Como há 65 milhões de filmes com esse nome, me obrigo a especificar: O Jogo da Morte (2024), do original, YA idu igrat, é estranhamente bom, porém, ao mesmo tempo, ruim.
Sinopse: A estudante Dana chora por sua irmã mais nova, uma criança outrora feliz que cometeu suicídio. Desesperada para saber o que aconteceu, ela explora a história online de sua irmã, descobrindo um jogo sinistro nas redes sociais.
A diretora e roteirista, Anna Zaytseva, produziu este filme baseado nos eventos reais do “jogo” Baleia Azul. Dito isto, esse filme não é recomendado para pessoas sensíveis aos assuntos de suicídio, mutilação e violência gráfica física e/ou psicológica.
O filme é visualmente impactante? Não. A maioria dos acontecimentos envolvendo essa temática não é mostrado em cena, mas o tema é sério e facilmente comparável com a realidade. Portanto, se tem gatilhos envolvendo isso, pode deixar passar, não perderá muita coisa mesmo afinal.
Ele tem toda aquela levada de found footage, no entanto, é mais concentrado em filmagens de celulares e notebooks como em Amizade Desfeita (2014) e Buscando… (2018). Sinceramente, não sei se foi a melhor escolha estética para este longa.Dana, interpretada por Anna Potebnya, é uma protagonista bem obstina. Para provar seus pontos e convicções de que sua irmã foi morta por conta do “jogo”, ela própria entra para a jogatina, no intuito de entregar os responsáveis à polícia e mostrar para sua mãe a verdade por trás da morte da irmã.
Infelizmente tudo acontece de forma apressada e intensa. Pelo amor de Deus, quem deu a ideia dela atear fogo em uma lixeira, deixar no corredor do apartamento para que a Pessoa X saísse de casa e ela invadisse a residência SEM UM PORQUÊ? É um início tão ilógico que me perguntei várias vezes “estou vendo uma versão não finalizada? ”.
– Como ela chegou aí? Por que ela está aí? Espera, ela está pondo fogo? O jovem tem de acabar.
Felizmente essa é a única pista vinda de uma iluminação divina, o resto vai sendo descoberto de forma bem primorosa. E aí vem a parte do “apressado”. Você nem absorveu uma informação direito e Dana já está com mais uma nova pista, em um novo lugar, com novas consequências e novos desafios.
Como é algo pautado nos desafios impostos da Baleia Azul, as pessoas realizam 50 desafios ao longo de 50 dias, tendo em sua conclusão uma prova fatal. Dana, apesar de só embarcar nessa para descobrir mais sobre os envolvidos, é levada ao limite até o último segundo da película.
Quando mencionas — É um filme que acontecem coisas o tempo todo — definitivamente estamos falando de O Jogo da Morte. Você cansa. É um longa cansativo de acompanhar. Realmente é uma obra feita para consumidores de Tik Tok e seus semelhantes. Sim, temos filmes frenéticos por aí: Adrenalina, Mad Max Estrada da Fúria, Corra, Lola, Corra; e eles nem chegam perto dessa produção.
Imagine cortes (shorts) de lives. Junte eles, faça cortes dos cortes, coloque uma legenda chamativa e uma música de fundo. Pronto, você tem O Jogo da Morte, milimetricamente produzido para lhe prender atenção com coisas novas a cada um minuto.
Realmente é um filme sem respiro. Quando há, é abruptamente cortado por um atualizador temporal (muito maneiro, por sinal), ou alguém falando algo que desencadeia uma discussão, ou uma revelação, ou um problema na imagem, ou sei lá…
Para alegria geral, as atuações são boas. Dana, apesar de exagerar nas reações, condiz com sua idade e espaço social. Já seu par romântico, Lyosha Veselkin, interpretado por Timofey Eletskiy… ê, ê… o que aconteceu aqui, malandro?
[SPOILER]
Na primeira cena do personagem eu grite “é ele”. Podia ser um filme de romance, drama, comédia: é ele, e ponto final! Você irá dar o play e na hora chegará na mesma conclusão. O filme nem tenta disfarçar. Ele aparece em situações convenientes, de forma mágica, com a carinha mais doce do mundo. Perdão se não caí nessa, mas a obviedade ajudou.
[FIM DO SPOILER]
Por ter uma relação conturbada com a mãe, em determinado momento, Dana abraça o jogo, embora nunca esquecer suas motivações. Assim, gera uma verdadeira empatia pelo simples fato: todos passamos ou passaremos por momento difíceis, eventualmente.
Ratifico, o filme é bom, mas ruim. Bom no conceito, ruim na execução, certamente. E, honestamente, chutarei cachorro morro ao prolongar essa crítica. Ademais, montagem ligeira, transições boas, atuações boas (apesar de [área do spoiler]), tempo honesto de duração (1h e 31min), música lix… putz, esqueci da música. Terei de chutar mais um pouco.
Rapaz, quem foi o responsável pela parte musical aqui? Toda música escolhida para o filme ficou bem descompassado. Por mais benevolente você seja, não encaixa. Momento de apreensão/tensão e os caras me colocam uma música de abertura de canal tecnológico do YouTube, um eletrônico safado.
Olha, sofrido, viu? Apesar disso tudo, você COM CERTEZA já viu filmes piores e, talvez, até goste deles. Esse filme cairá no esquecimento, não por ser bom ou ruim, mas sim, por ser mediano. E isso é péssimo, pois seu alerta é uma mensagem bem importante nesse mar de filmes vazios.
É uma produção criada com boas intenções, nitidamente, sobretudo a partir de um tema tão delicado quanto este. Portanto, me dói ver a má execução desse projeto, pois potencial ele tem, só não teve um bom direcionamento.
O Jogo da Morte já está disponível nos cinemas.
Nota: Oi, bb’s. Cês tão bão? Quanto tempo, né? Cuidado com esse filme, beleza? Fica aí o aviso. Beijos do tio ;*