Trabalhamos para viver e vivemos para trabalhar. Um dia, tudo isso chega ao fim e encerramos o nosso ciclo neste mundo. Mas o que será que poderia estar nos esperando lá do outro lado?
Essa é a pergunta que Have a Nice Death nos responde: Mais trabalho! Mas calma, não somos nós que vamos trabalhar. Quem vai se preocupar é a própria Morte. Imagina toda a papelada que ela precisa assinar a cada alma penada que chega por lá…
Qualquer um que já trabalhou em escritório sabe o quanto isso pode ser irritante. Ainda mais quando os seus funcionários também começam a causar problemas pela Death Inc., a companhia criada pela Morte para ajudá-la nessa tarefa.
E é por isso que um dia, a diretora simplesmente surta e decide dar um basta em tudo! Sendo a chefe do Submundo é fácil, não é?
A Morte, cansada de sua rotina repetitiva de trabalho, resolve lidar com os problemas da moda antiga, indo “conversar” pessoalmente com os líderes de departamento – os Tormentos – que passaram a ignorar as ordens e apenas se importar com o lucro próprio. Depois da “reunião”, tudo que ela quer são suas merecidas férias. Até a Morte merece um descanso.
Com esse contexto, a Gearbox Publishing nos apresenta um carismático jogo em 2D que garante que, felizmente, você não morra de tédio enquanto joga.
A Morte Pede Férias
Have a Nice Death é um jogo estilo Rougelite, onde você luta contra diversos inimigos em salas aleatórias enquanto tenta chegar o mais longe possível, ocasionalmente encontrando alguns chefões no meio do caminho. Se já jogou Hades, Dead Cells ou títulos similares, você deve ter ideia de como funciona.
As salas no jogo são os diversos andares da Death Inc. Neles, a Morte cuida tanto dos seus funcionários preguiçosos quanto de almas sem rumo. Cada departamento contém suas próprias salas, e você passa por elas por meio de elevadores.
Lançado em Early Access em Março de 2022, o jogo ainda está recebendo atualizações constantes que trazem novos inimigos, áreas e armas.
Assim como em outros títulos do gênero, você encontra Maldições no caminho que, aqui, são muito bem vindas. Elas podem te dar curas rápidas, novas armas ou efeitos diferente. E como tudo (assim como os encontros de inimigos) é aleatório, nenhuma jogatina vai ser igual a outra.
Ele também se encontra totalmente em português, mesmo que com alguns erros de texto em alguns pontos, mas é uma questão de tempo até isso ser corrigido. Lembre-se, o jogo ainda está sendo terminado.
Morrer é a parte fácil
Como é comum nestes jogos (que não costumam ser muito fáceis), a morte é uma constante, – nos dois sentidos nesse caso – e você vai se deparar várias vezes com um fim da sua jornada pelo prédio.
Acontece que a Morte não pode morrer, ela só volta pra mesa de trabalho! E com isso, eles conseguem introduzir outro dos elementos principais dos Rougelites: A ideia é que você tente outra vez, sempre com novas escolhas de upgrades e armas, para encontrar a melhor combinação para vencer todos os chefes (dos departamentos).
Esse é o ponto que você decide se o jogo é ou não para você. A repetição é contínua no jogo, e muitas vezes você vai ter a sensação só estar passando novamente pelos mesmos lugares. Os upgrades da capa aliviam isso, mas pode não ser o suficiente para todos.
Conforme for passando pelas 7 áreas, os inimigos ganham padrões mais difíceis e mais barras de vida. Você talvez precise de várias tentativas para lidar com os chefes mais difíceis e juntar dinheiro para comprar upgrades novos.
O ciclo em Have a Nice Death se resume em: Lutar > Morrer > Lutar até conseguir chegar no final. Após terminar o caminho todo uma vez, você pode habilitar modificadores da dificuldade, o que te dá algumas recompensas extras além de um desafio novo.
Qualidade de matar
Uma das melhores coisas do jogo é o seu visual. Desde a sua animação de abertura até detalhes em salas ou menus, você entende bem qual o propósito e o tom que o jogo vai te apresentar. Se a própria figura caricata da Morte impaciente e querendo um descanso não for o suficiente, não sei o que poderá ser.
Os personagens de apoio que você encontra pelo caminho, em curtos diálogos, conseguem mostrar bem suas personalidades e manias. Dá pra aprender ainda mais sobre isso no Guia dos Funcionários dentro do jogo, que detalha literalmente tudo e todos que você pode encontrar no prédio.
Porém, muitas vezes estes personagens se resumem a apenas aquilo mesmo, sem nenhum grande desenvolvimento além de temerem a fúria da diretora. Não há problema algum nisso, e Have a Nice Death deixa bem claro que essa é sua proposta, mas ainda dá aquela curiosidade de conhecer um pouco mais desse mundo dos mortos.
Agora o que realmente incomoda são questões como as cores do jogo, que as vezes podem te atrapalhar na hora de enfrentar inimigos comuns (principalmente nos primeiros andares). Enfrentá-los sempre na mesma linearidade também pode ser cansativo.
Além disso, a velha foice da Morte é quase sempre mais que o suficiente para lidar com os inimigos. Isso faz com que muitas das armas sejam quase que inúteis ou tão roubadas que precisam de alguma desvantagem para serem balanceadas.
Outras armas básicas além da foice estão disponíveis, mas podem demorar um tanto para serem desbloqueadas. Tudo vai depender do quão bem você for em cada tentativa de “reunião” com os Tormentos.
Mas tudo isso é bem amenizado pelas armas disponíveis serem bem divertidas. Muitos dos seus nomes acabam perdendo os trocadilhos feitos na versão original, mas a localização não deixa de ser boa. E a trilha sonora também não deixa a desejar. Dos efeitos sonoros cartoonescos às músicas com timbres macabros, toda a composição cria o ambiente necessário para a história básica do jogo.
Colocar o jogador em um prédio sobrenatural também é uma sacada incrível para um Rougelite. Você nunca sabe o que pode encontrar no próximo andar, assim como quando visitamos um edifício pela primeira vez. E quando chegamos nessas salas, mesmo com os problemas citados antes, não dá para não notar o trabalho incrivelmente detalhista dos seus designs.
A arte em geral é o que mais destaca o jogo em meio aos outros do gênero. Os traços desenhados a mão (assim como o célebre Cuphead) atraem os olhos de longe, e talvez sejam o que você melhor lembre sobre ele após um tempo.
O título não reinventa a roda, mas sabe entregar um produto distinto entre uma infinidade de outros genéricos, e tem o seu charme. Vale a pena dar uma chance, mas você não vai morrer se não jogar. Ou vai. Quem sabe?
Have a Nice Death está disponível pela Steam em Early Access, sem data prevista para o lançamento completo.