Uma excelente forma de expandir e levar o universo do jogo para outro público
Após o malsucedido lançamento do jogo Cyberpunk 2077, a desenvolvedora, CD Project RED, resolveu adentrar outros mares. Embora nunca saibamos se tal manobra aconteceria independente do resultado de vendas e críticas de seu jogo, Cyberpunk: Mercenários está entre nós. E lhes adianto, como é gostoso ver uma boa história sem presenciar bugs.
Sinopse: Para sobreviver em uma realidade distópica na qual a corrupção e os implantes cibernéticos controlam tudo, um jovem talentoso e impulsivo decide se tornar um mercenário.
Bem-vindo a Night City – A cidade dos sonhos. Uma cidade caótica, de alto custo, divisão social gritante e extremamente opressora em diversos setores. Belo lugar, não? Nela vive David Martinez, um brilhante adolescente, estudante da única escola prestável naquela sociedade onde vive. Apesar de ser um bom garoto, David não é exatamente um santo, mas tenta andar na linha por causa de sua esforçada mãe, Gloria Martinez, que dá tudo de si para seu filho ter uma boa vida no futuro.
Muito louco ver toda essa desigualdade social tão fortemente escancarada, mas sem ser forçada. Não se engane, Night City é o personagem mais importante de todo esse universo. Night City está para Cyberpunk como Gotham está para Batman. A cidade é viva, vibrante, colorida até mesmo nas zonas mais pobres. É difícil uma animação retratar tão bem a sensação de passagem de tempo quanto aqui. Se você moscar algo pode acontecer em outro ponto da cidade sem perceber. Quem sabe isso não é importante? É preciso ficar atento em Night City…
Ao longo da história David vai se misturando com pessoas bem barra pesada. Achei curioso a forma como ele lida com todas essas novas experiencias, porém tal comportamento é desenvolvido de forma maestral. Suas ações possuem um peso muito maior ao seu próprio compreendimento momentâneo. Gostei de como esse amadurecimento foi feito. Aliás, importante salientar: tive muito mais diversão no início da história ao final dela (explico melhor posteriormente).
Na jornada do nosso protagonista contamos com a adição de Lucy, os irmãos Rebecca e Pilar, Maine, Falco, Kiwi e Dorio. Uma curiosidade legal é o dublador de Faraday, vilão de alto cargo corporativo, ser dublado por Giancarlo Esposito, eterno Gus Fring de Breaking Bad (ele realmente só sabe interpretar esse tipo de papel MESMO). Lucy é apresentada de forma fluida e o restante da trupe também. Há um trabalho muito bom em manter uma curva narrativa digna de manter o espectador ansioso pelo próximo episódio. Os episódios subsequentes à aparição da equipe são mega divertidos.
Nesse meio tempo algumas coisas vão acontecendo por baixo dos panos. Esse tom humorístico vai dando espaço para seriedade conforme os episódios avançam. É perceptível a degradação da cidade junto aos personagens. Esse plano de fundo forma uma história bem mais séria ao esperado. Entenda, não dá para imaginar algo assim com um início tão animado. Night City realmente escancara um fato importante: os fracos padecem, os fortes sobrevivem e os bonzinhos serão massacrados; ou melhor, se tiver dinheiro estará a salvo de qualquer coisa (qualquer 2x).
A animação ficou por conta do estúdio Tigger, muito conhecido por Kill la Kill, Little Witch Academia e Promare. Assim como seus antecessores Cyberpunk: Mercenários recebeu uma ótima animação. Esse universo combinou bastante com o estúdio, pois cores vibrantes e agito são característicos das produções do estúdio. Não teremos uma animação perfeitinha, feita frame por frame, mas ela é bastante fluida e bem bonita de se ver. Não irá se decepcionar.
A Netflix tem investido cada vez mais nas produções de animes. Esse mercado vem dominando as plataformas pouco a pouco e esse é mais um acerto da plataforma em questão. Lá já possuímos bons exemplos como: Devilman Crybaby, Castlevania, The Witcher: Lenda do Lobo e agora Cyberpunk: Mercenários para completar a coleção. Apesar de cada um deles serem diferentes, todos possuem boa qualidade (tanto narrativa quanto animada).
Um fato curioso foi o crescente acesso ao jogo após o lançamento do anime. Apesar de toda controvérsia gerada por Cyberpunk 2077, bugs em demasia e performance baixa nos consoles Playstation 4 e Xbox One, a animação deu uma revivida no game tornando a procura em voga novamente. Não é para menos! Dá uma vontade absurda de criar seu próprio bonequinho e sair andando por Night City. Você quer dar tiros por aí, instalar partes cibernéticas no corpo, fazer escolhas determinantes na cidade, dirigir carros em alta velocidade enquanto faz missões de mercenário e tudo mais.
O anime te faz querer saber mais dessa cidade viva. Temos castas apenas mencionadas, mas nunca presentes. Gangues rivais perigosíssimas, entretanto, nunca vistas. Esses tipos de coisas levantam aquela pulga atrás da orelha no quesito “e se eu comprar esse jogo, hein?”. Para se ter ideia o game passou de meros R$60 para R$170 pouco tempo após o lançamento do anime.
E para os emocionados que estão cogitando fortemente comprar o jogo, sinto dizer, a CD já confirmou não fornecer mais suporte aos consoles da geração passada (PS4/Xbox One) após o patch 1.6. Ou seja, o DLC e otimização futuras não serão acessíveis a esse público. Pois é meus amigos, pois é… mas por falar no jogo, um easter egg muito legal é a possibilidade de obter a jaqueta de David Martinez, assim como beber um drink com o mesmo nome do protagonista nele! [Famoso morde, assopra]
Gostei muito de assistir mais uma produção duvidosa, porém satisfatória da Netflix (sim, o promocional dela não é bom). Sinta-se contente, Rafal Jaki, sua criação foi bem-sucedida. Parabéns também aos diretores Hiroyuki Imaishi e Hiromi Wakabayashi por conduzir tão bem tal história e disponibilizarem essa trilha sonora maravilhosa.
Cyberpunk: Mercenários possui dez episódios, com 25 minutos cada, e encontra-se disponível na Netflix.
– Mencionei ter bastante violência explícita e nudes? Não? Ops…