Desde que decidiu abandonar a vida de assassino do governo, Robert McCall se encontrou na vocação de protetor dos oprimidos. Após um ferimento, ele precisa se recuperar em uma cidade pequena ao sul da Itália onde logo descobre que seus cidadãos estão sob o domínio de um violento grupo criminoso e McCall precisa lutar pela sua paz.
Apesar da sinopse e divulgações clichês, esse não é só mais um filme de ação. O Protetor 3 é diferente de todos que você já assistiu. Através do olhar sensível de Antoine Fuqua (Dia de Treinamento, Emancipation – Uma História de Liberdade) e da performance carismática de Denzel Washington (Dia de Treinamento, Um Limite Entre Nós), não vemos a violência como entretenimento e sim como uma ferramenta assustadora, porém necessária.
Preciso antecipar aqui que sou novato à franquia O Protetor, muito pelo preconceito de aparentemente serem “mais do mesmo” no quesito filmes de ação com um herói solitário que consegue vencer todos. Eu não podia estar mais errado. Sim, em essência é isso que este filme é, entretanto a maneira como a história é contada faz diferença e eleva o que poderia facilmente ser 90 minutos de frases de efeito e olhares ameaçadores intercalados por explosões em uma reflexão sobre a vida de um homem que deixou uma contagem de corpos tão alta durante sua vida que ele mesmo não sabe se é uma boa pessoa ou não. McCall carrega uma culpa, evidenciada pela sua vergonha perante símbolos religiosos espalhados pela cidade. A história é sobre sua busca pessoal pela paz.
Fuqua usa a destruição e violência de maneira moderada, mas não é por isso que esse seja um filme pouco violento. Robert é um assassino experiente e um homem metódico, consegue calcular o desenrolar de uma briga segundo a segundo e executar seus inimigos das maneiras mais dolorosas e eficazes à disposição. Só a introdução já nos mostra que aos 68 anos Denzel Washington ainda tem muito vigor físico e em nenhum momento passa a impressão de que dublês mais jovens e fortes estão só caindo ao seu redor porque está escrito no roteiro.
A destruição aqui também é ferramenta narrativa e não entretenimento. Quando uma pequena loja de bairro é posta em chamas, com close ups de seus pertences pessoais e fotos de família, é que se passa a gravidade daquilo na vida daquelas pessoas. Não é simplesmente seu trabalho que pegou fogo, é também sua vida. São as chamas que acendem o estopim da fúria explosiva de Robert e o colocam de volta no caminho da morte. A fotografia dos momentos de combate dele são inspiradas nos clássicos de terror slasher, principalmente Halloween de John Carpenter, com lugares escuros, jump scares, mutilações e desmembramentos. Não é o balé de balas de John Wick, que a cada filme fica maior e mais artificial. É um bote preciso na jugular que te faz estremecer.