No último mês, a Paramount+ lançou a série Knuckles, um spin-off dos filmes Sonic que adaptam os icônicos jogos da SEGA. Com Idris Elba dando voz ao personagem principal, a série surgiu após o sucesso de Sonic 2: O Filme (2022), levantando muitas expectativas entre os fãs. Mas será que a série conseguiu justificar sua existência e ampliar o universo de Sonic de maneira satisfatória?
Quando Knuckles foi anunciada, muitos questionaram se sua principal função seria apenas preencher o catálogo da Paramount+. Contudo, o vasto universo de Sonic ainda possui muitos elementos e personagens que poderiam ser explorados. Com a transição dos eventos de Sonic 2: O Filme para um terceiro filme já anunciado, havia esperança de que a série esclarecesse pontos importantes da trama, introduzindo personagens e histórias que não caberiam nos filmes principais.
De fato, Knuckles apresenta alguns elementos interessantes que não foram abordados nos filmes. Um exemplo notável é a ideia dos pelos alienígenas deixados por Knuckles, que possuem propriedades energéticas poderosas. Isso leva à introdução do novo vilão, Comprador (Rory McCann), que trabalhava para o desaparecido Dr. Robotnik, constrói armas energizadas com os pelos de Knuckles, vendendo-as no mercado negro. Essas armas acabam nas mãos dos ex-agentes da GUN, Mason (Scott Mescudi) e Will (Ellie Taylor), criando um arco narrativo intrigante e que acrescenta ao universo dos filmes.
A série também oferece um contexto para a personagem Will, que expressa sua indignação com a GUN, a agência Guardiã das Nações Unidas, responsável por monitorar atividades extraterrestres, por mudar suas diretrizes após Sonic e seus amigos ajudarem a derrotar Robotnik. Esta mudança a levou a um papel administrativo, e sua frustração é exacerbada por uma cena muito criticada de Sonic 2, onde a GUN arma um casamento falso para capturar Sonic e Tails. Uma piada sobre o casamento armado enfatiza a transição de Will de agente de campo para o setor administrativo, ironizando sua frustração com a burocracia.
Além disso, uma nuance importante revelada na série é um comentário dos narradores do Torneio Nacional de Boliche sobre extraterrestres já serem vistos na Terra desde os anos 70. Esse detalhe explica a aceitação relativamente tranquila dos terráqueos em relação aos alienígenas como Sonic, Tails, Knuckles e dá mais embasamento para a origem de Shadow, que será introduzido no terceiro filme.
Apesar de algumas boas ideias, a série Knuckles falha em manter um foco consistente. A trama a princípio parece girar em torno de Knuckles buscando seu lugar de pertencimento na Terra, mas então percebemos que na realidade o foco é sobre o vice-xerife Wade Whipple (Adam Pally), que busca se tornar campeão nacional de boliche como uma forma de reconciliar-se com seu pai. Knuckles, por sua vez, adota Wade como pupilo, tentando transformá-lo em um guerreiro nobre. No entanto, a partir do quarto episódio, a série se perde, desviando o foco para os problemas familiares de Wade e relegando Knuckles a um papel menor que secundário.
Vale destacar que, ao contrário de algumas críticas comuns, a presença de tramas humanas não me incomoda, desde que elas não tirem o foco dos personagens principais e sirvam para o desenvolvimento deles. Nos filmes de Sonic, por exemplo, as tramas envolvendo o Dr. Robotnik ou a agência GUN são bem-vindas, pois são elementos presentes nos jogos e que contribuem para o desenvolvimento da mitologia nos filmes. A família Wachowski, apesar de ser uma criação original dos filmes, também funciona como uma base de acolhimento para Sonic, algo recorrente no universo do personagem: Sonic ter um amigo humano.
No entanto, na série Knuckles, a trama de Wade parece desconectada e não contribui significativamente para o desenvolvimento de Knuckles ou para o universo maior da franquia. Em vez de unir Knuckles a um personagem humano interessante, a série criou uma história para Wade que pouco acrescenta à franquia e não desenvolve Knuckles de maneira significativa.
A série também sofre com problemas evidentes de produção e andamento. Os três primeiros episódios são sólidos, mas os episódios finais parecem mal executados e alongados. O quarto episódio, em particular, transforma-se em uma ópera rock de baixo orçamento, repleta de piadas mal-timed e um roteiro insatisfatório. A sensação é de que houve uma necessidade de economizar, resultando em uma narrativa apressada e desconexa que vira até piada do próprio roteiro.
Em resumo, Knuckles tem momentos que agradam aos fãs mais nostálgicos, com referências aos anos 90 e algumas boas ideias que poderiam enriquecer o universo de Sonic. No entanto, a execução inconsistente e o desvio do foco principal tornam a série uma experiência frustrante. Para aqueles que esperavam uma expansão significativa da trama entre os filmes, a série acaba parecendo mais um preenchimento de catálogo do que uma peça essencial do quebra-cabeça.
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