Entre Mulheres ou Women Talking lança no Brasil no dia 2 de março, as vésperas da premiação do Oscar 2023. O filme foi indicado em duas categorias: Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado para roteirista e diretora do filme Sarah Polley.
O filme é uma adaptação do livro, publicado em 2018, com o mesmo nome Women Talking. O livro de Miriam Toews é inspirado em eventos reais que aconteceram na colônia de Manitoba, na Bolívia.
Mulheres e meninas dessa colônia têm sido drogadas e estupradas por homens da mesma colônia. A mentira que circula é que demônios as atacam à noite para as punir por seus pecados. Uma noite elas conseguem flagrar um desses ataques e todos os homens da colônia são presos. Durante 48 horas, até que os homens retornem, oito mulheres se reúnem para decidir entre ficar e lutar contra os homens ou fugir.
FEMINISMO E LUTA
Durante todo o filme vemos discussões muito pertinentes em relação à luta feminista. Diversos pontos de vista são apontados pelas mulheres, elas discutem sobre segurança e direito do corpo da mulher. Por mais que não saibam ler, as discussões são bem filosóficas e teóricas.
O maior conflito enfrentado por elas é a relação delas com a fé, a fé religiosa e a fé de um futuro melhor. Por um tempo elas acreditaram ser culpadas pelos ataques que ocorriam. Essa mentira resistiu por muito tempo, afinal elas viviam em uma comunidade isolada e não tinham permissão de estudar. Infelizmente, isso não difere muito da realidade urbana e não religiosa, ainda hoje (em qualquer lugar do mundo) mulheres são julgadas e culpadas por ataques que sofrem.
Outro conflito grande é como reagir aos ataques. Será que elas têm força o suficiente para ficar e lutar contra esses homens impedindo futuros ataques? Ou será que é melhor fugir e criar uma nova comunidade fora desse espaço? Quem poderá ir para essa nova comunidade? Somente mulheres ou alguns homens serão permitidos?
PROVÁVEL GANHADOR DO OSCAR DE MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
A premiação do Oscar 2023 acontecerá no dia 12 de março e o filme tem grandes chances de levar o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado pois o roteiro de Sarah Polley já foi elogiado por toda a crítica cinematográfica. Não li o livro e não posso dizer se foi uma boa adaptação, mas posso dizer que é um roteiro muito bem feito! As conversas entre as mulheres são intercaladas com cenas que revelam a situação que cada uma do grupo principal viveu. Muitos traumas são expostos e bem desenvolvidos.
É impossível não se emocionar com o drama vivido na colônia. São situações absurdas que são naturalizadas incluindo todos os tipos de tortura e abuso psicológico. Eu, pessoalmente, fiquei muito impactada com essa história. A humanidade tem a capacidade de criar situações desprezíveis. Felizmente mulheres também têm capacidade de se organizar e construir um novo mundo.