Thriller psicológico dinamarquês propõe muito nervosismo e momentos tensos.
Sinopse: Uma família dinamarquesa visita uma família holandesa conhecida nas férias. O que era suposto ser um fim de semana maravilhoso começa lentamente a desmoronar-se.
Essa crítica será breve, pois não focarei tanto em detalhes técnicos, e sim no sentimento adquirido durante todo o longa.
A direção de Christian Tafdrup foi certeira em trazer o desconforto. Não há uma cena sequer de plenitude. Todas envolvem algum elemento suspeito, um ar de “tem alguma coisa errada”. Ter esse sentimento ao longo de todo filme lhe põe em estado de alerta temendo qualquer acontecimento. Dito isso, esse filme, sem sombra de dúvidas, é um dos mais irritantes.
Não digo isso de forma ruim [irritante]. Você se verá irritado por todo esse clima criado no filme. É óbvia a problemática da trama, a moralidade/ética dúbia e um pepino gigante mediante os personagens principais. É agoniante ver de fora uma situação tão claramente simples de solucionar. Você, telespectador, sabe da estranheza e fica mais agoniado ainda pelos personagens perceberem ela também.
Essa é exatamente a cereja do bolo do filme. Os personagens notam as situações inusitadas e mesmo assim escolhem manter as aparências, tentam ter um conformismo daquilo. Nossa, como isso incomoda! O longa acerta em cheio nessa escolha e escancara uma realidade muito factível, na verdade. Não tão factível no contexto geral, mas dá para dizer “isso não é impossível de acontecer”.
Os atores são muito bons. Principalmente a Sidsel Siem. Ela realmente convence como mãe da criança a ponto de me perguntar se ela é realmente a mãe da atriz, intérprete de sua filha, Livia Fosberg. Temos então a família dinamarquesa: a filha Agnes (Livia Fosberg), o pai Bjørn (Morten Burian) e a mãe Louise (Sidsel Siem). A família holandesa é composta pelo filho Abel (Marius Damslev), o pai Patrick (Fedja van Huêt) e a mãe Karin (Karina Smulder).
Como o longa gira apenas ao redor deles – em um mesmo cenário, na maioria do tempo – o filme cumpre com louvor todos os requisitos de “não chato”, onde poderia falhar facilmente. Em nenhum momento me senti entediado pela dinâmica ou ambientação dos personagens. Muito pelo contrário. A situação é tão agoniante a ponto de desejar acabar de assistir logo. Esse incômodo é realmente o maior destaque, tanto pela atuação dos atores quanto a direção/roteiro.
Apesar do roteiro forçar a barra em alguns momentos, no intuito de causar tais sensações, ele é bem coeso. Uma atitude primária te faz entender todo contexto da família dinamarquesa com simples gestos de cada membro. A família holandesa também tem seus traços marcantes e expressam isso de acordo com o desenrolar da trama. Trama essa bem fácil de ler, aliás. Creio que essa parte nem era o foco do diretor, mas sim toda essa atmosfera de “vai dar ruim” eminente.
Apesar do IMDb o classificar como terror, drama e suspense, acredito em manter apenas o “suspense”, apesar de alguns acrescentarem “thriller” também. O suspense foca mais numa criação de tensão, já o thriller tem o mesmo propósito mais cenas de ação. Penso não estar errada essa adição, pois no finalzinho temos realmente ação. De qualquer forma, é uma película focada na estranheza e convivência social. Se não abraçar essa mesmice o filme fica bem ruim.
Como dito antes, será basicamente os seis personagens em um local com pequenas alterações de ambientes, ou seja; estático. O fato dessa claustrofobia ser tão presente pode afastar alguns. É realmente uma daquelas produções dependentes dos atores para fazer funcionar. Marius Damslev, intérprete de Abel, teve uma importante função a cumprir. Atuar como ele fez é para poucos justamente pelo contexto de seu personagem. Se fizer de qualquer jeito fica ruim e se forçar demais fica igualmente ruim. O ator conseguiu acertar a dosagem certa.
Dificilmente achará esse filme parado, mas com certeza saberá a real definição de agonia. É um ótimo filme despretensioso. Você sentirá na espinha todos seus instintos gritando enquanto assiste. Não tem terror, a não ser que considere “terror psicológico”. Vai tranquilo e de boa. Abrace a loucura.
Nota: Você pode estar falando “Nossa, Arthur, você falou nada sobre o filme e blá blá blá” kkk. Concordo, mas é para seu próprio bem. Não tem muito o que dizer sem entregar demais o plot da história. Cuidado ao ver reviews alheias por aí. Como não é um filme cheio de reviravoltas e acontecimentos é fácil juntar as peças e descobrir tudo. Já é uma história sem muito esmero e você ainda dá chance de perder isso? Vai na minha que é sucesso xD.