Criada por Joelle Jones, a história de Moça Maravilha (Wonder Girl) foca na apresentação da Yara Flor para o universo mainstream (até então ela só havia aparecido em Dark Nights: Death Metal e Future State).
A história começa mostrando Yara criança na Amazônia, a mãe dela Aella é morta por guerreiros de Ares. Aella era uma amazona de Temiscera que se apaixonou por um deus brasileiro do rio – Joelle nem se deu ao trabalho de procurar um nome pra divindade – e passou a viver com a tribo esquecida das amazonas da Amazônia. Yara depois é acolhida e escondida até a fase adulta vivendo nos EUA até que aos 21 anos resolve fazer uma viagem ao Brasil em busca de suas origens. Ela faz um tour para Foz do Iguaçu, onde acaba se afeiçoando pelo guia turístico João – sim, ela simplesmente procurou na internet qual o nome masculino mais comum no Brasil e botou no cara! Na visita as Cataratas, Yara ouve um canto de sereia e é puxada para a água, onde ela conhece a deusa Iara que lhe dá seu laço que lhe permite controlar seus poderes hidrocinéticos herdados pelo seu pai divino.
Por causa do acidente, João resolve levá-la de volta para o Rio de Janeiro, onde estava hospedada, então – se prepara! – Ela é atacada por batedoras amazonas no meio do avião! E é claro que o avião cai. Como elas não pensaram nessa merda?! Mataram um monte de inocentes e o pior – já falei: se prepara! – ela estava indo de Foz do Iguaçu pro Rio de Janeiro e caiu na Amazônia! – Pronto. Pode rir.
Tá, mas história que segue. Yara então descobre que estava sendo procurada por batedoras de vários tribos amazonas – Temiscera, Bana-Mighdall com Artemis, as Esquecidas com Potira e as sem tribo com a Cassie Sandsmark, além de Eros, o Cupido, mandado pelo próprio Olimpo. Cassie é mandada por Hipolita nos EUA para o Brasil sendo que o Brasil é enorme e elas não fazem nem ideia da região pra onde a garota foi. Mostrando como gringo é ignorante com geografia mesmo – era só verificar para onde ela comprou a passagem, mas não! Fizeram a coitada pegar vôo para todas as capitais do país procurando uma menina indígena – risos – como se não houvesse várias! E o pior: ela só descobre porque um youtuber brasileiro estava fazendo parte do tour em Foz do Iguaçu também e filmou a Yara.
Artemis e Cassie estão sempre atrasadas em encontrar Yara, mas é neste momento na Floresta Amazônica que Yara recebe a visita de algumas entidades do Folclore Brasileiro como a Cuca, o Boitatá, o Mapinguari e a Caipora. O que é um momento bem legal, onde eles contam que ela pertence ao panteão amazônico e que ela deveria ir com eles, mas nesse momento chega Eros e lhe finca uma flecha deixando-a apaixonada por ele e ela acaba decidindo ir com ele para o Olimpo.
Chegando no Olimpo, Yara é treinada para se tornar uma guerreira deles, mas ela pede antes pra se despedir do João – eu ri que ela deixou o cara lá na Floresta. Daí ela volta e passa uma última noite de romance com ele, o que não faz sentido, já que ela estava magicamente apaixonada pelo Cupido. O motivo do Olimpo ter interesse na Yara é que eles tem medo de que ela possa ser usada como uma arma contra eles, principalmente se ela descobrir que eles são canalhas e descobre! Yara descobre que foi Eros quem matou sua mãe a mando de Hera que não aceitava uma tribo desertora na América do Sul. Eros então desfaz o encantamento que a deixara apaixonada por ele e diz que ele poderia ter amado ela se não fosse os planos de Hera. Yara responde – Não teria amado não – e vai embora.
Enquanto isto, Cassie conhece Potira na Amazônia que lhe apresenta a tribo das Esquecidas – que eu gosto de chamar de Ycamiabas, porque acho muito melhor do que um nome em português, já que português não é a língua nativa. Por alguma razão ela encontra a Donna Troy lá com as Ycamiabas e todas elas vão até o Olimpo tentar salvar a Yara. Acontece uma luta no portão do Olimpo que só acaba quando Cassie suplica a Zeus como sua neta favorita para que ele poupe a Yara, pois ela já foi como ela, uma semideusa perdida, e ela promete que vai ficar de olho nela. Zeus discorda de que Cassie é sua neta favorita, o que é um momento engraçado até, mas deixa Yara ir embora só porque ficou curioso para ver seu desempenho no Julgamento nas Amazonas e aí começa a continuação da história.
O crossover Julgamento das Amazonas também é escrito por Joelle Jones, mas também com Tom Taylor e todos os envolvidos nas revistas Moça Maravilha, Mulher Maravilha e Núbia e as Amazonas, as revistas que se cruzam nesse evento. O Julgamento das Amazonas é uma espécie de torneio que decidirá a campeã que protegerá o Portal do Destino. Por anos fora decidida entre as próprias temisceranas, mas com a revelação de novas tribos – Bana-Mighdall no Egito e as Esquecidas no Brasil – decidiram abrir para a participação delas, o que tornou o evento o mais importante depois de milênios. A história aqui é bem melhor do que a de Moça Maravilha. O roteiro se leva muito mais a sério. Com menos furos, com exceção do primeiro que mostra Potira conhecendo Yara após libertá-la do Olimpo sendo que elas já haviam se conhecido na Floresta Amazônica, mas enfim.
É clara a tensão política entre todas as tribos amazonas. Elas tem medo real de qual tribal se tornará a guardiã. Mas na noite do jantar que antecederia a competição, Hipolita é encontrada morta! No dia seguinte, a Rainha Núbia – que foi coroada na edição 0 de Fronteira Infinita após Hipólita, de luto pela Diana que tinha se sacrificado para deter o Batman que Ri, decide largar o trono de Temíscera e lutar como Mulher Maravilha no lugar de Diana na Liga da Justiça – encarrega Cassie como detetive para descobrir quem teria interesse de matar Hipolita e a tensão só aumenta, mas elas decidem manter o torneio. Diana – que voltou a vida após recusar o convite de fazer parte da Quintessência – está tomada pela vingança a ponto de querer prender a Ilha toda no laço até descobrir quem foi, o que a Rainha não permite. Então ela vai até o templo pedir a ajuda dos deuses para descobrir quem foi e vingar-se sozinha, mas o fantasma de Antiope lhe dá palavras de conforto.
Temiscera apresenta Acalanta como sua campeã, as Bana-Mighdall apresentam Donna Troy, as Esquecidas apresentam obviamente a Yara Flor e a Princesa Diana se apresenta como a campeã das amazonas destribadas. Quando o torneio está prestes a começar, o chão afunda engolindo as quatro para uma tumba que nenhuma delas sabia da existência. Cassie reúne as representantes para informar que sabe quem matou Hipolita, mas resolve fazer isso apresentando primeiro os motivos pelos quais cada uma das acusadas não seria a culpada para justificar a culpada no final. Esse momento é engraçado, pois uma pergunta – O que ela está fazendo?, Outra responde – Acho que ela está encenando a detetive – e a primeira completa – Oh, deuses! E ela enrola e enrola e no final foi tudo só pra dizer que era a Ártemis, o que era mais do que óbvio, mas não sabemos por quê, porque ela se recusa a dizer e fala que ela tinha os motivos dela e é isso. E ela é presa, mas na hora acontece uma bagunça na Ilha.
As guardiãs do Portal estão sendo mortas pelo Caos, o primeiro deus, e as participantes do torneio descobrem isso e correm para avisar o palácio. O torneio acabou, pois Temiscera estava sendo atacada! Diana, porém, fica soterrada pelos escombros. As outras três correm em direção ao palácio, mas Yara fica fazendo pose a cada salto que dá pelos escombros e as outras falam que não é momento para isso – tudo bem, mas vocês vão ficar me devendo poses! – Só uma das piadas forçadas da Yara. Ela tem uma personalidade bem irritante. Diferente da Cassie que é hiperativa, mas de forma engraçadinha e fofa. Diana por alguma razão chega no palácio antes delas e ainda questiona isso e então temos um momento incrível com todas as tribos reunidas lutando contra o Caos até duas das amazonas se sacrificarem para puxar o Caos pelo Portal e então todas as tribos se reúnem para selar o portal, agora com selos de todas.
Vale lembrar que a todo tempo se referem a Yara como garota, apesar de ela ser adulta e ela sempre responde isso, o que é realmente irritante a forma como tratam ela como criança, mas isso é só pra justificar o nome Moça Maravilha que a Diana dá a ela no final. Yara questiona e Diana explica que as Moças Maravilha tem coisa de 15 a 30 anos, o que nem se compara aos 4 mil anos que ela tem. Yara também questiona se esse cargo é tipo um Robin, já que a Donna e a Cassie também são Moças Maravilha, interrompendo Diana o tempo todo em seu discurso, mas acaba aceitando o posto.
Enfim, algumas coisas ficam mal respondidas. Como por exemplo, não sabemos os motivos do assassinato da Hipolita, nem os motivos do por quê o Caos invadiu Temiscera, sem falar que existe um feiticeiro por trás disso que nem vemos quem é, e parece que tem alguém por trás dele. Provavelmente são respostas que só teremos nas próximas edições de Mulher Maravilha. Fico triste que a série da Moça Maravilha era limitada e terminou na 7. Espero que não despedicem a Yara Flor esquecendo ela como só mais uma das mil amazonas, porque é muito legal ver a nossa cultura sendo representada – por mais que desinformadamente. É o tempo todo o roteiro cometendo gafes com expressões portuguesas ou com a geografia do Brasil, ou mesmo alguns vacilos culturais! Mas enfim, leiam as duas histórias e divirtam-se! A arte é muito boa, particularmente, gosto muito de como Yara e todas as ycamiabas são desenhadas. Inclusive eu gostaria muito que o Julgamento das Amazonas viesse a se tornar roteiro de um vindouro filme!