“O espião Orson Fortune precisa rastrear e conter a venda de uma nova tecnologia de armas mortais que está sendo realizada pelo bilionário Greg Simmonds. Junto com uma das melhores equipes de operações especiais do mundo, Fortune recruta o astro de Hollywood Danny Francesco para ajudá-los a passar despercebidos na missão de salvar o mundo.”
Filmes de espionagem são aventuras fascinantes para o público por terem um pé na realidade e outro na fantasia. Espiões são sim pessoas bem reais, porém suas habilidades são extrapoladas para nosso entretenimento. É quase padrão protagonistas serem os melhores no que fazem, salvo uma falha de caráter ou temperamento rebelde. Portanto, é possível não gostar de como esses especialistas se comportam, mas impossível duvidar de sua capacidade para completar a missão. Em “Esquema de Risco”, do diretor Guy Ritchie, não é somente possível como obrigatório duvidar das habilidades de seu protagonista Orson Fortune (Jason Statham), que não sabe identificar pontos cardeais ou qual é a porta da frente de uma casa.
A partir do momento em que é feita a escolha de enviar este agente para impedir o tráfico de uma nova arma letal desconhecida avaliada em 10 bilhões de dólares, é automática a associação de incompetência a todos os envolvidos, desde quem recrutou Orson até quem o próprio decide que será vital para a operação. Não há nada que motive o público a identificá-lo como o herói além dele ser o personagem em destaque no pôster.

Há um conflito de identidade aqui. A trilha sonora trata tudo com gravidade e urgência, destilando momentos de intriga internacional e perseguições. O texto entrega algo que beira paródias, sempre com uma piada sobre partes íntimas engatilhada. O problema não é ser uma comédia de ação, e sim precisar emburrecer seus personagens para extrair de seus fracassos risos baratos. Outro emburrecimento que ocorre diversas vezes é dos capangas que caem no mesmo truque de distração de “olha isso aqui” seguido de um soco. Pior ainda é quando os personagens falam de truques básicos como feitos de extrema maestria. Não há cuidado em mostrar como as partes mais difíceis das operações foram feitas, aquelas que realmente exigem perícia. Eles simplesmente estão nos lugares, o acesso já foi conquistado. É uma confiança pedida ao público, mas que nenhum personagem conquista.
Ainda assim, é possível se divertir com certos personagens como o extravagante Greg Simmonds, interpretado por Hugh Grant (Um Lugar Chamado Notting Hill, 1999), confortabilíssimo no papel do vilão cafajeste bilionário. Outro que diverte é o astro de ação inseguro Danny Francesco, interpretado por Josh Hartnett (Penny Dreadful, 2014-2016). Fora esses, os risos que saem são acidentais.
