Então finalmente eu terminei Bee & Puppycat: Lazy in Space (somente Bee e o Gatorrinho no Brasil), a série animada da Netflix criada por Natasha Allegri e que na verdade é um reboot/continuação da série Bee & Puppycat da que foi lançada originalmente para o YouTube.
Para quem não conhece, a série foi lançada para o YouTube em 2015 e conta a história de Bee, a protagonista que aparenta ter 30 anos, mas com uma personalidade infantil, que não tem nenhuma qualificação para conseguir emprego e quando ela tá no momento mais financeiramente crítico da vida dela. Algo que gera identificação imediata para os jovens de 30 anos da geração atual, dos céus abre um portal que cai na mão dela o gato alienígena Puppycat.
Puppycat dá a ela um emprego de agente espacial e desde então eles começam a completar a missões no espaço em planetas variados para arrecadar dinheirinho e poder pagar suas contas. São várias aventuras esquisitas que a gente começa a ter a partir daí e ao mesmo tempo e você vai sabendo um pouco mais sobre quem é o Puppycat e por que ele cruzou os caminhos com a Bee, o seu passado e como um agente espacial e como foi adquirir a forma de um gato e também quem é a própria Bee que aparentemente também não é humana, onde está o seu pai e quem é o inimigo misterioso e sombrio que persegue Puppycat.
A série do YouTube era de episódiozinhos pequenos de cinco minutos. Foram dois episódios pilotos e depois uma temporada de 10 episódios que dava sequência ao piloto e desde então estava sendo prometida a continuação chamada Lazy in Space que sairia em 2019, mas demorou tanto que acabou saindo só agora em setembro de 2021. Já que o público da Netflix não conhecia a série original, a nova série acabou dando um reboot resumindo os eventos anteriores em seus três episódios iniciais e a partir do quarto contando uma nova história. Esses três episódios iniciais além de nos apresentar Bee e o Puppycat também nos apresentam Deckard, o melhor amigo de Bee, que é um cozinheiro frustado que está em dúvidas de aceitar ir estudar numa academia de culinária fora da ilha onde moram.
Também somos apresentados a Tempbot que é uma TV gigante que distribui os trabalhos espaciais para os agentes e tem também a família Wizard, que é a família do Decker, que são os irmãos dele, cada um com uma personalidade e profissão diferente apesar de todos serem visualmente confundíves, mas que ganharam muito mais desenvolvimento na série da Netflix, e a irmã Casterpella, uma ex lutadora que agora trabalha como programadora como desculpa para não sair do quarto e tem também a ex-colega dela Toast, que também é uma lutadora, só que muito mais fracassa, mas que não superou ainda seus tempos de luta e fica perseguindo Casterpella em busca de atormentar a vida dela para sempre. Mas não mais importantes do que o Cardamomo, que é o menino senhorinho do condomínio onde eles moram que é filho da Violet, que é uma princesa alienígena adormecida que dorme num quarto no porão ligada a máquinas máquinas essas que provavelmente aparentemente são da tecnologia de sua nave.
A série é feita do estilo gráfico muito parecido com Steven Universo, apesar de Natasha Allegri, a criadora de Bee & Puppycat, ter sido character design de Hora de Aventura. A gente vê a evolução dos traços dela quando pega para assistir os pilotos do desenho no YouTube até este na Netflix que tem um traço muito mais perfeitinho e a fotografia também está muito linda, com brilhos e sombra muito mais bem trabalhados e coloração muito bem distribuída. Mas outros elementos, que não só o design, também geram identificação imediata com Steven Universo como por exemplo o fato deles morarem numa ilha e basicamente tudo em volta deles ter relação com essa origem alienígena da protagonista e que a gente vai descobrindo muito aos poucos e te prendendo pela curiosidade de cada novo elemento apresentado.
Porém, alguns episódios parecem ter um traço um pouco inferior na dedicação em relação a alguns anteriores às vezes até deixando alguns personagens que são visualmente lindos um pouco feios e esquisitos, especialmente se tratando dos episódios que parece terem sido feitos para preencher a quantidade da temporada o que acaba atrapalhando o ritmo também. Os três primeiros episódios, além de outros por volta do décimo e os últimos são os mais agitados, mas aqueles que preenchem enrolam um pouco mais e acabam se tornando cansativo, um dos motivos para eu ter demorado tanto para terminar apesar da quantidade pequena de episódios. Porém, estes preenchedores são importantes para desenvolver envolvimento, não só da gente, mas da Bee para com os outros personagens da ilha, em especial os irmãos Wizard.
A trilha sonora original é uma das coisas mais envolventes nessa série. Cada musiquinha fica na cabeça tanto de momentos de ação quanto de momentos mais tranquilos também. Quero elogiar também o trabalho da dublagem. Acertaram muito na dublagem principalmente da Bee que não tem que ter uma voz fofinha de criança, ao contrário do erro que fandubs já cometeram, mas sim de uma mulher de 30 anos e também várias piadas que são muito bem traduzidas regionalizadas. Então, sim, eu indico assistir essa versão da Netflix dublado em português brasileiro, mas se você for procurar para ver a original do YouTube, busque com o áudio original e legendado em português.
Sem entrar muito em spoilers, a temporada termina respondendo algumas coisas, mas levantando ainda mais perguntas, coisas que provavelmente vão ser respondidas nas próximas temporadas. Ficamos aguardando e especulando se vai levar o mesmo tempo de espera de produção para a primeira temporada.