Quando Gemma, uma engenheira robótica, de repente se torna a cuidadora de sua sobrinha órfã de 8 anos, Cady, ela fica insegura e despreparada para ser mãe. Sob intensa pressão na empresa onde trabalha desenvolvendo brinquedos de última geração, Gemma decide emparelhar seu protótipo M3GAN com Cady na tentativa de resolver os dois problemas – uma decisão que terá consequências inimagináveis.
Há mais de meio século que se discute os perigos da criação de IA (Inteligência Artificial), seja eliminando empregos ou considerando a humanidade a causa de todos os problemas e considerando sua extinção a solução. Pode ser dito que este é um dos medos mais antigos da sociedade moderna. Em M3GAN, nova produção da Blumhouse e Atomic Monster, há uma discussão sobre os limites do que deixamos a tecnologia fazer por nós.
M3GAN nada mais é do que o smartphone com o qual adultos largam suas crianças, assistindo o que querem sem supervisão na internet e se tornam inseparáveis, provocando até mesmo surtos de raiva explosivos se afastados um do outro. Em uma cena em particular, Gemma (Allison Williams de “Corra!” e “Fresh”), ainda se ajustando à maternidade, não possui um livro de histórias infantis para oferecer à sua sobrinha, Cady (Violet McGraw de “A Maldição da Residência Hill”). Mas oferece, é claro, ler de um e-book no seu celular. Porém, uma atualização surge e o processo é retardado. Este é só um dos momentos de crítica à digitalização de tudo que o filme faz.

Desde o início fica claro que esse terror tem uma certa dose de humor escrachado. Desde bizarros comerciais de brinquedos até momentos nos quais personagens estão aterrorizados, seu roteiro e direção acabam pendendo para um tom mais cômico, o que inverte o resultado para o público. Este é o filme para quem normalmente não consegue assistir terror. Diversas vezes momentos de tensão arrancaram risadas sinceras da audiência. Isso não é necessariamente algo ruim, afinal o filme diverte com certeza. Entretanto, em nenhum momento entrega a experiência de terror que foi prometida em sua divulgação. As mortes são convencionais demais e desperdiçam o potencial da boneca feita de titânio. Até mesmo Brinquedo Assassino de 2019 tem mortes mais criativas e explora melhor as capacidades da IA.
Para quem é fã do gênero bem específico que a história aborda, vai encontrar referências espalhadas a filmes com ameaças da mesma origem. Temos Exterminador do Futuro, 2001: Uma Odisséia no Espaço, entre outros. Parece um longo episódio de Black Mirror, só que menos intenso. Quanto mais se pensa sobre o que M3GAN é capaz de fazer em termos de integração com nosso meio automatizado, smart homes, etc, mais se pensa em oportunidades perdidas de terror domiciliar. Essas ferramentas que deveriam funcionar a favor do usuário sendo corrompidas pela IA poderiam ter dado mais corpo ao filme. Chame seus amigos e vá se divertir em grupo, pois este não é daqueles de assistir concentrado para aumentar a imersão e o terror.

Gostou da crítica? Continue acompanhando o site e nossas redes sociais!
Instagram: @terranerdica
Twitter: @terranerdica
Facebook: @terranerdica