Pânico 6, mais novo capítulo do terror metalinguístico, chega aos cinemas somente 14 meses depois de seu predecessor que, como diria a personagem Mindy (Jasmin Savoy Brown), serviu de “requel” (um misto de remake e sequência) para a franquia. Por mais que os novos personagens agora sejam o foco principal, será que esse filme inova de verdade?
Dessa vez saímos de Woodsboro e estamos em Manhattan, Nova Iorque. Não é a primeira vez que uma franquia de terror faz essa mudança drástica de ambiente (é possível ver “Sexta-Feira 13 VIII: Jason Ataca Em Nova Iorque” passando na TV numa cena). Desde o primeiro trailer ficou claro que a mudança não seria somente para dar novos ares à história que se passou na cidade ficcional de Woodsboro em 3 filmes. Estar às vésperas do Halloween numa cidade muito mais populosa em meio a muitas pessoas fantasiadas certamente aumenta a tensão e o sentimento de que nenhum lugar é seguro. A locação é variada o suficiente para termos cenas únicas na franquia, ao mesmo tempo que consegue referenciar os clássicos o suficiente para satisfazer fãs de longa data.
A trama segue os moldes de Pânico 2: Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega), Mindy e Chad (Mason Gooding) se mudam para ir à faculdade. Sem entrar em detalhes sobre, mas há um desenvolvimento da dinâmica dos quatro amigos – como lidam com o trauma compartilhado e seus novos relacionamentos. Há uma química real entre os membros do elenco, que cativa ao ponto de dar vontade de acompanhar os personagens nos momentos entre filmes em suas vidas cotidianas. Isso é ingrediente essencial numa franquia que gosta de ousar e quebrar regras estabelecidas do gênero, pois há um medo verdadeiro de perdê-los.
Apesar de seguir certos moldes pré-estabelecidos, a história é cheia de surpresas e é muito competente na tarefa de desviar a atenção do público. Quem gosta desses filmes já sabe que assisti-los é como brincar de “Detetive” – preste atenção, memorize pistas e faça suas apostas sobre quem é o assassino (ou assassinos). Já houve quatro duplas e somente um Ghostface solo em toda a franquia. O mais legal é que, por mais que nem tudo seja óbvio, há sempre pistas suficientes que tornam possível desvendar esse mistério.
A conclusão da história é arriscada. Novamente, não darei detalhes sobre, mas preciso comentar que o uso desmedido da mecânica afiada de serem filmes autoconscientes pode acabar fazendo com que se cortem com sua própria lâmina. É preciso muito cuidado ao homenagear o passado da franquia, pois nem tudo que foi feito merece uma menção.