Furiosa: Uma Saga Mad Max é um belíssimo filme. Cheio de cenas bonitas, ambientação característica da saga no seu mais belo esplendor, ampliação de mundo, etc. Entretanto, por que quanto mais eu penso sobre o longa, mais perde força na minha concepção?
Dessa vez vou direto ao ponto, esse filme é bom, mas não consegue empolgar tanto quanto teu antecessor. Talvez por esperar muito dele? Quem sabe o comparativo entre ele e Estrada da Fúria (2015) o prejudique… não sei afirmar.
Sinopse: A história de origem da guerreira renegada Furiosa antes de seu encontro e parceria com Mad Max.
[sim, a sinopse é essa pouca-vergonha aí mesmo]
No estilo teatral, Furiosa (filme) foi dividido em atos. Se não me engano em 4 atos. Então, dividirei minha crítica igualmente.
1 – O Filme
Coescrito e dirigido, mais uma vez, por George Miller e distribuído pela Warner Bros., Furiosa: Uma Saga Mad Max está repleto de referências e maneirismos utilizados nos filmes anteriores da saga. Zoom de fora para dentro do carro, câmera passeando pelos veículos, trilha ou ausência de trilha sonora nas horas certas, amostragem desse mundo apocalítico desgraçado e por aí vai.
Não obstante, tivemos uma amplificação da geografia apresentada em Estrada da Fúria. Foi muito bom ver a Vila Gasolina e a Fazenda das Balas por dentro (já aparecidas no jogo Mad Max de 2015). Aparece também o Green Place das Muitas Mães, terra do qual Furiosa (personagem) diz ter sido oriunda.
Perceba, todas as peças para eventuais explicações de origem não exibidas em Estrada da Fúria estão presentes aqui em Uma Saga Mad Max. Para felicidade de todos, essas explicações estão muito bem alocadas e não parecem forçadas.
Uma ressalva para o começo do longa bem parecido com o filme de 2015, porém com mais detalhes, mais cenas e a mesma música para te fazer chorar de tanta emoção.
2 – A Produção
Um belo acerto da produção é esse visual estonteante. Infelizmente não tivemos uma repetição de cenas dentro da tempestade de areia, mas eles compensaram de outras maneiras, como, por exemplo, um roteiro melhor. Sim, o roteiro de Furiosa não é apenas se deslocar de um ponto A para o B e voltar ao mesmo A.
Acompanhamos a protagonista desde criança até sua fase recém-adulta, podemos dizer assim. O início da história é brutal. Ação e consequência é a chave desse start. Por meio dele faz-se jus ao codinome “Furiosa”, pois ela teve a quem puxar.
Outra infelicidade são os efeitos especiais e a insistência de Miller em utilizar CGI quando não precisa. Não sei o que aconteceu, mas Miller não utiliza tantos efeitos práticos ou não soube camuflar tão bem quanto em seu filme anterior.
Contudo, o maior pecado, o terrível pecado mesmo, é a trilha sonora. Seria mentira dizer que ela é leviana, mas sabe aquela empolgação? Aquela do seu coração bater com o ritmo dos instrumentos tocados? De você terminar a cena e falar “ca-ra-l***”. Pois bem, raramente temos aqui :D.
Destaco dois momentos quais esses sentimentos veem à tona: uma das tentativas de fuga mencionadas por Furiosa em Estrada da Fúria e outra quando Immortan Joe entra na jogada (inclusive, a maluquice começa forte daí para frente). Fora isso, sinta-se abraçado por um vazio de músicas empolgantes.
Se não acredita em mim, fique à vontade para conferir o soundtrack original e note: todas as músicas minimamente emocionantes são uma referência ou remix das apresentadas no filme anterior, e, de maneira triste, não tocam nas cenas de ação.
3 – Os Personagens
Anya Taylor-Joy, interpreta Furiosa, uma destemida guerreira da estrada em constante luta para sobreviver longe de seu lar. As cenas de ação envolvendo a atriz são excelentes e o mesmo acontece nas cenas de drama. Como esse filme contém um roteiro mais elaborado, a Taylor-Joy foi uma boa escalação para o papel.
Porém, digo, sem a menor dúvida, se não fosse por Chris Hemsworth esse filme poderia ter sido um fiasco. Chris, intérprete do vilão Dementus, foi um excelente acerto de escalação. É um vilão cômico, porém comete atrocidades realmente vilanescas. Ele não é bobão, só é engraçado pela forma de entrega. As perguntas, os comentários, são muito genuínos e acaba por ser divertido, todavia não acredito que você queira cruzar o caminho com ele, não.
Não obstante, temos o retorno de personagens como o próprio Immortan Joe, interpretado por Lachy Hulme devida a morte do intérprete anterior, Hugh Keays-Byrne, Angus Sampson como o Mecânico Orgânico (adoro esse nome, inclusive) e Nathan Jones como Rictus Erectus. Tivemos o retorno do ator Josh Helman como Scrotus, um dos filhos de Immortan Joe e irmão de Rictus.
Há também adição de elenco com Tom Burke interpretando o Pretoriano Jack e Elsa Pataky, esposa de Chris na realidade, interpretando duas personagens, Vuvalini General / Mr Norton (só estou mencionando isso porque durante o filme eu fiquei confuso pelo contexto do qual a segunda personagem de Elsa é apresentada).
Todos estão bem nas atuações e não há pontos fracos para serem notados aqui. Uma pena não colocarem a voz do Immortan igual ao do filme anterior, mas a gente entende pelo contexto dele ser mais novo e não tão enfermo.
4 – O resultado
Temos aqui um bom filme de ação. De verdade. Ele tem uma história boa, o fio narrativo é cadenciado e nada se apressa só para lhe entregar cenas de ação, ainda assim carece de brilho quando o faz. Retirando a cena do meio do filme, não lembro de outras que fizeram eu me empolgar. São cenas boas, mas eu vi esse mesmo diretor fazer coisas geniais em Estrada da Fúria, confesso ter esperado mais.
O encerramento do filme é bom também. Poético. Não deve agradar todos, mas a mística envolvendo a Furiosa deu aquele ar peculiar de Mad Max raiz. Os personagens não sabem quem ele é, mas já ouviram histórias dele. Bom, o sentimento é o mesmo.
Devido a esta situação, com pesar digo sentir o tempo arrastar. E não é para menos. Contando com 2h e 28min, Furiosa (filme) é logo demais. Se fosse mais curto, o frenesi sentido em seu antecessor com certeza seria repetido. São muitas cenas bonitas para explicar o óbvio.
Exemplo: iremos acompanhar Furiosa crescendo, certo? Por que temos um take de time lapse (vídeo acelerado), exageradamente longo, ao invés de só mostrar a personagem sendo chamada para termos a noção do passar de tempo? É uma escolha visualmente maneira, mas pouco eficiente para mais de duas horas de filme, entende?
Na balança, o filme ficou no lado positivo da equação. Por tudo dito aqui, e não dito devido aos spoilers da trama, entendo quem não gostar tanto, apesar de ser uma aventura boa, por conta faltar coisas como essas:
Furiosa: Uma Saga Mad Max já está disponível nos cinemas.
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