Aviso de gatilho para: luto, suicídio e uso de drogas.
Terror é sempre um gênero que atrai olhos curiosos. “O filme mais assustador desde…”, “pessoas passaram mal assistindo esse filme” e “tão violento que a classificação é 18 anos” são alguns dos comentários que sempre vão causar burburinho e chamar atenção, apesar de raramente representarem excelentes filmes. Estréia na direção de um longa metragem dos gêmeos Danny e Michael Philippou, “Fale Comigo” está à caminho de se tornar um desses terrores famosos, só que no caso é merecido.
Após um acidente em uma brincadeira de contatar espíritos que está ganhando fama em festas, um grupo de jovens percebe que se envolveram com forças além de sua compreensão e se livrar de seu domínio pode ser mais difícil do que imaginavam.
Nas tais rodinhas de contato espiritual, uma pessoa voluntariamente realiza o ritual e somente ela vê e ouve os espíritos enquanto quem está em volta filma a experiência inteira com seus celulares. O subtexto aqui é o uso de drogas alucinógenas feito sob pressão social e o tipo de atenção dada à desgraça alheia. Em diversos momentos, quando nada sobrenatural está acontecendo, os diálogos podem ser interpretados como uma discussão sobre alguém que teve overdose e as pessoas ao redor foram coniventes com o acontecido enquanto filmavam para ver até que ponto chegaria. Para quem curte sanguinolência realista, as cenas de contato com espíritos e suas consequências serão os destaques do filme. São comparáveis à violência que assistimos no final de “Era Uma Vez Em Hollywood”. Tarantino estaria orgulhoso. Em diversos momentos me contorci na cadeira e lutei contra meu pescoço que queria desviar meu olhar.
Saiba que uma continuação já foi encomendada pelo estúdio A24 dado o tamanho do sucesso que está sendo no exterior. Porém, sinto que filmes de terror que aludem a problemas sociais reais, como “O Babadook”, “Corrente do Mal” (“It Follows”) e “Corra!” (“Get Out!”) normalmente não necessitam de sequências, pois já se expressaram e um novo filme só soa como repetitivo. Independente disso, estarei na fila quando vier.