Separe o lencinho e, talvez, uns chocolates para uma dose de emoção com A Matriarca (Juniper), de Matthew J. Saville (direção e roteiro). A produção, com lançamento em março de 2024, é um drama familiar envolvente e cheio de reveses.
Ambientado na década de 1990, o longa apresenta uma família cheia de ausências e mágoas profundas entre os personagens que são obrigados a conviver quando Ruth (Charlotte Rampling), a matriarca, precisa se mudar para a casa do filho na Nova Zelândia.
Você descobre aos poucos quem são os personagens e quais as motivações, rancores, dores e amarguras deles, o que é bem legal para dar um suspense. Ruth, por exemplo, é vista, tanto pelo filho como pelo neto, como uma velha ranzinza e alcoólatra, praticamente impossível de conviver. E, então, você vê uma senhora de gênio forte, ex-correspondente de guerra, que quer viver feliz seu último período de vida.
Sam (George Ferrier) é obrigado a cuidar da avó, que está com a perna quebrada, apesar de ela ter uma enfermeira à sua disposição. Afinal, como é difícil conviver com a matriarca, até a enfermeira precisa se abster de vez em quando. Já o jovem, em suspensão do internato, não vê sentido na própria vida após a perda da mãe.
O filme trata de mudança de perspectiva e reconciliação entre todos os personagens. Todos são obrigados a ceder algo durante aquele tempo. Finalmente, todos se conhecem de verdade, suas intenções, seus problemas passados e têm, ali, uma chance para fazer o presente ser melhor vivido do que o passado foi.
A fotografia do filme revela detalhes importantes, responsáveis por definir as situações e, em certos casos, levar o espectador a prever o que vem a seguir. Até mesmo as cenas que se repetem várias vezes, como a égua da mãe sozinha no quintal, trazem significados profundos para enriquecer a obra.
A trilha sonora também corrobora para o impacto emocional. A evolução da história é bem montada e vai se encaixando até o seu ápice, o que inclui aquele mistério inicial de você ter que descobrir o que está acontecendo ou quem são os personagens. Além disso, os objetos comuns na década de 1990, como os telefones e computador, trouxeram um ar nostálgico muito legal.
Como eu costumo pontuar no blog Qual é a das quintas?, esse filme seria uma quinta-feira à tarde. Primeiro, porque não é muito meu estilo de filme: dramas em geral. Mas é um filme que vale a pena assistir numa tarde chuvosa, sentado no sofá, comendo chocolate e com o lencinho do lado.
Eu convido você a se emocionar também com A Matriarca.