A noite de sexta-feira (19) no Universo Spanta, na Marina da Glória (Rio), foi de muito calor, amor, forró, samba e axé, trazendo toda aquela aura maravilhosa do carnaval que já está batendo nas portas.
A estrutura e produção do festival deste ano está bem parecida com a do ano anterior, bem colorida, muito bem organizada e produzida, porém com algumas diferenças. Não haviam muitos stands de interação para que o público pudesse ter brindes do festival como recordação, diferente do ano passado. Haviam bebedouros bem distribuídos por toda a área do festival mas, por conta do grande número de pessoas no evento, não dava muita vazão e a água era de temperatura ambiente.
Neste ano, os banheiros ficaram bem destacados e houve a separação para PCD’s, possibilitando um acesso mais facilitado. Além disso, em todas as apresentações tinham intérpretes de Libras no palco e sendo exibidos nos telões. Um diferencial importante é que, além da acessibilidade para o público, também houve a inclusão de trabalhadores PCD’s no evento. É necessário afirmar para que outros festivais, que também promovem a ideia de inclusão, vejam a diferença que o Spanta está fazendo pela exaltação da diversidade, não somente da música brasileira, como também no mercado de trabalho.
SOBRE AS APRESENTAÇÕES
O início da noite ficou marcado com um show lindíssimo ao pôr do sol, no palco Lapa, do grupo A Cor do Som tocando seus clássicos pós-tropicália que agradou bastante ao público. Foram ovacionados com a participação de Bebel Gilberto, ainda mais quando cantaram “Preciso Dizer Que Te Amo”, música que tem com Cazuza. Bebel e o grupo estavam muito entrosados e pareciam ter uma grande intimidade no qual rolou até selinho.
Logo após, os gigantes da música nordestina, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo sobem ao palco Guanabara fazendo todos dançarem coladinhos ao som dos melhores do “O Grande Encontro”. Teve “Sabiá”, “Ai Que Saudade D’Ocê”, “Táxi Lunar”, “O Trem das 7”, “Admirável Gado Novo”, “Chão de Giz”, “Banho de Cheiro” “Frevo Mulher”, dentre outros clássicos que foram cantados por todos a plenos pulmões.
Às 23:10, João Bosco subiu ao palco Lapa e cantou desde suas mais conhecidas “Corsário” e “De Frente Pro Crime”, como também versões estendidas e com novos arranjos de “Heróis da Liberdade” (Império Serrano), “Doce” (Maria Bethânia) e “Nação” (Clara Nunes) que emocionaram o público. A participação de Xênia França foi muito especial, trazendo elementos vocais que só ela conseguiria transmitir uma suavidade nas músicas.
Criolo trouxe suas mais conhecidas como, “Subirusdoistiozin”, “Convoque Seu Buda”, “Linha de Frente”, “Bogotá”, dentre outras fazendo a galera cantar em uníssono praticamente todas as músicas. Porém, o auge do show foi quando Teresa Cristina entrou durante “Não existe amor em SP”, fazendo a galera vibrar muito e acompanhar a parceria que trouxe “O mundo é um moinho”, “Fermento pra massa” e “Oxóssi”; e ainda pediram por mais de Teresa.
A banda Black Rio subiu ao palco trazendo uma atmosfera gostosa para Marina. A versatilidade dos músicos foram o diferencial do dia, que agregam em seu som, com elementos do soul/jazz fazendo a galera curtir uma vibe atraente. A participação de Luciana Mello e Negra Li só encrementaram e fizeram com que ficassem ainda mais encantador assistir a apresentação.
O final da noite ficou na responsa do Olodum, que, independente do calor absurdo que fez, embalou todo o Spanta com a energia da Bahia, fazendo com que todos dançassem ao som de “Beija-Flor”, “Vem meu amor”, “Deusa do amor”, “A luz de Tieta”, dentre outras que compõem o cenário carnavalesco. Porém o ponto alto do show foi quando Margareth Menezes chegou entoando “Eu falei Faraó” e elevou ainda mais a aura do ambiente. No final da música, não teve uma alma viva que não à saudasse e aplaudisse aos gritos de “MINISTRA!! MINISTRA!!”.
É necessário frisar que o Universo Spanta é um festival que surgiu do carnaval e nada mais justo que cumprisse o que promete, que é conseguir trazer a diversidade que nossa cultura brasileira tem.