Com uma dor nas costas, revivendo a mesma história e tentando trazer algum frescor novo volta aos cinemas a franquia de brucutus de ação Os Mercenários. Desta vez, temos Scott Waugh na direção e não temos Silvester Stallone no roteiro, como foi no terceiro filme da franquia. Neste filme, o grupo de operações especiais precisa evitar a terceira guerra mundial que parece um excelente negócio para um misterioso chefão do crime que se chama Ocelot. Seu principal capanga, Rahmat (Iko Uwais), pretende executar este plano e cabe ao grupo de Stallone e Jason Stathan evitar a catastrofe.
Imposível não realizar comparações com o terceiro filme de 2014 em relação a este quarto filme de 9 anos depois já que é a mesma fórmula essencialmente: primeiro arco com uma missão de ação desenfreada que tem uma baixa sentida pela equipe; segundo arco de planejamento da revanche com novos personagens; terceiro arco de reviravoltas e muito tempo de ação desenfreada.
Essencialmente, a principal mudança está no tom. Terceiro filme teve faixa etária de 13 anos no mercado estadunidense e muitos acharam que era esse o principal problema. E realmente a ação é quase inofensiva em alguns momentos do filme. Desta vez, a franquia tenta se aproximar do novo clássico John Wick e deixa a ação mais violenta e sanguinolenta, com cabeças explodindo e corpos carbonizados inclusive. O humor se mantém bem vivo no primeiro arco, mas após a baixa da vez, ele perde espaço e o filme se vende como mais sério e denso. O filme deixa de ser tratado como uma “auto-paródia” de ação e agora deseja ser mais.
Entretanto o que se mantém é a falta de profundidade dos personagens, a cota de personagens negros (agora quem segura a cota é o Curtis “50 Cent” Jackson) e um veterano do cinema como grande vilão. Termina o filme e você ainda fica se perguntando sobre motivações de Rahmat, qual a historia de Decha (Tony Jaa), como os governos de alguns países trataram tantos incidentes causados pelo grupo, entre outras indagações lógicas.
O diretor da vez, Scott Waugh, faz o possível com tantos buracos na trama e tenta sempre deixar a violência a mais gráfica possível. Mesmo quando a ação já acabou e já entendemos o resultado daquele confronto, ele deixa um corpo visceralmente destruído no canto da tela para nos lembrarmos que o filme agora é “para os adultos”. As cenas de ação tem muitas repetições de movimentos principalmente quando juntam personagens de características semelhantes de luta (aqui acontece muito), mas temos que reconhecer que com menos personagens voltando com seus salários milionários se gastou mais tempo no roteiro e na produção que se arrastou por anos. E por isso também era esperado algo tratado com mais cuidado.
Jason Stathan neste filme é promovido ao grande protagonista do filme e já sabemos do que ele é capaz: entrega muito nas cenas de ação e tem bom timing de comédia. A adição de 50 Cent traz um frescor e uma indagação de que talvez tenhamos um novo “imediato” no comando da equipe.
Também resgatam dos anos 2010 a diva Megan Fox que não se incomoda de que o roteiro a trate como diversos arquetipos e clichês femininos de filmes de ação como a femme fatale ou ter um relacionamento de Bela e a Fera. E com até mesmo CGI ajudando-a nas cenas de ação.
Os Mercenários 4 poderia ter se renovado e conquistado algum espaço em seu nicho de filmes de ação, mas no final, fica um epílogo de um final que começou no filme 3. Com personagens com grandes nomes ficando de passagem, mais um peso de “uma ultima missão” e com menos humor e mais violência do que os anteriores. O público poderá se divertir e até mesmo vibrar uma vez ou outra se desprendendo de muitos elementos que fazem um filme funcionar, porém saberá que talvez seja melhor dividir um drink e fazer piadas sobre, do que pensar mais do que duas vezes sobre esta obra.