Ressuscitado por uma entidade sinistra, o palhaço Art retorna a Miles County para aterrorizar uma adolescente e seu irmão mais novo na noite de Halloween.
É com essa magra sinopse que Terrifier 2 dá seu pontapé inicial e começa exatamente de onde o primeiro parou: o retorno misterioso do palhaço Art de sua morte no necrotério da cidade. Desde o início fica claro: ele agora é virtualmente imortal, já que anda por aí ressuscitado após tomar um tiro na cabeça. Isso o coloca no mesmo nível de indestrutibilidade de Jason Vorhees pós-Sexta-Feira 13 – Parte 6. Agora ele se tornou uma ameaça sobrenatural.
De cara temos a promessa de mais mortes grotescas e brutais que espantam pelo nível técnico das próteses que dão aquela aflição e fascínio por beirar o impossível. Afinal, estou vendo um filme, sei que são falsas, mas ao mesmo tempo quero observar com atenção para ver se consigo identificar as emendas entre elas e os atores, apesar de enquanto isso eu estar com cara de quem chupou limão. Para quem é fã do cinema de terror dos anos 70 e 80 as mortes nesse filme são um prato cheio.
Falando em terror das antigas, o problema é o roteiro também lembrar tais filmes e isso nem de longe é elogio. Pessoalmente, acredito que existem duas intenções quando se trata de ameaças sobrenaturais: as que possuem regras e portanto meios de serem vencidas; e as que são um completo mistério e nossos protagonistas não tem opção a não ser correr para se salvar. Aqui existe uma trilha de migalhas que não leva a lugar nenhum. Grande parte do roteiro foca em desenhos misteriosos deixados para trás por um pai ausente que agora começam a coincidir com personagens e lugares da trama, mas ao final não ajuda a entender nada, só estão lá para dar a ilusão da existência de uma linha narrativa a ser seguida. A intenção não é confundir o público para depois surpreender. A intenção é enganar.
No campo das atuações houve uma melhora expressiva em comparação ao primeiro. Não que fosse um desafio, mas é preciso dar crédito onde há esforço. Grande parte do terror sentido pelo público vem do quanto os atores conseguem convencer do seu sofrimento, ainda mais quando o nível das agressões são ferimentos tão graves ao ponto de não termos como quantificar a dor (ser escalpelado, ter os olhos arrancados, etc) e a intérprete de Brooke, Kailey Hyman, é um destaque aqui. Não podem faltar elogios para o intéprete de Art, David Howard Thornton. Sem emitir sons consegue arrancar risadas mesmo durante momentos macabros. É o Mr Bean do terror. Já o resto do elenco sofre, na verdade, para transmitir emoções básicas ou para controlar sua expressividade para sua performance não ficar caricata.
Depois de mais de 2 horas de “fatalities” nível Mortal Kombat e uma trama cada vez mais perdida, o que resta é um currículo excelente para os efeitos especiais de Damien Leone mas não para sua habilidade de contar histórias. Talvez tenha faltado inspiração em slashers que extrapolam bem suas tramas sobrenaturais como “A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos” e “Hellbound: Hellraiser 2” para finalizar a história de maneira satisfatória.
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