Jake Sully e Ney’tiri formaram uma família e estão fazendo de tudo para se manterem unidos. Entretanto, quando uma antiga ameaça ressurge, eles devem deixar seu lar e explorar outras regiões de Pandora para se protegerem.
Após longos 13 anos, temos a continuação do filme que revolucionou a indústria de efeitos visuais e lançou tendência com o formato 3D. Porém, depois de tanto tempo o resultado é um misto de visuais impressionantes (com ressalvas) e um roteiro muito aquém da expectativa.
A trama é extremamente parecida com seu antecessor: anos se passaram e, como esperado, os humanos voltaram e estão atrás daquele que os expulsou e de uma nova matéria-prima que vale dezenas de milhões de dólares. Quem assistiu o trailer sabe que velhos inimigos retornam em forma de avatar. Não vou entrar em detalhes sobre como, mas adianto que é da forma mais preguiçosa possível além de ser jogada na continuidade do primeiro filme. E junto desse retorno surge um novo personagem que agora temos que aceitar que já existia em Avatar (2009) mesmo sem haver menção alguma dele. Suspensão de descrença e furo de roteiro são duas coisas diferentes.
O foco da história dessa vez é muito maior nos filhos de Jake (Sam Worthington) e Ney’tiri (Zoe Saldaña), o que dá um ar de jornada de amadurecimento e autoconhecimento muito legal pro filme que tem bastante humor. Dentre broncas, teimosias, fraternidade e amor à primeira vista o núcleo jovem diverte bastante e norteia tudo que vem a acontecer. A mensagem é que boa comunicação é essencial, tanto na hora de ouvir seus pais quanto na de ouvir seus filhos. Já os pais ficam muito engessados no papel de protetores da família e não fazem muito além de dar ordens, aconselhar e ficar “limpando a bagunça” que seus filhos deixam para trás.

A ambientação, como o título adianta, muda para um arquipélago de Pandora onde a família se refugia por segurança com um clã diferente dos na’vi chamados Metkayina, com formas hidrodinâmicas que os torna adaptados à água. É aqui que a história começa a ficar familiar demais: temos estrangeiros que não são adaptados àquele ambiente, não conhecem os costumes locais e não sabem lidar com a nova fauna e flora. Então há uma repetição da sequência de Jake aprendendo como ser Omaticaya só que agora com toda sua família, incluindo Ney’tiri. Algo parecido ocorre no núcleo dos vilões e aqui que separamos o herói Jake do vilão Quaritch (Stephen Lang). Mesmo após ter um pouco da vivência de um na’vi, sua opinião sobre Pandora não muda e ele agora incorpora a perversão da natureza, usando do corpo de um nativo para usufruir de sua comunhão com a fauna e a flora. Isso se extende também aos veículos humanos, todos claramente baseados em formas de vida de uma Terra moribunda enviados para dizimar a natureza de outros planetas.
Sobre essa sintonia entre os extraterrestres azuis e sua natureza, a suspensão de descrença é levada ao limite. Parece cada vez menos uma adaptação biológica e cada vez mais um super poder, ao ponto de termos diálogos a nível Doutor Dolittle. O que antes traçava um paralelo entre povos originários e sua harmonia com o ecossistema agora usa de atalhos sobrenaturais para facilitar as amarrações numa trama que não trás muita novidade e arrisca ridicularizar sua mensagem de preservação do meio-ambiente.
O que compensa são os visuais exuberantes de tirar o fôlego, principalmente nas sequências submarinas. Nesse quesito, James Cameron relembra porque o uso da tecnologia 3D que ele popularizou pode ser uma ótima ferramenta de imersão. Mergulhar com as criaturas marinhas nadando à sua volta, passando próximo ao rosto ou vendo elas se aproximando de longe ganha novas camadas, literalmente. Só posso falar pela experiência que tive no formato 3D XD. Se tem um filme que vale o ingresso mais caro, é esse. Uma ressalva é a taxa de 48 quadros por segundo, o dobro do normal para filmes, que em vez de suavizar a imagem só destaca que tudo ali é artificial. Pessoalmente, achei um exagero. Poderia ter sido usado somente debaixo d’água para diferenciar da movimentação menos fluida e graciosa que temos em terra firme.
O resultado é uma obra familiar demais ao seu antecessor para chamar de inovadora e coloca em dúvida o que mais há para contar numa franquia que tem outros três filmes confirmados. Será que Cameron e cia conseguem reconquistar o fascínio do público o suficiente para compensar seu investimento bilionário? Veremos.

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