Estreou nesta última semana na Amazon Prime Video a nova série spin-off de O Senhor dos Anéis – Os Anéis de Poder – que você pode conferir as primeiras impressões aqui no site – e muitos devem estar se perguntando em que livro se baseia esta série? Vi que muitos estão respondendo que estão usando material-base de livros como O Silmarilion, Contos Inacabados e até mesmo A História da Terra Média (coletânea definitiva de Christopher Tolkien), mas a resposta é mais simples do que isto: é baseado em O Senhor dos Anéis mesmo.
Mas como assim O Senhor dos Anéis? Pois é. Lembra no começo do filme que tem aqueles 5 minutos de introdução sobre a guerra contra Sauron e a forja dos anéis? Este trecho não está na introdução do livro, mas em seus apêndices, no final de O Retorno do Rei, onde J. R. R. Tolkien presenteou os fãs com informações extras sobre as raças, genealogia e a história da Terra Média. Basicamente a série está usando destes trechos que foram resumidos em 5 minutos de O Senhor dos Anéis e estão transformando em 5 temporadas de dez episódios – e acredite: tem conteúdo para isto!
Só para você ter noção, você que leu O Hobbit e estranhou os 50 minutos a mais de informação extra sobre os anãos, o Conselho Branco e o Necromante e não lembra onde isto foi citado no livro e também não encontrou em O Silmarillion, é justamente porque este conteúdo está nas páginas finais de O Senhor dos Anéis e muitos não sabem porque, ou não terminaram de ler a trilogia, é claro, o que é compreensível, ou simplesmente terminaram e não leram os extras. Então justamente por isto muitos não estão entendendo algumas mudanças feitas pela série, mas que tem embasamento nos próprios livros e eu vou citar eles aqui em ordem cronológica lembrando que você pode comprar o livro completo, lançado pela Harper Collins Brasil, através deste link aqui:
A Primeira Era
Sobre as duas grandes árvores de Valinor e sua destruição e a grande guerra contra Morgoth (sequência inicial do primeiro episódio):
Fëanor foi o maior dos Eldar em artes e saber, mas também o mais altivo e voluntarioso. Lavrou as Três Joias, as Silmarilli, e preencheu-as com a radiância das Duas Árvores, Telperion e Laurelin, que davam luz à terra dos Valar. As Joias foram cobiçadas por Morgoth, o Inimigo, que as roubou e, depois de destruir as Árvores, as levou à Terra-média e as guardou em sua grande fortaleza de Thangorodrim. Contra a vontade dos Valar, Fëanor renunciou ao Reino Abençoado e exilou-se na Terra-média, levando consigo grande parte do seu povo; pois em seu orgulho tinha o propósito de recuperar as Joias de Morgoth à força. Depois disso seguiu-se a desesperançada guerra dos Eldar e Edain contra Thangorodrim, em que por fim foram completamente derrotados.
O Senhor dos Anéis – Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
Sobre a raça de Elrond e sua escolha de permanecer na Terra Média:
Os filhos de Eärendil eram Elros e Elrond, os Peredhil ou Meio-Elfos. Somente neles foi preservada a linhagem dos heroicos chefes dos Edain na Primeira Era; e após a queda de Gil-galad, a linhagem dos Reis alto-élficos era representada, também na Terra-média, somente pelos descendentes deles. No fim da Primeira Era os Valar deram aos Meio-Elfos uma escolha irrevogável sobre a gente à qual iriam pertencer. Elrond escolheu ser da gente dos Elfos e tornou-se mestre da sabedoria.
A ele, portanto, foi concedida a mesma graça que àqueles Altos Elfos que ainda permaneciam na Terra-média: que, quando estivessem finalmente fatigados das terras mortais, poderiam tomar uma nau nos Portos Cinzentos e passar ao Extremo Oeste; e esta graça continuou após a mudança do mundo. Mas aos filhos de Elrond também foi designada uma escolha: passarem com ele para além dos círculos do mundo; ou, se permanecessem, tornarem-se mortais e morrerem na Terra-média. Para Elrond, portanto, todas as sortes da Guerra do Anel estavam repletas de pesar.
O Senhor dos Anéis – Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
Fim da Primeira Era:
A Primeira Era terminou com a Grande Batalha, em que a Hoste de Valinor rompeu Thangorodrim e derrotou Morgoth. Então a maior parte dos Noldor retornou para o Extremo Oeste e habitou em Eressëa à vista de Valinor; e muitos dos Sindar também atravessaram o Mar.
O Senhor dos Anéis – Apêndice B: O Conto dos Anos
Segunda Era:
O surgimento de Númenor:
Como recompensa por seus sofrimentos na causa contra Morgoth, os Valar, os Guardiões do Mundo, concederam aos Edain uma terra que pudessem habitar, removida dos perigos da Terra-média. Portanto, a maior parte deles zarpou por sobre o Mar e, guiados pela Estrela de Eärendil, chegaram à grande Ilha de Elenna, a mais ocidental de todas as Terras Mortais. Ali fundaram o reino de Númenor.
O Senhor dos Anéis – Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
Mas um comando havia sido imposto aos Numenóreanos, a “Interdição dos Valar”: estavam proibidos de navegarem rumo ao oeste, fora de vista de suas próprias costas, ou de tentarem pôr os pés nas Terras Imortais. Pois, apesar de ter sido concedida a eles uma longa duração de vida, no começo o triplo da dos Homens menores, eles tinham de
permanecer mortais, visto que aos Valar não era permitido tirar deles a Dádiva dos Homens (ou Sina dos Homens, como foi chamada depois).Elros foi o primeiro Rei de Númenor e mais tarde ficou conhecido pelo nome alto-élfico de Tar-Minyatur. Seus descendentes foram longevos, mas mortais. Mais tarde, quando se tornaram poderosos, sentiram rancor da escolha de seu antepassado, desejando a imortalidade dentro da vida do mundo que era destino dos Eldar e murmurando contra a Interdição. Deste modo começou sua rebelião que, sob os ensinamentos malignos de Sauron, provocou a Queda de Númenor e a ruína do mundo antigo, como está contado no “Akallabêth”.
Estes são os nomes dos Reis e Rainhas de Númenor: Elros Tar-Minyatur, Vardamir, Tar-Amandil, Tar-Elendil, Tar-Meneldur, Tar-Aldarion, Tar-Ancalimë (a primeira Rainha Governante), Tar-Anárion, Tar-Súrion, Tar-Telperiën (a segunda Rainha), Tar-Minastir, Tar-Ciryatan, Tar-Atanamir – o Grande, Tar-Anca-limon, Tar-Telemmaitë, Tar-Vanimeldë (a terceira Rainha), Tar-Alcarin, Tar-Calmacil, Tar-Ardamin.
Depois de Ardamin, os Reis assumiram o cetro em nomes na língua númenóreana (ou adûnaico): Ar-Adûnakhôr, Ar-Zimrathôn, Ar-Sakalthôr, Ar-Gimilzôr, Ar-Inziladûn. Inziladûn arrependeu-se dos costumes dos Reis e mudou seu nome para Tar-Palantir, “O de Visão Longínqua”. Sua filha deveria ter sido a quarta Rainha, Tar-Míriel, mas o sobrinho do Rei usurpou o cetro e se tornou Ar-Pharazôn, o Dourado, último Rei dos Númenóreanos.
O Senhor dos Anéis – Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
Enquanto isso na Terra Média (aqui começam os eventos atuais da série):
Estes foram os anos sombrios para os Homens da Terra-média, mas os anos da glória de Númenor. Dos eventos da Terra-média os registros são poucos e breves, e suas datas são frequentemente incertas.
No começo dessa era ainda permaneciam muitos dos Altos Elfos. A maioria deles habitava em Lindon, a oeste das Ered Luin; mas antes da construção da Barad-dûr muitos dos Sindar passaram para o leste, e alguns estabeleceram reinos nas florestas distantes, onde seu povo era na maioria de Elfos Silvestres. Thranduil, rei no norte de Verdemata, a Grande, era um deles. Em Lindon, ao norte do Lûn, habitava Gil-galad, último herdeiro dos reis dos Noldor no exílio. Era reconhecido como Alto Rei dos Elfos do Oeste. Em Lindon, ao sul do Lûn, habitou por algum tempo Celeborn, parente de Thingol; sua esposa era Galadriel, a maior das mulheres élficas. Era irmã de Finrod Felagund, Amigo-dos-Homens, outrora rei de Nargothrond, que deu a vida para salvar Beren, filho de Barahir.
O Senhor dos Anéis: Apêndice B – O Conto dos Anos: A Segunda Era
Os anãos de Khazad-dum:
Após o fim da Primeira Era, o poder e a fortuna de Khazad-dûm aumentaram em muito; pois foi enriquecida por muita gente e muito saber e ofício quando as antigas cidades de Nogrod e Belegost, nas Montanhas Azuis, foram arruinadas no rompimento de Thangorodrim. O poder de Moria perdurou através dos Anos Sombrios e o domínio de Sauron, pois, apesar de Eregion ser destruída e fechar-se os portões de Moria, os salões de Khazad-dûm eram demasiado fundos e fortes e repletos de um povo demasiado numeroso e valente para que Sauron os conquistasse do exterior. Assim, sua riqueza por muito tempo ficou inviolada, apesar de seu povo começar a minguar.
O Senhor dos Anéis – Apêndice A – III: O Povo de Durin
A descoberta do Mithril:
Mais tarde alguns dos Noldor foram a Eregion, no oeste das Montanhas Nevoentas e perto do Portão-oeste de Moria. Fizeram isso porque souberam que o mithril fora descoberto em Moria. Os Noldor eram grandes artífices, e menos hostis aos Anãos que os Sindar; mas a amizade que se formou entre o povo de Durin e os artífices-élficos de Eregion foi a mais próxima que já houve entre as duas raças. Celebrimbor foi Senhor de Eregion e o maior dos seus artífices; ele descendia de Fëanor.
O Senhor dos Anéis: Apêndice B – O Conto dos Anos: A Segunda Era
A respeito dos pés-peludos:
Antes da travessia das montanhas os Hobbits já se haviam dividido em três estirpes um tanto diversas: Pés-Peludos, Grados e Cascalvas. Os Pés-Peludos eram mais morenos de pele, mais miúdos e mais baixos, eram imberbes e não calçavam botas; suas mãos e pés eram asseados e ligeiros; e preferiam os planaltos e as encostas dos morros. Os Pés-Peludos tinham muitos contatos com os Anãos em tempos passados e por muito tempo viveram nos sopés das montanhas.
Mudaram-se cedo rumo ao oeste e perambularam por Eriador até o Topo-do-Vento, enquanto os demais ainda estavam nas Terras-selváticas. Eram a variedade mais normal e representativa dos Hobbits e, de longe, a mais numerosa. Eram os mais inclinados a se estabelecer num só lugar e preservaram por mais tempo seu hábito ancestral de viver em túneis e tocas.
O Senhor dos Anéis: Prólogo I – A Respeito dos Hobbits
A corrupção de Númenor (eventos que provavelmente aparecerão nas próximas temporadas):
O reino de Númenor perdurou até o fim da Segunda Era e cresceu sempre em poderio e esplendor; e até se passar metade da Era, os Numenóreanos também cresceram em sabedoria e júbilo. O primeiro sinal da sombra que se abateria sobre eles apareceu nos dias de Tar-Minastir, o décimo primeiro Rei. Foi ele quem enviou uma grande tropa em auxílio de Gil-galad. Amava os Eldar, mas invejava-os. Os Numenóreanos, àquela altura, haviam se tornado grandes navegantes, explorando todos os mares rumo ao leste, e começavam a ansiar pelo Oeste e pelas águas proibidas; e quanto mais jubilosa era sua vida, tanto mais começavam a desejar a imortalidade dos Eldar.
Ademais, depois de Minastir, os Reis tornaram-se cobiçosos de riqueza e poder. Inicialmente os Numenóreanos haviam chegado à Terra-média como instrutores e amigos de Homens menores afligidos por Sauron; mas agora seus portos se transformaram em fortalezas, mantendo em sujeição amplas terras costeiras. Atanamir e seus sucessores cobravam pesados tributos, e as naus dos Númenóreanos voltavam carregadas de pilhagem.
O Senhor dos Anéis – Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
A queda de Númenor:
Não obstante, o poder e a riqueza dos Numenóreanos continuava a aumentar; mas seus anos minguavam à medida que crescia seu medo da morte, e seu júbilo partiu. Tar-Palantir tentou emendar o mal; mas era tarde demais, e houve rebelião e contenda em Númenor. Quando ele morreu, seu sobrinho, líder da rebelião, assumiu o cetro e se tornou o Rei Ar-Pharazôn. Ar-Pharazôn, o Dourado, foi o mais altivo e mais poderoso de todos os Reis e seu desejo era nada menos que a realeza do mundo.
Resolveu desafiar Sauron, o Grande, pela supremacia na Terra-média, e por fim ele próprio zarpou com grande esquadra e atracou em Umbar. Eram tão grandes o poderio e o esplendor dos Númenóreanos que os próprios serviçais de Sauron o desertaram; e Sauron humilhou-se, fazendo homenagem e implorando perdão. Então Ar-Pharazôn, na loucura de seu orgulho, levou-o de volta aprisionado para Númenor.
Não demorou muito tempo para Sauron enfeitiçar o Rei e dominar seu conselho; e logo havia revertido os corações de todos os Númenóreanos, exceto pelos Fiéis restantes, de volta à escuridão. E Sauron mentiu ao Rei, declarando que a vida eterna seria daquele que possuísse as Terras Imortais e que a Interdição fora imposta somente para evitar que os Reis dos Homens ultrapassassem os Valar. “Mas grandes Reis tomam o que é seu direito”, disse ele.
Por fim Ar-Pharazôn escutou este conselho, pois sentia que minguavam seus dias e estava assombrado pelo medo da Morte. Então preparou o maior armamento que o mundo já vira e, quando estava tudo pronto, soou suas trombetas e zarpou; e rompeu a Interdição dos Valar, chegando com guerra para arrancar a vida eterna dos Senhores do Oeste. Mas, quando Ar-Pharazôn pôs os pés nas praias de Aman, a Abençoada, os Valar depuseram sua condição de Guardiões e invocaram o Uno, e o mundo foi mudado. Númenor foi derrubada e tragada no Mar, e as Terras Imortais foram removidas para sempre dos círculos do mundo. Assim terminou a glória de Númenor.
Os últimos líderes dos Fiéis, Elendil e seus filhos, escaparam da Queda com nove naus, levando um rebento de Nimloth e as Sete Pedras-Videntes (dádivas dos Eldar à sua Casa); e foram carregados no vento de grande tempestade e lançados nas praias da Terra-média. Ali estabeleceram, no Noroeste, os reinos númenóreanos no exílio, Arnor e Gondor. Elendil foi o Alto Rei e habitava no Norte em Annúminas; e o governo no Sul foi entregue a seus filhos, Isildur e Anárion. Ali fundaram Osgiliath, entre Minas Ithil e Minas
O Senhor dos Anéis: Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
Anor, não longe dos confins de Mordor. Pois criam que ao menos proviera da ruína este bem: que Sauron também perecera.
Mas não era assim. Sauron foi deveras apanhado na destruição de Númenor, de modo que a forma corpórea em que por longo tempo caminhara pereceu; mas fugiu de volta à Terra-média, um espírito de ódio carregado por um vento escuro. Nunca mais foi capaz de assumir uma forma que parecesse bela aos homens, mas tornou-se sombrio e hediondo, e daí em diante seu poder foi somente pelo terror. Entrou outra vez em Mordor e ali, durante certo tempo, ocultou-se em silêncio. Mas foi grande sua ira quando soube que Elendil, a quem mais odiava, lhe escapara e agora organizava um reino em suas fronteiras.
Portanto, algum tempo depois moveu guerra contra os Exilados, antes que se enraizassem. Orodruin mais uma vez irrompeu em chamas e foi renomeada em Gondor como Amon Amarth, Monte da Perdição. Mas Sauron desferiu seu golpe cedo demais, antes que seu próprio poderio estivesse reconstruído, enquanto que o poderio de Gil-galad crescera em sua ausência; e na Última Aliança que se formou contra ele, Sauron foi derrotado e o Um Anel lhe foi tirado. Assim terminou a Segunda Era.
O Senhor dos Anéis: Apêndice A – I: Os Reis Numenorianos
A queda de Khazad-dum:
O poder de Sauron, serviçal de Morgoth, voltava então a crescer no mundo, apesar de a Sombra na Floresta que dava para Moria ainda não ser conhecida como aquilo que era. Todos os seres malignos se agitavam. Os Anãos escavaram fundo nessa época, buscando mithril embaixo de Barazinbar, o metal sem preço que ano após ano se tornava mais difícil de obter. Assim despertaram do sono um ser de terror, um Balrog de Morgoth. Durin VI foi morto por ele, e então passou a glória de Moria, e seu povo foi destruído ou fugiu para longe.
O Senhor dos Anéis: Apêndice A – III: O Povo de Durin
Como falei no começo do artigo, todos os trechos aqui foram retirados de O Senhor dos Anéis. Você pode comprar os livros de O Senhor dos Anéis oferecidos pela Harper Collins Brasil através deste link aqui.
Vale lembrar que os eventos aqui descritos não estão necessariamente na ordem correta. A série está fazendo um trabalho de adaptação contando a história de diferentes povos acontecendo ao mesmo tempo, por exemplo, os eventos de Celebrimbor e Elrond preparando a forja do anel não ocorrem ao mesmo tempo da guerra civil de Númenor, nem mesmo Númenor era uma civilização tão avançada ainda na época, começava dar os primeiros passos. O mesmo serve para o surgimento de Mordor, não aconteceu ao mesmo tempo dos outros dois eventos.
Na linha temporal original, Sauron guerreia pela primeira vez contra os homens e elfos após já ter construído os anéis e some por cerca de dois mil anos, deixando a Terra Média em paz, e reaparece em Númenor, influenciando seu rei. Após a devastação de Númenor ele perde seu corpo e passa a arquitetar seu plano em Mordor e daí enfim há a última aliança entre elfos, anãos e homens. Já os eventos de Khazad-dum envolvendo o mithril e o despertar do Balrog ocorrem já na Terceira Era, tal como o surgimento dos pés-peludos, que viriam a se tornar os hobbits, e a chegada dos Magos.
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