Renfield (Nicholas Hoult), o ajudante torturado de seu chefe nacisista, Drácula (Nicolas Cage), é forçado a buscar novas presas para seu mestre e realizar todas as suas demandas. Porém, após séculos de servidão, ele está pronto para ver se existe vida fora da sombra do Príncipe das Trevas.
Um escritor influente no terror dos anos 2000? Robert Kirkman escreveu os quadrinhos de The Walking Dead que foram adaptados na famosa série de TV que dura mais de 10 anos. Um diretor envolvido em projetos de fantasia de sucesso dos últimos anos? Chris McKay dirigiu “LEGO Batman”, “A Guerra do Amanhã” e escreveu a história de “Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”. Uma das comediantes mais proeminentes dos últimos anos? Awkwafina esteve em destaque em “Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, foi a voz da dragão Sisu no filme da Disney “Raya e o Último Dragão” e será a voz de Sabidão, a gaivota no live-action de “A Pequena Sereia” ainda este ano. Junte a eles um dos protagonistas nos filmes reboot de X-Men como Fera, já tem experiência com a comédia de terror “Meu Namorado É Um Zumbi” e deixou sua marca como Nux, um personagem memorável em um dos filmes de ação mais importantes da última década, Mad Max: Estrada da Fúria. Estou falando de Nicholas Hoult. Por último, mas com certeza não menos importante, Nicolas Cage. Sobre esse não preciso dizer mais nada.

Renfield é aquele filme que desde seu anúncio estava fadado a ser um sucesso ou um fracasso, não haveria meio-termo. Felizmente, o resultado é fenomenal. Muito se falou das primeiras fotos de Nicolas Cage como Drácula andando pelo set e desde então os comentários se dividiram entre “Isso tá péssimo” e “Isso vai ser incrível”. A verdade é que a Universal enxergou o potencial caricato de uma de suas propriedades mais famosas e deu nova vida a um personagem que há anos vem sendo mal aproveitado na cultura pop. Desde o péssimo “Drácula: A História Nunca Contada”, filme que coloca o personagem numa posição de herói injustiçado, ninguém toca no personagem. Então se tira o foco do vampiro mais famoso do cinema e coloca sob os holofotes seu ajudante escravizado pouco mencionado, Renfield, personagem presente no livro de Bram Stoker. Jogue aí nessa mistura um humor estilo “Zumbilândia”, ação estilo “Kingsman”, quase tanto sangue e tripas quanto “Terrifier” e você tem o filme que vai te fazer rir e se enojar mais que o recente “A Morte do Demônio: A Ascensão”.
Desde repetir o estilo visual preto e branco do primeiro Drácula de 1931 para introduzir os personagens até a estética moderna, o filme é muito competente em trazer um equilíbrio das paletas de cores associadas ao terror só que puxadas para a comédia. Em conjunto, a maquiagem também destaca a performance inigualável de Cage que está solto na pele do Príncipe das Trevas. As últimas performances que me lembro de alguém tão confortável como um ser desprezível foram os atores Al Pacino no filme “Advogado do Diabo” e Peter Stormare no filme “Constantine”, ambos interpretando Satã. Existe algo em personalidades nacisistas maléficas que dão a esses atores a liberdade de se comportarem de maneira vil e sem remorso, e é uma performance magnética. Ben Schwartz como o patético e covarde Lobo, nepo baby de um império criminoso, e Shohreh Aghdashloo como sua mãe e líder dessa máfia também roubam a cena e movem a trama adiante numa história que só funciona assistindo porque no papel é ridícula demais para explicar.
A Universal Studios ainda tem na manga personagens clássicos do terror como O Lobisomem, A Múmia, A Criatura da Lagoa Negra, O Monstro de Frankenstein, entre outros. Se conseguirem manter o nível deste filme, espero que explorem essas obras e dêem o tratamento que merecem.
