Então finalmente chegou o filme Besouro Azul, baseado no personagem da DC, e devo dizer que fiquei bastante surpreso. Diria até mesmo feliz, sabe? Como não me sinto há um tempo já com os filme da DC (e alguns da Marvel também).
O filme apresenta uma trama que começa com a busca pelo escaravelho, uma fonte de energia cósmica, pela personagem Victoria Kord (Susan Sarandon), irmã de Ted Kord, o segundo Besouro Azul, e presidente das Indústrias Kord. A abertura nos apresenta a história do escaravelho desde sua chegada na Terra, passando pelos Besouros Azuis anteriores, antes de chegar nas mãos de Jenny Kord (Bruna Marquezine), a filha do desaparecido Ted Kord, e entrega a Jaime Reyes (Xolo Maridueña) para que o esconda. Jaime, porém, acidentalmente ativa o escaravelho e se funde a ele tornando-se o hospedeiro de Khaji-da, uma arma alienígena destruidora de mundos.
Jaime passa a ser caçado por Victoria e o Tenente Carapax (Raoul Trujillo), que desejam recuperar o escaravelho para criar os OMAC – os exércitos de um homem só. A partir daí, sua vida se torna uma aventura sem freio, tendo que proteger a família e evitar que o escaravelho caia em mãos erradas.
Pra começar, eu achei o melhor filme da DC desses últimos anos depois de The Batman. O primeiro a ser redondinho e acredito que sua narrativa isolada de origem tenha contribuído para isso. A sensação nostálgica que ele evoca remete aos filmes da Era de Ouro do Cinema de Heróis, trazendo à mente a mesma empolgação que sentimos ao sair do primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi no cinema ou do primeiro Homem de Ferro. No entanto, um aspecto que o diferencia é a presença de uma família latina como protagonista, o que acrescenta um toque especial.
Há tempos não saía de uma sessão de um filme de herói tão contente e com o coração tão aquecido. É um presente e tanto para nós, latinos – e incluo o Brasil nisso – com referências culturais mexicanas que também têm forte presença no Brasil, como Chapolin Colorado e Maria do Bairro. Fico imensamente feliz em ver a nova geração de espectadores, especialmente as crianças, sendo contemplada com essa representatividade nos novos filmes de heróis.
Além disso, gostaria de enfatizar a crítica social presente no filme. A trama se desenrola na fictícia cidade de Palmera City, localizada no que parece ser o estado da Florida. Nessa cidade, há uma marcante disparidade entre o subúrbio, que consiste em uma colônia mexicana, e a área central repleta de arranha-céus em constante expansão. Infelizmente, essa expansão resulta no desalojamento de parte dessa colônia para dar lugar à construção de edifícios corporativos. Enquanto isso ocorre, as famílias mexicanas desempenham funções de seguranças ou faxineiros para os indivíduos brancos abastados.
O filme traz uma abundância de efeitos práticos, o que efetivamente marca uma grande diferença, que dá mais autenticidade e realismo, ao contrário do horroroso CGI que temos visto em outros filmes do gênero. Isso é notório nos trajes de Besouro Azul e também na concepção da nave de Ted Kord. Além desses aspectos, Xolo demonstra um carisma excepcional. Ele não só realiza suas próprias cenas de luta, mas sua química com Bruna Marquezine é tão envolvente que transcende para além das telas. E por falar em Bruna Marquezine, a jovem atriz brasileira cumpre uma excelente estreia no cenário cinematográfico de Hollywood abrindo ainda mais as portas para mais artistas brasileiros lá fora. E para aqueles que aguardavam ansiosamente para avaliar sua desenvoltura no inglês, posso afirmar que sua performance supera até mesmo a do restante do elenco.
A singularidade do filme reside também na sua independência narrativa. Não é necessário ter conhecimento prévio, já que ele se auto-explica e fecha sua história, apesar de deixar margem para futuros desdobramentos, mas confesso que mantive uma ponta de expectativa de presenciar participações de outros heróis ligados ao universo do personagem. O filme é ótimo, super divertido e emocionante. Se fosse necessário apontar um único aspecto a ser ajustado, seria o excesso em algumas partes que prolongam um pouco o drama que acaba se tornando só piegas. No entanto, é notável que os aficionados por novelas podem apreciar esse detalhe, que parece fazer parte da própria homenagem prestada, porque o filme acaba sendo isso, uma grande homenagem aos latinos e brasileiros que cresceram vendo novelas e filmes de heróis.
Besouro Azul chega dia 17 de agosto nos cinemas. Confira nosso vídeo respondendo a 5 perguntas sem spoilers.
