Com a ajuda da Princesa Peach, Mario se prepara para um ajuste de contas com o todo-poderoso Bowser para impedir seus planos de conquistar o mundo.
Talvez um dos filmes mais aguardados do ano, “Super Mario Bros” chega aos cinemas após um trailer que prometeu a adaptação dos sonhos para a enorme franquia que atravessa gerações, mas será que atinge de forma uniforme fãs jovens e das antigas?
Preciso dizer que minha experiência com esses jogos é de segunda mão. Sempre joguei na casa de amigos que possuíam um console Nintendo e nunca me aprofundei além do que o jogo no momento queria de mim. Isso não quer dizer que não fiquei arrepiado com a divulgação e não estava ansioso para assistí-lo. Filmes como esse vêm acompanhados de um hype, daquela antecipação de um sentimento bom. Portanto, me senti dividido enquanto assistia, pois minha animação foi caindo lentamente ao decorrer da história. Eu queria ter gostado mais do que gostei.
Vou antecipar aqui que o filme não é ruim, porém ele cai em armadilhas que refletem uma insegurança incompreensível sobre seu sucesso. Não há cenário algum no qual esse filme não trará retorno financeiro. É óbvio que a marca por sí só é forte o suficiente para atrair a atenção de diversas idades, até pela longevidade de seus jogos. Mas a história parece tentar usar de tudo um pouco, mostrando poderes e habilidades de forma passageira e pouco marcante, como se não fossem ter a oportunidade de mostrá-los em continuações. Com certeza tem elementos sobre os quais o filme nem fala, deixando guardado para o futuro. Mas a sensação foi a mesma de “Homem de Ferro 3”, com dezenas de armaduras que atraem à primeira vista, porém tão pouco tempo é passado com elas que decepcionam mais que animam. Talvez em vez de insegurança seja a euforia de ter todo aquele baú de brinquedos pra brincar que acabaram não sabendo se controlar.
O público alvo, como era de se esperar, são crianças, porém a indústria de filmes animados já sacou há anos que é necessário ter uma pitada de humor para os pais que levam seus filhos também curtirem e aqui essa lição parece ter sido evitada propositalmente. Estamos falando de uma produção da Illumination Entertainment, mesmo estúdio dos filmes “Meu Malvado Favorito” e “Minions”, que são claramente voltados para o público infantil, mas também apelam aos adultos seja em piadas de duplo sentido ou até mesmo em referências à outros filmes que as crianças ainda não têm acesso. Portanto, acredito que a Nintendo restringiu o uso de humor que fugisse do infantil em sua marca de jogos infantis – mesmo que existam muitos fãs com mais de 30 anos de idade. E é essa decisão que acaba tornando a experiência menos prazerosa para adultos. Apesar da trilha sonora batida, gostei do uso de Classic Rock/Heavy Metal para engraçar alguns momentos, trazendo aquela energia “olha como sou extremo” a personagens fofos e cartunescos.
Vi a versão dublada, que está ótima! Porém, sabendo quem faz parte do elenco original, senti que faz muito mais sentido ter essa trilha sonora junta de Jack Black (“Escola de Rock”, “Tenacious D”) interpretando Bowser. O personagem performa diversas sequências musicais inesperadas que foram bem adaptadas, mas fico curioso de ter essa experiência no idioma original sem as restrições que a dublagem tem. O uso excessivo da frase de efeito “mamma mia” também é uma decisão questionável. Quando penso em Mario Bros, me vem à cabeça a frase “It’s a me, Mario” (“Sou eu, o Mario” mas como um estereótipo de italiano que não é fluente em inglês). Imagino que a dificuldade de adaptar essa frase para todos os idiomas tenha feito os roteiristas recorrerem a uma alternativa, mas daí fazer disso algo recorrente cansou.
Contudo, o filme consegue manter a balança a seu favor com sequências que emulam a experiência dos jogos – apesar do confronto com Bowser não refletir o jogo de maneira satisfatória – com referências a elementos como outras galáxias para estabelecer possibilidades futuras, nenhuma explicação sobre como e porque aquele mundo existe – ele simplesmente é como é – e uma sequência de Mario Kart sensacional que tem vibes de “Mad Max: Estrada do Arco-Íris”. E se você curte o filme Godzilla de 1998, não perca a cena pós-créditos.