Acho que é a primeira vez que falamos de Cobra Kai aqui no site Terra Nérdica. Já fizemos alguns memes sobre em nossas redes sociais – especialmente comparando como se fosse um live-action de anime, – mas nunca dando um review nem mesmo em vídeo ou podcast.
Então, acho que devo fazer um breve resumo do que se trata a série e o que rolou até agora, antes de começar a falar da quinta temporada. A série, para quem não sabe, dá sequência a franquia original de Karatê Kid protagonizada por Daniel LaRusso (Ralph Maccio), mas na perspectiva de seu clássico rival Johnny Lawrence (William Zabka). A ideia surgiu quando os dois atores se reencontraram em How I Met Your Mother no episódio em que organizam uma despedida de solteira frustrada para Barney Stinson que insistia há anos que Johnny Lawrence era o verdadeiro herói de Karate Kid e que a história era na verdade sobre como um menino de Jersey roubava os sonhos de um rapaz da California que passou a vida treinando para ser um mestre carateca.
Partindo deste princípio acompanhamos Lawrence adulto e amargurado com a sua carreira destruída mesmo depois de 30 anos enquanto ele conhece o jovem Miguel Diaz (Xolo Maridueña) e resolve que vai ensiná-lo karate assim trazendo de volta o seu antigo dojo Cobra Kai que por anos dominou o Vale com sua filosofia agressiva tal qual influenciava inclusive seus jovens a serem tão agressivos quanto seu mestre John Kreese (Martin Kove). Enquanto isto, sabendo do retorno da Cobra Kai, Daniel LaRusso que ainda permanece no Conselho Regional de Karate mesmo depois de anos, tenta impedir o retorno da Cobra Kai para o campeonato do Vale. Porém,as, sem sucesso, resolve reabrir o dojo de seu antigo e falecido mestre Sr. Miyagi (Pai Morita) treinando Robby Keene (Tanner Buchanan), filho de Lawrence, e também Samantha LaRusso (Mary Mouser), sua própria filha.
A vitória de Miguel Diaz no campeonato desperta o interesse do retorno do sensei John Kreese que acaba influenciando os alunos da Cobra Kai com sua filosofia agressiva. Enquanto Lawrence esperava abdicar esta após os acidentes causados num combate que houve entre os alunos dos dois dojos na escola que levou a paralisar Miguel após uma queda do segundo andar enquanto enfrentava Robby por motivos românticos.
Afastado de seu próprio dojo, Lawrence reúne alunos fiéis e descontentes com os novos métodos da Cobra Kai e abre seu novo dojo, o Presa de Águia, que eventualmente acabou se aliando com o Miyagi-do para juntos enfrentarem a tirania da Cobra Kai especialmente quando sensei Kreese resolveu trazer de volta seu antigo parceiro, o sociopata Terry Silver (Thomas Ian Griffith) como sensei auxiliar. Porém, que após mais uma vitória da Cobra Kai no Campeonato Regional, apunhalou sensei Kreese tomando seu lugar como sensei após armar agredindo um estudante adulto , o Arraia (Paul Walter), influenciando-o a acusar sensei Kreese em seu lugar, levando-o a prisão e é aqui que começa a quinta temporada.
Devo dizer que, como fã da série, não tinha expectativas para mais uma temporada e nem mesmo acompanhava suas novidades desde que as duas últimas (terceira e quarta) não foram lá grande coisa, ao contrário das duas primeiras que são incríveis (a segunda especialmente). A terceira e a quarta perde metade do tempo em flashbacks e, okay, as duas primeiras já faziam isto com flashbacks dos filmes. Principalmente para situar quem não os viu ou quem não se lembrava dos ocorridos, utilizando-se então de cenas resgatadas dos próprios filmes.
Enquanto a terceira além de fazer o mesmo, perde ainda mais tempo com flashbacks do passado de John Kreese na Guerra do Vietnam, com cenas que foram criadas para a própria série, as quais aprofundam que a origem de sua filosofia agressiva vem de seu líder na guerra, enquanto a quarta temporada permanece a linha de flashbacks sobre Kreese, porém aprofundando sua relação com Silver. Ambas temáticas não acrescentam tanto e não são interessantes a ninguém. Não a toa que mal lembramos dos ocorridos e estes não são tão relevantes para esta nova temporada que resolveu deixar um pouco mais de lado o passado e apresentar uma história totalmente intrigante novamente como fora nas duas primeiras.
Agora, após a Cobra Kai vencer o acordo de quem perdesse no campeonato fecharia o dojo, Silver como novo CEO resolveu expandir a franquia a limites além do Vale. Trazendo assim como novos senseis discípulos de seu antigo mestre. LaRusso e Lawrence cumpriram o acordo de fecharem o dojo, mas enquanto Lawrence tenta seguir a vida adiante buscando novos empregos, mas isto depois de buscar Miguel que partira antes do final do Campeonato para o México, em busca de seu pai que o largou quando bebê. Daniel conta com a ajuda de seu antigo rival de Okinawa, Chozen (Yuji Okumoto), que resolveu enfrentar a Cobra Kai infiltrando-se como sensei. Ao mesmo tempo em que Tory Nichols (Peyton Roi List), arquirrival de Samantha LaRusso, também serve de infiltrada na Cobra Kai, mas para John Kreese.
Como a série se chama Cobra Kai e não Karate Kid eu sempre me pergunto como que vai continuar quando acabarem com o mal da Cobra Kai. A série começa mostrando como a Cobra Kai de Johnny Lawrence fazia bem para seus estudantes enquanto LaRusso simplesmente implicava sem motivos, mas isto mudou com Kreese e Silver como vilões. Aliás, parece que cada temporada tem um novo e ainda pior vilão e esta temporada mostrou muito isto. Com três senseis rivais unindo forças para enfrentar a tirania do mal da Cobra Kai, mantendo ainda o título da série, mas, me pergunto o que será quando este mal for vencido. Os motivos pelos quais esta temporada foi melhor do que as duas anteriores vão além da narrativa que deixou de lado os flashbacks e resolveu seguir de forma mais direta.
Até mesmo as tramas românticas dos adolescentes foram deixadas um pouco mais de lado para servir um propósito maior que era o de combate ao mal. Só não posso dizer que as lutas estão melhores. Aliás, este é um problema que vem desde que a série saiu do Youtube para a Netflix – as lutas e o humor deixaram de ser o forte que era o que reforçava a piada de que Cobra Kai provava que qualquer série adolescente pode ser boa se inserirem karate ou alguma outra luta, fazendo assim como se fosse um anime shounen live-action, mas apesar de as lutas não serem o forte desta quinta temporada, assim como o humor, a trama mais densa e motivada carregou-a e trouxe de volta o brilho que era assistir esta série que tinha um ritmo maravilhoso no começo e aqui retornou-o sem mais delongas.
Como sempre, não consigo ver para qual caminho a série prosseguirá após o final da temporada que mudou todo o status de ambos os dojos. Porém, estou completamente curioso para isto e finalmente novamente ansioso para a próxima temporada, tal como não fico desde o fim da segunda. Cobra Kai tem 50 episódios disponíveis na Netflix.