apesar de uma direção e de um elenco competentes, esse filme não consegue evitar ser uma grande perda de tempo
Numa tentativa de agora dar uma despedida digna, segundo retorno de Harrison Ford, após um longo hiato, ao papel do icônico arqueólogo não faz – integralmente – jus ao que se propõe e uso adequado do que dispõe. Valho-me do termo “integral” pois há argumentos válidos tanto para alegar que esse filme cumpriu o seu objetivo quanto para dizer que ele deixou a desejar e não atingiu a totalidade de seu potencial. Creio que essas percepções subjetivas tenham, grosso modo, um denominador comum principal, sendo ele a afinidade prévia do espectador com a franquia.
Dessa vez, um septuagenário e abatido Dr. Henry Jones (Harrison Ford) está ansioso por sua aposentadoria, quiçá a fim de permanecer mais tempo em seu solitário apartamento sendo importunado por vizinhos barulhentos em vez de ignorado por estudantes apáticos.
Contudo, a chegada de sua afilhada, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), faz com que esse plano seja postergado e eles percorram o mundo em pleno apogeu da Guerra Fria atrás de uma relíquia, e devem fazê-lo antes que uma força maligna – e um tanto maniqueísta – o faça. Entrarei, a partir de agora, em revelações sobre a trama, então, leitores mais sensíveis, estejam avisados.

Essa relíquia em particular – supostamente – detectaria “fissuras temporais”, coisa que ela de fato o faz no decorrer do terceiro ato, momento em que o filme começa a desandar de vez. Incrementar viagem no tempo à mitologia de Indiana Jones soa estranho e natural, mas a forma como foi executada fez com que somente a estranheza transparecesse para mim. A despeito de haver um considerável grau de esforço e dificuldade por trás da execução desse projeto, a direção do James Mangold não chama minha atenção, até porque nem todo mundo é Steven Spielberg (na verdade, reza a lenda que a maioria das pessoas não é).
No geral, essa obra não comunica bem com as novas gerações ainda mais quando comparada por exemplo a outra franquia com a presença do Harrison Ford que foi revitalizada e trazida de volta à tona para novos fãs. Aqui, temos uma história que é incapaz sequer de dar um fim definitivo para o personagem e, tal qual um senhor rabugento, está à sombra de dias melhores. Se o ofício da critica ainda exerce algum tipo de influência nos leitores, recomendo esse filme em questão somente àqueles que são fãs do personagem, pois esses poderão usufruir algo dessa aventura e retornar alegando o quão equivocado estava esse modesto escritor que vos escreve.
