Shazam 2! Fúria dos Deuses é uma sequência talvez não tão mais aguardada pelos fãs do herói da DC, por conta das decisões recentes que podem ou não por em risco sua continuidade.
O filme começa alguns anos após os eventos do primeiro filme, com Billy Batson (Asher Angel) ainda lidando com questões de abandono e sua identidade como super-herói, agora por medo de ser abandonado por sua família adotiva, já que ele está perto de chegar à maioridade e precisa assumir responsabilidades de adulto, algo que ele tem evitado. O fato de Billy se transformar num adulto, interpretado por Zachary Levi, para fugir de suas responsabilidades é uma ironia muito bem sacada. Ele também tenta ao máximo passar o tempo com seus irmãos adotivos, mas acaba sugando demais deles. Além disso, Billy ainda passa por uma crise existencial por ser um herói sem nome conhecido e que não é respeitado como os outros da Liga da Justiça.
Em paralelo, temos a introdução da personagem Anateia (Rachel Zegler), uma garota nova na escola, que secretamente é uma deusa filha do titã Atlas. Ela se aproxima de Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer) para que ele apresente os campeões que roubaram os poderes dos deuses, para que suas irmãs possam restaurar sua magia e também o reino dos deuses. Isso pode pôr não só o mundo dos mortais em risco, mas também acabar com a carreira de herói da Família Shazam!
No entanto, quem rouba a cena toda vez que aparece é Mary Bromfield. Grace Fulton agora não apenas interpreta sua forma base, mas também sua forma de super-herói, já que é uma adulta – o que me faz pensar até quando trocarão Asher Angel por Zachary Levi, porque daqui a pouco o menino já está maior do que sua versão adulta. Com mais tempo de tela do que todos os outros irmãos, Mary dá um show e tem mais momentos performando do que qualquer outro coadjuvante. É possível que a expansão do papel da atriz tenha sido influenciada pelo crescimento de sua popularidade nas redes sociais e no fandom da DC.
O filme é muito divertido, tem piadas ótimas e momentos em que o público se rebela de rir. Também é muito emocionante e trabalha muito bem a relação da Família Shazam! Considero o filme mais quadrinho da DC por conta das cenas de equipe. Todos os irmãos tiveram muito mais tempo de tela do que no primeiro filme, dividindo a narrativa com Billy, a ponto desses atores pouco conhecidos brilharem mais do que a própria Lucy Liu, que interpreta a vilã Calipso. E sinceramente, eu gostaria de ver muito mais deles! Apesar de ainda não terem resolvido o problema da gritante diferença de personalidade entre o Billy em sua forma base e sua versão super-adulta.
Também vale a pena destacar alguns acenos e referências presentes, como em uma cena do filme quando um personagem interpretado por Michael Gray, ator que fazia o Billy Batson na série antiga de TV, sugere o nome Capitão Marvel para o herói. Além disso, há uma piada entre Freddy e Billy que faz alusão ao nome de herói que Freddy tinha nos quadrinhos antigos da Fawcett Comics, Capitão Marvel Jr. Essas referências aos quadrinhos originais são uma homenagem bem-vinda aos fãs antigos e adicionam camadas adicionais de nostalgia ao filme. Outra referência interessante é uma piada com os Vingadores, o que mostra que a DC está ciente do universo cinematográfico da Marvel e não tem medo de fazer piadas sobre ele. Pra mim, só faltou a presença ou alusão ao tigre Tawky Tawny – que teve no primeiro em forma de boneco de pelúcia – e ao Tio Dudley, que inclusive é provavelmente o pai ou tio da Darla (Faithe Herman).
Os efeitos também estão muito bons, superando, por exemplo, os do mais recente filme Adão Negro. No entanto, o filme começa a apresentar problemas em seu terceiro ato. Infelizmente, como um filme de mitologia, ele cai no maior clichê da história dos mitos: o Deus Ex – de forma literal dessa vez. Essa é uma falha grave na narrativa, pois faz com que toda a luta e sacrifício perca a credibilidade e se torne menos impactante do que estava sendo até então.
Além disso, também fiquei muito confuso com relação à continuidade das duas cenas pós-créditos e sua posição na filmografia da DC. Acredito que isso possa confundir os fãs que esperam uma cronologia clara e coerente entre os filmes depois dos mais recentes anúncios de James Gunn e Peter Safran, que inclusive tem seu nome creditado bem grande como produtor deste filme.
Em conclusão, Shazam 2! Fúria dos Deuses é um filme divertido e emocionante, mas que sofre com a falta de originalidade na hora de encerrar uma história que aparentemente tem obrigação de se ligar com o universo compartilhado – por motivos que eu não entendo, já que esse universo já acabou. Ainda assim, recomendo para aqueles que procuram um bom entretenimento.