ou seu pet, ou alguém que você ame abraçar).
É uma pena que muitas pessoas não se interessem por esse tipo de filme que marca tanto a experiência de vida e propõe reflexões profundas. Eu sugiro que você assista e tire suas próprias conclusões. Se você realmente gosta de cinema, não deveria esquecer obras de arte como A Grande Fuga.