Em 1979, um grupo de jovens cineastas se propôs a fazer um filme adulto na zona rural do Texas, mas quando seus solitários e idosos anfitriões os pegam em flagrante, o elenco se vê lutando por suas vidas.
Sua sinopse parece das mais banais possíveis. O típico filme de jovens em isolamento perseguidos por personagens que reprovam suas condutas. Contudo, as aparências enganam nessa subversão do gênero “exploitation” (o próprio título se pronuncia dessa maneira em inglês).
Visualmente é uma homenagem direta ao estilo popularizado por “O Massacre da Serra Elétrica” de 1974, como revela o próprio diretor Ti West em entrevista ao Indie Wire sobre seus esforços para dar a aparência de ter sido filmado em filme de 16mm, pois devido às limitações da pandemia não foi possível. Foi trabalhoso e custoso, mas posso dizer que valeu a pena. Tem cara de filme da época e dá o tom de “autenticidade” de um filme se disfarçando de baixo orçamento. Além do visual, sua trilha sonora também deve ser destacada. Conversa diretamente com o desenrolar da história, algumas vezes anunciando a tragédia iminente.
Todos esses elementos são importantes, entretanto a história é o destaque. Uma crítica ao preconceito de conservadores aos hábitos de uma nova geração empoderada e decidida a viverem suas vidas à sua maneira, sem serem limitados por tabus sociais. A cena da primeira noite pós-gravações com toda a equipe e elenco reunidos na sala conversando sobre os limites do que é atuação e o que é desrespeito aos relacionamentos existentes entre membros da produção mostra novas faces de todos os personagens que até então poderiam ter sido classificados simplesmente como pervertidos imorais à primeira vista. A subversão não para por aí. Filmes do gênero “exploitation” normalmente vitimizam mulheres e neste fica claro que quem corre maior perigo à longo prazo são os homens.
Isso ganha mais força quando o frágil casal de idosos, dono da cabine sendo alugada pela produção, é lentamente revelado como pessoas amarguradas por terem vivido uma vida exemplar segundo a sociedade conservadora mas agora se arrependem de não terem saciado suas vontades quando eram jovens e esbeltos. A comparação feita aqui não é para ser sutil. A mesma atriz (Mia Goth) interpreta dois papéis, o de uma das jovens e o da esposa idosa dona da casa alugada. Isso não é necessariamente um elemento sobrenatural do roteiro. É mais uma forma escancarada de dizer “elas são a mesma pessoa com as mesmas vontades”.
Estamos em uma época muito boa para quem gosta do gênero. Mais uma obra da produtora A24, responsável pelos excelentes “Hereditário”, “O Farol”, “A Bruxa”, “Ex Machina” entre outros. Como os listados, este é mais um para conferir e não se decepcionar.
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