O primeiro final de semana de um dos maiores festivais de música do planeta, o Rock In Rio, já gerou grandes repercussões e novidades para o público que prestigiou tanto direto da cidade do rock, como em casa.
O festival, que no ano passado completou 36 anos de história, se reinventa a cada edição que passa, com novos artistas, novos estilos e grande diversidade de gêneros musicais. E por falar em diversidade, o último sábado (03) foi dia de rap, bebê! Melhor dizendo, foi dia de rap nacional.
A edição deste ano espalhou o rap pela cidade do rock e trouxe representatividade para todas as gerações, tivemos grandes atrações no Espaço Favela e Palco Sunset.
No sábado (03), brilharam os rappers PK e MC Dom Juan, que ao som do rap e funk atraíram uma multidão para o Espaço Favela. Além de L7nnon, Hariel, MC Carol, e também o rapper Bin, que emocionou o público ao homenagear a nossa eterna rainha da sofrência, Marília Mendonça.
Já no Palco Sunset, teve apresentação de Xamã, um dos grandes nomes da atualidade, que balançou o público ao homenagear Chorão, e também dividiu palco com Brô MC’s. E para quem não conhece, Brô MC’s é simplesmente o primeiro grupo de rap indígena do Brasil e pela primeira vez pisaram no palco do maior festival de música do país. O grupo levou a luta indígena para o palco através de seu som, onde mesclou arte e protesto.
Além desses, o Palco Sunset contou com Matuê, que também é um dos grandes destaques do trap e rap nacional da atualidade, também trouxe protesto escancarado, sem medo de se posicionar, o trapper envolveu em seu show, arte das ruas, política e diversão.
E não parou por aí, o festival também agradou a galera da velha guarda do rap, com uma bela apresentação de Criolo, bem humilde, sem muito “plim-plim”, mas com muita poesia e reivindicações.
Para os fãs de rap, o destaque da noite de sábado (03), sem dúvidas, foi o show de Racionais Mc’s. E que show, hein?! Mesmo com mais de 30 anos de sucesso, essa foi a primeira vez que o grupo pisou no Rock In Rio.
A apresentação além de marcar o retorno do grupo, entrou para a história e isso é inquestionável! O grupo dominou o palco com a projeção de Warriors – Os Selvagens da Noite, obra clássica dos anos 80, que trata a violência em sociedade. A performance dos artistas prendeu a atenção de todo o público, conhecendo ou não, todos estavam atentos à saída de Mano Brown, Ice Blue e Edy Rock, do vagão de metrô.
“Essa é para vocês que não viraram comida de tubarão!” disse Mano Brown antes de iniciar “Negro Drama”, o momento mais impactante e que consagrou a apresentação de Racionais como a melhor do Sunset. Durante a música, o telão transmitia a foto e nome de brasileiros e brasileiras vítimas de violência policial e racista, como Marielle Franco, Miguel, Agatha, e -infelizmente- inúmeros outros.
Já na noite de domingo (04) o Palco Sunset foi preenchido pela poesia, humildade e letras fortes de Emicida. O show do rapper contou com a participação de Drik Barbosa, Rael e Priscilla Alcântara. Sua apresentação, tal como suas músicas, trouxeram denúncia contra o racismo, a valorização do povo preto e suas raízes africanas, além de amor e respeito ao próximo. Emicida cantou sucessos como Hoje Cedo, Triunfo, Levanta e Anda, AmarElo, entre outros. O artista lançou pedrada, mas também acalentou os corações.
E o que é o rap nacional se não isso? Pedradas e palavras tão fortes que chegam a doer; letras tão densas que não há quem não reflita; um pouco de ousadia e love song? Claro, por quê não?
Os shows de grandes rappers nos mostraram a função do rap em sociedade, que é o de ser político, ser antirracista, falar sobre e pelas minorias, ou seja, dar voz a um povo sem voz. O rap é uma arte musicada feita para expressar, protestar e revolucionar quem ouve, arte essa que vem há anos buscando espaços e representatividade, seja nas ruas, nas batalhas de rima, nas rádios, tv e nos grandes festivais.
O rap nacional é foda e o Rock In Rio só espalhou isso!